A Paixão de Cristo no Pirajuçara promoveu a inclusão, deu destaque para as mulheres, e emocionou o público, na última sexta-feira (18). A encenação dos ensinamentos e martírio de Jesus, que aconteceu na escola Machado de Assis com a reforma do ginásio (Zé do Feijão) onde ocorria desde 2018, mas contou com recursos fornecidos pela prefeitura como palco de LED, teve pela primeira vez a cena da ressurreição no mesmo dia – antes o ato era no domingo de Páscoa.
A já tradicional encenação de fé e arte na região mais populosa da cidade, realizada pela Paróquia São João Batista, teve a presença do prefeito Engenheiro Daniel (União). Ele foi saudado por “viabilizar infraestrutura para levar evangelização e cultura de qualidade na periferia”. A primeira-dama Kamila Bogalho, a deputada estadual Analice Fernandes (PSDB), o ex-prefeito Fernando Fernandes e o vereador Wanderley Bressan (PDT) também estiveram presentes.
Na 21ª edição, a Paixão no Pirajuçara contou com 108 atores, quase todos amadores, e figurantes e teve 24 cenas. “Destaco a ressurreição no mesmo dia, o novo local e a estrutura montada no Machado de Assis. Além disso, uma coisa para mim é destaque em todas, a doação das pessoas, em sua maioria servos [fiéis] das comunidades, sem experiência em teatro, mas com muito amor e vontade de fazer o melhor”, disse Catia Costa, que interpretou Maria, pela quinta vez.
Cristo foi interpretado pelo fiel Daniel Greca, que atuou na Paixão pela terceira vez – no ano passado foi Herodes. Ele participou com a esposa, Marleide Vieira, que viveu Herodíades, e os dois fihos, Victor Hugo, de 13 anos, que foi sacerdote, e o João Miguel, de 11, que é acometido de uma síndrome rara e tem dificuldade de andar, que fez o povo. “Foi desafiador. O papel de Jesus exige muita dedicação. São bastante cenas, tem muito texto para ser decorado”, disse Daniel.
“A Paixão de Cristo é se doar para Jesus, vivenciar o que Jesus vivenciou, é transmitir o que Jesus passou por nós. Foi muito bom viver este momento, e me desafiar: ‘Será que vou conseguir, vou decorar todos os textos?’ Graças a Deus, consegui fazer o meu melhor. Todo o elenco, nós conseguimos atingir o nosso melhor. Foi muito bom participar. E o melhor, contracenar com a família”, declarou Daniel, que destacou o apoio da direção e do pároco, padre José Hercílio.
O casal Joel e Suzana Macedo foi o diretor da 21ª Paixão. Ele avaliou que a encenação teve êxito, com destaque para os integrantes com limitações. “No geral, foi ótima. Aprimoramos a cada ano a participação e atuação. São pessoas engajadas e comprometidas com a evangelização. Houve um aumento dos participantes com deficiência moderada e maiores comprometimentos intelectuais. Tudo muito positivo. Me emocionei várias vezes”, disse Joel ao VERBO.
Ele lembrou algumas partes marcantes. “Salomé envolveu o público ao pedir a cabeça de João Batista. A cena de Maria, mulher, mãe, sentindo a profunda dor da morte do filho, envolveu com a música ‘Maria, tu sabias?’, mostrando que as mulheres têm valor, força, coragem e não estão sozinhas. Outro momento foi quando uma criança com autismo severo se aproximou de Jesus já morto, no colo de Maria, e ficou contemplando a cena, emocionado”, citou Joel.
“Meu sentimento é de gratidão. Eu e Suzana somos apaixonados pela Paixão de Cristo”, declarou Joel. A mãe de Jesus na encenação prestou justo reconhecimento aos diretores neste ano. “Joel e Suzana também foram muito dedicados, carinhosos, pacientes e inclusivos”, elogiou a “decana” Catia. Entre outros personagens da produção, João Batista foi interpretado por José Bezerra; Judas, por Sérgio Fortunato; Herodes, por Nick Ferrary; e Pilatos, por Flavio Almeida.