A diferença de salários entre gêneros aumentou em São Paulo – ficou pior para as mulheres. É o que aponta o 3º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios divulgado pelo Ministério do Trabalho. Desde a última pesquisa, em setembro último, a disparidade cresceu 0,55%. Em 2024, os homens recebiam 21,6% a mais. Hoje, o índice é de 22,2%. Ou seja, as mulheres recebem em média 22,2% a menos que os homens empregados no setor privado do país.
A média salarial de mulheres em São Paulo é de R$ 4.516,92, contra R$ 5.803,67 de homens. O 3º Relatório pesquisou 17.510 estabelecimentos paulistas. Enquanto no Estado mais rico do país o índice é de 22,2%, no Brasil, como média, a disparidade ficou em 20,9%, com alta de 0,18% desde o último relatório. No país, São Paulo é o nono com maior desigualdade – está atrás de 18 Estados. Dezesseis Estados tiveram queda na desigualdade salarial, não sendo o caso de São Paulo.
O fator racial é um complicador. Em São Paulo, mulheres negras ganham, em média, R$ 3.191,33, e mulheres não negras recebem R$ 5.456,25, diferença de 41,5%. No país, mulheres negras ganham, em média, R$ 2.864,39 enquanto mulheres não negras, R$ 4.661,06 – 38,5% a menos. Já em relação aos homens não negros, as mulheres negras ganham, no desempenho de funções similiares, 52,5% a menos – ou seja, menos que a metade do salário deles (R$ 2.864.39/R$ 6.033,15).
Quanto às unidades da federação, no geral, sem recorte específico, o relatório revela que entre homens e mulheres as menores desigualdades salariais do país estão em Pernambuco (9,14%), Acre (9,86%), Distrito Federal (9,97%), Piauí (10,04%), Ceará (10,21%) e Alagoas (11,08%). Na outra ponta, figuram os Estados do Paraná (28,54%), Espírito Santo (28,53%), Santa Catarina (27,96%), Rio de Janeiro (27,82%), Mato Grosso (27,04%) e Mato Grosso do Sul (25,32%).
A porcentagem da massa de todos os rendimentos do trabalho das mulheres, entre 2015 e 2024, variou de 35,7% para 37,4%. Segundo o ministério, a estabilidade decorre das remunerações menores das mulheres, já que o número delas no mercado de trabalho é crescente. O número de mulheres ocupadas aumentou de 38,8 milhões em 2015 para 44,8 milhões (6 milhões a mais) em 2024, já o de homens subiu de 53,5 milhões para 59 milhões (5,5 milhões a mais) no período.
Diretoras e gerentes recebem 73,2% do salário dos homens, enquanto trabalhadoras em posto de nível superior ganham 68,5% do salário masculino. Em serviços administrativos, recebem 79,8% do salário deles. O relatório abrange 19 milhões de trabalhadores em 53.014 estabelecimentos com 100 ou mais empregados no país. Pela lei 14.611/2023, essas empresas devem adotar medidas pela igualdade, como transparência salarial, inclusão e capacitação de mulheres.
Um dado positivo é que cresceu a participação das mulheres negras no mercado de trabalho, em 18,2%. Elas passaram de 3,2 milhões para 3,8 milhões. O número de estabelecimentos com no máximo 10% de mulheres negras teve redução na comparação com 2023, saindo de 21.680 estabelecimentos para 20.452 em 2024. Outro alento é o aumento na quantidade de estabelecimentos em que a diferença é de até 5% nos salários médios e medianos para mulheres e homens.
VEJA A MÉDIA SALARIAL DOS TRABALHADORES NO PAÍS
> SETEMBRO DE 2024
Homens (geral): R$ 4.495,39
Mulheres (geral): R$ 3.565,48
Homens não negros: R$ 5.464,29
Mulheres não negras: R$ 4.249,71
Homens negros: R$ 3.493,59
Mulheres negras: R$ 2.745,76
> ABRIL DE 2025
Homens (geral): R$ 4.745, 33
Mulheres (geral): R$ 3.755,01
Homens não negros: R$ 6.033,15
Mulheres não negras: R$ 4.661,06
Homens negros: R$ 3.647,97
Mulheres negras: R$ 2.864,39
Fonte: Ministério do Trabalho