ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
No dia em que a secretária de Saúde foi crivada de questionamentos sobre o atendimento nos pronto-socorros, após pelo menos nove mortes suspeitas em pouco mais de seis meses, o PS Antena, no Jardim Record, estava superlotado de pacientes, à tarde – enquanto era encerrada na Câmara a ruidosa audiência de cinco horas de duração – e início da noite desta terça-feira, dia 31. Fotos enviadas por leitores do VERBO mostram o corredor dos consultórios abarrotado.
Apenas um médico atendia, até a troca de plantão, às 19h, horário em que mais dois clínicos começaram a atender, mas quando os pacientes à espera já se aglomeravam entre as salas para passar no médico e ser medicados. Uma moradora do Parque Pinheiros estava com a mãe, idosa, no pronto-socorro. “Na sala de medicação, [tinha] muita gente no soro, mas minha mãe foi atendida rápido porque era exame de sangue e urina”, explicou ela à reportagem.
“E também como disse, [ela] tem 67 anos, mas quem não era prioridade chegou tipo às 16h e às 19h estava lá ainda”, contou. “Minha mãe era prioridade, chegamos às 18h17 e saímos às 20h50”, acrescentou. Diante da observação “imagine se não fosse?”, respondeu: “Poisé”. Ela comentou ainda que o Antena estava lotado com “muita gente com sintomas de dengue ou com suspeita”. A mãe sente dor nas costas e fez exames para saber se podem ser os rins.
O VERBO foi ao Antena no fim da noite e ouviu pacientes reclamarem da demora no atendimento. Um rapaz contou que a mãe, de 47 anos, chegou às 18h e por volta das 23h30 aguardava ser atendida. A moradora Débora Oliveira, do Jardim Record, com dor no abdômen, enfrentou espera de mais de quatro horas. “Mas teve uma mulher que disse que chegou às 11 da manhã e às 9 da noite ainda estava aí com o marido com suspeita de dengue”, contou.
Débora disse que, pelo menos, foi bem atendida, por uma médica. “Mas tem um médico na sala 2 que é só ‘Deus na causa’, não pergunta direito o que a gente tem. Já passei com ele, não quer saber se a gente está sentindo duas dores, só de uma, como se eu tivesse tempo de vir no hospital toda hora”, disse. No fim da noite, o VERBO não conseguiu contatar a prefeitura nem a SPDM, organização privada gestora, para falar sobre a superlotação e falta de médico.