O atirador confesso afirmou que o então prefeito Aprígio (Podemos) sabia do falso atentado e deu o dinheiro para compra do fuzil usado no plano (R$ 85 mil), e que aceitou participar do forjado ataque ao mandatário com a promessa de ganhar um cargo na prefeitura se Aprígio conseguisse a reeleição, além de receber pela própria tarefa. O depoimento de Gilmar de Jesus Santos, que fez um acordo de delação, foi mostrado no “Fantástico” (TV Globo) neste domingo (23).
Na reportagem de cerca de 8 minutos, que narrou toda a simulação de emboscada, segundo a Polícia Civil e o Ministério Público, no dia 18 de outubro do ano passado, o programa mostrou Gilmar contar que estava dirigindo o carro, com o comparsa Odair Junior de Santana no banco do passageiro, e que os dois atiraram no veículo em que o então prefeito estava. “Atirei. Com uma mão só. Tipo, eu peguei e tomei [a arma da mão] do Odair, porque vi que ia ferir alguém”, disse.
“Meu intuito não era, tipo, deixar ferir ninguém. Eu que efetuei o disparo no pneu”, continuou Gilmar. Segundo ele, o combinado era não atingir o então prefeito. “Eu propus atirar no próprio capô, na frente do carro, para não a atingir ninguém. Ele falou que na frente não servia, tinha que ser na lateral. Que ele ia estar parado, dando a lateral [do carro] para mim, para ‘mim’ poder atirar na lateral”, contou. O interesse seria gerar repercussão nacional e levar os eleitores a votar em Aprígio.
“Ele queria era um susto, mas um susto que desse mídia para poder passar no ‘Fantástico, para poder chamar a atenção do eleitor. Era para passar no domingo, no domingo antes do segundo turno”, disse Gilmar. O programa não abordou o caso, nem com desfecho diferente – Aprígio fora baleado. Na reportagem, o promotor Juliano Atoji cita que Gilmar revelou ter sido procurado por intermediários – Anderson da Silva Moura, conhecido como “Gordão”, e Cloves Reis de Oliveira.
O programa relata que Gilmar disse que Anderson e Cloves recebiam informações de um funcionário da prefeitura muito próximo a Aprígio, que se identificava como secretário de Obras. “[Quem sabia] Ligado ao prefeito, [era] o secretário de Obra”, afirmou. Questionado se era só essa pessoa, ele confirmou: “Só o secretário de Obra, que era o único negociador de tudo”. A pasta era chefiada por Ricardo Rezende, mas antes tinha sido comandada por Valdemar Aprígio, irmão do prefeito.
Na sequência, Gilmar fez uma declaração impactante. “Eu perguntei para o ‘Gordão’: ‘Quem está envolvido?’ Aí o ‘Gordão’ fala para mim que é o prefeito. Que é só para fazer a simulação’. O delator nunca encontrou Aprígio, mas contou à polícia que pessoas próximas ao então prefeito diziam que ele sabia do plano e concordava com tudo. Falou ainda que recebeu uma ordem expressa vinda de dentro da prefeitura: a arma para o falso atentado tinha que ser um fuzil.
“Insistiram para poder fazer do jeito que eles queriam, para poder parecer um fato real. Eu informei para eles que o fuzil furava blindagem. Se fosse só para poder chamar a atenção, era perigoso estar atingindo alguém lá dentro [do carro]. Que eu não ia fazer isso. Ele falou que não. E era para ‘mim’ dar um tempo, que ele ia pesquisar”, contou Gilmar. O VERBO antecipou o chocante relato na terça-feira (18), sobre a operação da polícia e do Ministério Público.
Este portal noticiou que, com a ordem de que fosse usado o fuzil, um dos executores – justamente o delator – disse não querer usar a arma de grosso calibre, que seria arriscado para a vida do prefeito, e sugeriu uma pistola. Mas o funcionário da prefeitura – o secretário de Obras – exigiu o fuzil. Segundo a investigação, ele disse que o tiro de pistola não ia ter efeito nenhum, ninguém ia acreditar, que era para usar o fuzil para parecer atentado mesmo, e “passar no ‘Fantástico'”.
Um AK-47 acabou sendo usado. Sobre o “pesquisar”, o funcionário teria antes verificado o nível de blindagem do carro do então prefeito. “Foi um erro de cálculo grotesco acreditarem que uma blindagem 3A seria capaz de segurar um tiro de fuzil”, disse o promotor Juliano. Gilmar citou a aquisição do AK-47. “Eu ouvi ele falar que foi pago [R$] 85 mil no fuzil”, disse, ao se referir a “Gordão”. E fez outra afirmação forte: “O dinheiro foi cedido pelo prefeito. Para comprar o fuzil”.
O “Fantástico” reporta que o colaborador ainda contou que ia ganhar, individualmente, R$ 100 mil pelo serviço. Gilmar disse, em nova revelação bombástica, que também ia ter um cargo na prefeitura se o plano atingisse o objetivo, que Aprígio, atacado, comovesse os eleitores e se reelegesse. “Se o prefeito ganhasse, sim. O tipo de cargo ainda não tinha sido combinado, mas eu seria beneficiado em alguma situação em cima dele se ele ganhasse”, afirmou o atirador.
OUTRO LADO
Ouvida pelo programa, a defesa de Anderson “Gordão”, que foi preso, disse que ele nunca teve contato com o delator nem com nenhuma pessoa da prefeitura. O promotor Juliano disse que Aprígio passou de vítima a investigado. Allan Mohamed, advogado do hoje ex-prefeito, disse que uma pessoa de 73 anos não ia se sujeitar a levar um tiro de fuzil para tentar se reeleger e que Aprígio é “vítima”. Além de Aprígio, mais 15 pessoas são investigadas por participar do falso atentado.
Ganância por dinheiro aprigio já tá podre de rico fica querendo mais vai curtir resto de vida que tem