A vereadora Najara Costa (PC do B) atribuiu as consequências da chuva intensa que caiu em Taboão da Serra – e na Grande São Paulo – e afetou centenas de famílias do município no domingo (2) ao “negacionismo ambiental” e criticou o governador de São Paulo ao dizer que Tarcísio de Freitas (Republicanos) deixou de investir recursos estaduais no combate a enchentes. Ela, em primeiro mandato, fez a afirmação em sessão dois dias após os transtornos, na terça-feira (2).
Moradores e comerciantes da região do largo de Taboão, no Jardim Santa Luzia, tiveram imóveis invadidos pela água da enchente e viram veículos boiarem em ruas submersas, após o transbordamento do córrego Póa e do piscinão na divisa com São Paulo. “Choveu 122 mm, o que pode ter ocasionado os alagamentos e inundações no município. Aproximadamente 600 famílias estão sendo atendidas pela municipalidade, entre desabrigadas e desalojadas”, diz a prefeitura.
Apesar das mudanças no regime de chuvas devido ao aquecimento do planeta, a vereadora apontou que os danos poderiam ter sido evitados. “Acompanhamos o que aconteceu em Taboão da Serra. Inclusive quero reiterar que não é uma questão que é fruto do sistema climático. É uma questão que envolve o negacionismo ambiental. O governador Tarcísio deixou de investir cerca de 80% do que poderia ter investido para contenção de enchentes e tragédias climáticas”, disse.
“Isso tem consequências graves. Quando não se tem investimentos na contenção de enchentes e projetos para que não cheguemos ao que chegamos – 600 pessoas desalojadas -, é algo muito grave”, reforçou Najara. No discurso, ela não esclareceu o dado que embasaria a crítica ao governador, mas em publicação em rede social no próprio dia 2 exibiu reportagem do portal “Metrópoles” de que “Congelamento de Tarcísio atinge 80% da verba para combate a enchentes”.
Najara criticou ainda governos municipais passados. “Isso é fruto também da ausência de muitas políticas públicas no decorrer da cidade que fez que não tivéssemos projetos exequíveis para a realidade da nossa cidade, a mais adensada da América Latina, e da desordem de falta de planejamento”, afirmou. As últimas enchentes na região central de Taboão tinham ocorrido em 2020 no governo Fernando Fernandes (PSDB) e em 2022 na gestão Aprígio (Podemos).
Ela enfatizou a necessidade de planejamento urbano e citou os danos a um teatro em Taboão. “Precisamos de projetos sérios para que não haja o que aconteceu, por exemplo, no Espaço Clariô, um espaço histórico de 20 anos na nossa cidade, onde a água chegou a 2 metros, na rua Santa Luzia. Muitas pessoas ligaram desesperadas, perderam tudo, documentos, móveis, e quase perderam a vida. Porque não há uma obra que contemple essa demanda, histórica na cidade”, disse.
O vereador Marcos Paulo (União Brasil) foi também à tribuna para, mesmo não explicitamente, confrontar Najara, de campo ideológico oposto ao dela. Ele lembrou a ação rápida do prefeito Engenheiro Daniel (União Brasil) em atender as famílias atingidas pela enchente, não citada por Najara, e principalmente criticou o governo Lula (PT), de quem a vereadora é aliado, por municipalizar a rodovia Régis Bittencourt em Taboão e não investir contra enchentes no município.
Ele também alfinetou sobre a municipalização ter sido pleiteada pelo então prefeito Aprígio, em cujo grupo político Najara se elegeu. “A prefeitura passa a ter custo mensal de mais de R$ 1 milhão, e essa conta está com o governo anterior e o ministro do Lula, que assinou a portaria sem saber se seria bom para a cidade. […] Nossos munícipes estão perdendo tudo porque não têm investimento. Se houve erro do governador Tarcísio, houve erro também do senhor Lula”, afirmou.
OUTRO LADO
O VERBO procurou os governos Tarcísio de Freitas e Lula para se manifestarem sobre as respectivas críticas de Najara Costa e Marcos Paulo. “Recebemos sua demanda aqui sobre a questão trazida pela vereadora de Taboão. Já está em apuração”, disse a assessoria de imprensa da gestão estadual. A Secretaria de Comunicação da Presidência pediu para dirigir o questionamento ao Ministério dos Transportes. Até o fechamento da reportagem, não houve resposta.
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