ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O Cats (Clube Atlético Taboão da Serra) disparou ansiosa contagem regressiva desde que apresentou no dia 12 de março, com estardalhaço e robusta visibilidade na mídia, o centroavante Viola como principal reforço para disputar a série B do Campeonato Paulista (equivalente à quarta divisão do Estadual) e vive agora a expectativa da iminente estreia do veterano atleta, um mês e meio depois, no sábado próximo, dia 25, às 10h, no estádio da cidade.
Um goleador e badalado jogador que já vestiu a camisa de três dos quatro grandes do futebol paulista – Corinthians, Palmeiras e Santos -, entre mais de 20 clubes, e foi campeão mundial com a seleção brasileira tetra em 1994, chegar a um clube quase amador e aos 46 anos gerou dúvida se ia atuar mais fora do que dentro de campo e por quanto tempo. “Se Deus quiser, [fica] até o título. Quero ver ele levantando o caneco”, diz o presidente Anderson Nóbrega ao VERBO.
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VERBO ONLINE – Por que Viola para o Cats?
Anderson Nóbrega – Ele é um grande atleta, um grande exemplo e um apaixonado por esporte.
VERBO ONLINE – Exemplo de…
Anderson – Superação. De talento. E de profissionalismo.
VERBO ONLINE – Pode explicar melhor sobre ser exemplo de superação?
Anderson – Um atleta que atingiu o auge, e continua com um brilho no olhar para jogar e alegrar os amantes do futebol. E outra: não tem vícios e será um grande exemplo para a juventude. Muitos sonham chegar aonde ele chegou, e ele vai mostrar que para conseguir tem que ter muita dedicação.
VERBO ONLINE – Mas há quem diga que foi uma jogada de marketing para atrair mais sócios-torcedores…
Anderson – É uma grande atração ter um campeão do mundo jogando em nossa cidade. Sobre sócios, é fundamental o apoio deles com o sem Viola.
VERBO ONLINE – Mas com ele a expectativa é deslanchar, ok?
Anderson – Tomara. Mas se não acontecer, o Cats continua fazendo um lindo trabalho.
VERBO ONLINE – Mas ele vai ser escalado em todas as partidas, entrará para jogar os 90 minutos?
Anderson – Com certeza. O Viola é um cara que treina todos os dias. Como falei, não tem vícios. Estará alegrando e jogando muito pelo Cats.
VERBO ONLINE – Mas não estreará logo, não é?
Anderson – Ele vai estrear no dia 25 [de abril] às 10 horas da manhã em Taboão da Serra. Contra o Ecus. Isto é, espero com estádio lotado. Inclusive estamos lançando uma promoção para estreia, muita gente quer comprar a camisa do Viola. Quem comprar a camisa por R$ 60 ganha a entrada gratuita. A camisa custa R$ 100, estamos abaixando para R$ 60 e ainda ganha um ingresso para ver a estreia do Viola.
VERBO ONLINE – Quanto custa o ingresso?
Anderson – A federação [Federação Paulista de Futebol] está colocando a R$ 15. Mas vou cobrar R$ 10, acho um absurdo a federação cobrar 15 para o nosso campeonato.
VERBO ONLINE – Pode acontecer de o estádio ter mais gente que comporta? Teme isso?
Anderson – Seria muito bom ver o estádio lotado. Mas respeitando o limite da capacidade.
VERBO ONLINE – Que é de…
Anderson – Cinco mil.
VERBO ONLINE – Presidente, o Viola fica até quando?
Anderson – Se Deus quiser, até o titulo. Quero vê-lo levantando o caneco.
VERBO ONLINE – O Cats já esteve na A3, ok?
Anderson – Sim, duas vezes fomos campeões da [série] B.
VERBO ONLINE – Jogou a A3 em que anos?
Anderson – 2005, 2011 e 2012.
VERBO ONLINE – E duas campeão na divisão anterior…
Anderson – Isso, duas vezes campeões.
VERBO ONLINE – Trouxe Viola por que não quer ver mais adiada a volta para A3, é o grande motivo?
Anderson – Agora quero subir e permanecer, a cidade hoje tem estrutura para jogar uma A3 tranquilamente. O Viola é um novo marco para o clube, precisamos crescer como instituição. Ele faz parte disso. Temos hoje diversas empresas nos procurando para apoio o projeto. Então, você imagina, quanto mais apoio tivermos, o trabalho ficará mais forte e todos os esportistas da cidade e região vão ganhar.
VERBO ONLINE – Após o anúncio de que o Viola viria [várias empresas estão procurando o Cats]?
Anderson – Sim, então você nota que o Viola vai fazer o clube crescer. E vai ser importante para todos os outros atletas do Cats. O Cats hoje leva o nome de Taboão da Serra para o Brasil e para o mundo. E com uma administração séria, as marcas querem se juntar a nossa, e isso me deixa muito feliz.
VERBO ONLINE – Quando as conversas pra trazer Viola começaram?
Anderson – Começo de janeiro. O Viola é um cara muito simpático e bacana. Eu mostrei para ele que ele tem uma história linda e que poderia ser um exemplo para os jovens de uma cidade inteira. E mostramos um projeto grande, crescimento da marca Cats e ele aceitou na hora. Ele também está trabalhando fora de campo para que o projeto dê certo.
VERBO ONLINE – Como assim?
Anderson – Ele também está buscando apoio para melhorar as nossas condições. O projeto é muito maior do que só disputar um campeonato, guardando as proporções é a mesma coisa que o Corinthians fez com o Ronaldo [Fenômeno]. E olha a potência que o Corinthians se tornou.
VERBO ONLINE – Cats quer ser o Corinthians de amanhã…
Anderson – Tenho certeza que o Cats vai crescer. Mas o futuro a Deus pertence. Só quero que todos os atletas e pessoas envolvidas com o Cats tenham orgulho de ser Cats. E que trabalhe com muito amor. Assim com certeza vamos nos tornar grande.
VERBO ONLINE – Você trouxe o Viola por quanto e ele vai ganhar quanto?
Anderson – Ele vai ganhar de acordo com o crescimento do projeto. O Viola está muito bem financeiramente. Mas ninguém trabalha de graça.
VERBO ONLINE – E as cifras?
Anderson – Depende do que o clube conseguir com esse projeto. Eu espero que ele ganhe muito. Isso é um sinal de que o clube também vai estar ganhando e se autossustentando. E que todos os outros atletas e funcionários vão ficar felizes por que o clube vai poder honrar com todos os compromissos assumidos.
VERBO ONLINE – Vi você declarar que o Viola veio salvar o Cats, para que o clube não acabe como outros do interior…
Anderson – Sim, porque sem apoio financeiro os clubes estão acabando. Aqui ainda tem minha família que mantém o clube financeiramente. Temos um grande parceiro que é a prefeitura, a Secretária de Esportes. Mas o que eu quero é conseguir deixar o clube com seus patrocinadores oficiais, para que um dia quando eu passar os outro já vão ter um clube com seus rendimentos e estrutura, independente de quem for o presidente. E com a chegada do Viola, com a mídia que nos temos hoje, as empresas vão entrar no projeto. E cada vez mais a marca fica mais forte. Esse é o trabalho, pegar um clube que era quase amador e tornar uma grande referência quando falar de esporte.
VERBO ONLINE – O prefeito, no aniversário da cidade, disse, em tom de brincadeira ou não: ‘Anderson, trate de fazer o Cats subir ou não esteja na próxima comemoração’, algo assim… Estímulo?
Anderson – Sim, o prefeito é um grande esportista e apoia o clube com muito afinco. Um pedido desse me da mais motivação para conseguir o acesso. As pessoas só cobram de quem pode dar resultado. E ele sabe que meu trabalho é muito sério e bom.
VERBO ONLINE – Pareceu um puxão de orelha…
Anderson – Não, foi um pedido mais de um torcedor do clube, que espera esse título novamente.
VERBO ONLINE – Passou a ver que essa é a grande estratégia [trazer jogadores consagrados como Fabrício Carvalho, ex-São Caetano, também]?
Anderson – Quero ver a torcida lotando o nosso estádio. E para isso precisamos ter grandes atrações. Quando você vai ao cinema é para assistir um grande filme com grandes atores. E a torcida que gosta do Cats vai ver grandes nomes para ir assistir os jogos. Com certeza, é uma grande motivação.
VERBO ONLINE – Já pensava assim?
Anderson – Claro. Por que Taboão não tem direito de ter um campeão do mundo? Temos que pensar grande.
VERBO ONLINE – E por que só agora Viola e outros possíveis campeões?
Anderson – Porque é questão de momento, foi propício para isso. O Cats vive um grande momento. Se você perguntar, na região, a grande maioria quer jogar no Cats. E o Viola veio ser a cereja do bolo.
VERBO ONLINE – Mas disse que trazer Viola era pra evitar que o Cats acabasse…
Anderson – Sim, porque o Viola traz a grande imprensa, traz o povo e valoriza a nossa marca. O Cats está crescendo e com isso seu custo fica mais alto…
VERBO ONLINE – É de quanto hoje?
Anderson – …Então percebi que era a hora de abrir a visão e trazer novos parceiros e patrocinadores. E com a nossa exposição muita gente tem vindo somar.
VERBO ONLINE – Você era resistente, relutava?
Anderson – Não. Só não conseguia convencer as pessoas a apoiar pela importância do projeto. Não tinha nada em troca, só o fato de o Cats ser importante para salvar vidas, como fizemos com diversos atletas, como não fosse o bastante – para mim já seria fundamental. Mas para grandes empresas, queriam essa exposição. E agora temos, só na apresentação do Viola [estavam] mais de mil pessoas, todos os canais de TV abertos, os fechados também, imprensa regional, municipal. Isso é um feito histórico. Me fala qual outro evento reuniu tanta gente, imprensa de forma espontânea e para uma mídia do bem? Taboão hoje está falado no Brasil e no mundo. E isso nos provamos com todo histórico de materiais que já saiu.
VERBO ONLINE – Uma curiosidade: Cats-Viola pode enfrentar Fernandópolis, que também contratou um consagrado, Müller?…
Anderson – Em outras fases, sim. E será maravilhoso porque o Müller joga muito e o Viola mete gol. Os dois são campeões do mundo. O que estamos fazendo é valorizar a competição. A federação poderia estudar uma forma de ajudar o clube a contratar nomes assim, valorizaria a competição, traria os olhos da mídia e aí sim revelaria diversos jogadores.
VERBO ONLINE – Ajudar como?
Anderson – A federação é riquíssima, tem diversos patrocinadores gigantescos. Cada um desses ajudaria a financiar um nome forte. E não é caro, pensando na mídia que traria para a competição.
VERBO ONLINE – A propósito, você não respondeu qual o custo do Cats hoje…
Anderson – Só a equipe profissional gira em torno de R$ 60 mil/mês. E só para deixar claro, equipe profissional não tem dinheiro público, porque é proibido por lei. As pessoas confundem muito.
VERBO ONLINE – Aumentou 50% em relação ao último custo que me passou [no ano passado]…
Anderson – Cada ano aumenta mais, e se tiver o acesso vai aumentar mais ainda. Não é fácil ser presidente, tem que ter criatividade e não ter preguiça de trabalhar muito. Porque você precisa organizar tudo para honrar os compromissos e ainda o time tem que ganhar.
VERBO ONLINE – Por você ter trajetória política, atrapalha?
Anderson – Não posso esconder de ninguém minha trajetória e da minha família, que por sinal é muito boa. O que meu pai [o ex-vereador e atual secretário municipal Olívio Nóbrega] fez e o que meu irmão [o vereador Eduardo Nóbrega] vem fazendo é muito bom. Mas o Cats é da cidade. Aqui não temos que olhar a política, e sim olhar a valorização do esporte.
