ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O presidente da Câmara de Taboão da Serra, Eduardo Nóbrega (PR), fez incisivas críticas contra o deputado estadual Geraldo Cruz (PT) sobre a construção de retorno na rodovia Régis Bittencourt entre Taboão e Embu das Artes, em entrevista ao VERBO na sexta-feira, dia 25. Ele disse que o pai, o ex-vereador Olívio Nóbrega, iniciou a luta pela alça e que o adversário participou de uma reunião no início do mês em uma igreja na região do Jardim São Judas para, “de maneira politiqueira, angariar votos com essa questão que é regional”. “É um oportunista”, disparou o vereador.
Nóbrega fez as afirmações ao falar sobre a recusa de ceder a Câmara de Taboão para novo encontro do Conisud (consórcio dos oitos municípios da região) sobre o retorno, nesta quarta-feira, dia 30, às 10h, que teve de ser transferida, pela segunda vez, para o Legislativo de Embu. A reunião deve contar com técnicos da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e representantes da concessionária da rodovia para discussão sobre o local da construção da alça, entre outras obras na estrada. A expectativa é pela definição do ponto que receberá o viaduto.
Geraldo Cruz rechaçou as declarações de Nóbrega. “Ele está dizendo um monte de inverdades. Estou na luta pelo retorno na BR-116 desde 2001, coloquei que um dos temas para o Conisud fazer a discussão era o do retorno. Fui lá na reunião [na igreja] porque o padre falou da necessidade de discutir a questão. Não tem como ficar explicando para uma pessoa que não conhece a história”, reagiu. Ele disse que se tornou deputado estadual “não foi fazendo politicagem, foi fazendo política, falando a verdade, essa é a minha história”. Confira as entrevistas.
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VERBO – Depois de se reunir com o prefeito de Embu e presidente do Conisud, Chico Brito, e combinar uma reunião do consórcio na Câmara de Taboão, ela foi desmarcada. O Conisud protocolou na Casa um pedido para que nova reunião, no próximo dia 30 [esta quarta-feira], aqui também, mas não teve resposta. É evidente a briga política entre PT e PSDB ou PT e Fernando Fernandes. Agora, a Câmara, como os próprios vereadores gostam de dizer, não é a casa do povo?
Eduardo Nóbrega – É isso aí… Temos que ter uma conversa muito franca com relação a isso. Tudo começou com o debate [ríspido] sobre o retorno do São Judas, que, na verdade, é no km 276, já em Embu, mas que vai atender todo o vale do Pirajuçara. É uma briga antiga do PR, que começou com o ex-vereador Olívio Nóbrega. Este ano, iniciamos mais uma vez essa discussão, conversávamos com o ministro dos Transportes [César Borges], que é do PR. E houve também uma mobilização junto com o padre Lulinha [padre José Wilson] e alguns políticos em sua igreja, e teve a participação do deputado Geraldo Cruz, que buscou, de uma maneira politiqueira, angariar votos com essa questão que é regional. Nós, nosso grupo político em Taboão da Serra, interpretamos muito mal a atitude desse deputado, que, diga-se de passagem, é muito oportunista, teve mais de 10 mil votos em Taboão e nunca trouxe uma emenda para cá, pelo menos que eu tenha conhecimento. Voto, como disse o prefeito Fernando, gera responsabilidade, e ele não teve. E pior! Ainda veio a Taboão se colocar contra o Poupatempo, não querendo que se instalasse na cidade.
Tive a oportunidade de estar com Chico Brito, que me demonstrou ser o contrário do deputado, é um quadro de grande valia dentro do PT. Presidente do Conisud, se mostrou preocupado com as questões regionais, me convidou para uma análise suprapartidária e me convenceu de pronto, e ali unificamos os discursos, inclusive de trazer o prefeito Fernando para esse debate, para dentro do Conisud – é público e notório que o prefeito não tem ido às reuniões do Conisud. Ele estava me colocando na posição de ser um intermediador, um pacificador da política regional, e aceitei esse desafio. Saímos de lá com uma reunião marcada para cá [Câmara de Taboão]. Quando trouxe essa questão para o nosso grupo político, que tem como líder o prefeito Fernando, a análise política não foi tão simplista, o prefeito disse que era necessário que também eles, o PT, unificassem o discurso com Taboão nas causas regionais a que a cidade está à frente, e uma delas é o Poupatempo. E como unificar o discurso se o deputado Geraldo Cruz vem a Taboão criticar uma bandeira do governo de Taboão? Era incompatível. Conversei com o presidente da Câmara de Embu, Doda [Pinheiro], que também é um quadro importantíssimo dentro do PT, e passei para o Chico Brito que se eu mantivesse a reunião do Conisud em Taboão sem que houvesse a unificação dos discursos estaríamos agravando essa divergência.
Chico Brito entendeu, inclusive me parabenizou, por telefone, e sabíamos, tanto eu, quanto ele e o Doda, que eu seria criticado publicamente na imprensa e, principalmente, pelo oportunista do Geraldo Cruz, para quem quanto pior, melhor. Ele não faz parte parte da composição do Conisud, está na esfera estadual, ele quer uma bandeira para justificar os votos que teve em Taboão. Eu me coloquei na situação, no primeiro momento, de submissão, como foi falado pelo deputado, de que eu tinha me submetido à vontade do prefeito. Não foi isso, foi convencimento de que precisaríamos afinar os discursos. Foi uma decisão sua? Foi do grupo político, não foi sozinha. Mas o tempo vai mostrar que eu estava certo, se eu mantivesse e fizesse a reunião em Taboão sem a presença do nosso prefeito, o Conisud estava fadado à guerra interna. Esperava que a coisa pudesse avançar de maneira rápida e fazer a reunião no dia 30 na Casa. Não aconteceu, essa reunião será feita na Câmara de Embu.
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VERBO – Eduardo Nóbrega disse, que depois de a família Nóbrega iniciar a luta pelo retorno em Taboão e ele retomar a discussão, 0 sr. foi a reunião da igreja do padre Lulinha para, de maneira politiqueira, angariar votos com a questão que é regional.
Geraldo Cruz – Ele está dizendo um monte de inverdades. Estou na luta pelo retorno na BR-116 desde 2001, coloquei que um dos temas para o Conisud fazer a discussão era o do retorno. Não tem como ficar explicando para uma pessoa que não conhece a história, nunca vi o Eduardo Nóbrega, não lembro de ter participado de alguma reunião com o pai dele. Fui lá na reunião [na igreja] porque fiz campanha naquela comunidade e frequento lá sempre, e o padre falou da necessidade de discutir a questão. E fui, infelizmente, eles não foram. Eu gosto de fazer a discussão com o povo, quero ouvir a participação da população. Não estou defendendo [em definitivo] retorno ainda em local nenhum, estou esperando que os técnicos digam, o local em que defendo o retorno hoje é lá no São Judas, desde o meu primeiro mandato de prefeito já pedia estudo [de alça] para a BR, tenho documento, pedi para a BR fazer as passarelas e botar grade no meio, como é em países desenvolvidos – não adianta só as passarelas, as pessoas vão atravessar. Todas essas coisas tenho registradas, acho que essa pessoa está falando coisas sobre as quais não têm informação. Todo mundo conhece o meu trabalho, sabe da minha luta. Fui o idealizador do Conisud, que propus, que adulei [a participar], que ajustei, e o Fernando veio se juntar. Essas questões regionais têm que ser discutidas com todos, na mesma mesa, e o consórcio é um instrumento muito bom para fazer essa discussão. Eu cheguei aonde cheguei, hoje sou deputado estadual, não foi fazendo politicagem, foi fazendo política, falando a verdade, dizendo do que eu sei, conheço e acredito. Essa é a minha história.
VERBO – Ele disse que o sr. é um político oportunista, teve mais de 10 mil votos em Taboão e nunca mandou uma emenda para a cidade.
Geraldo – Poisé, como vou responder para uma pessoa que não tem informação? Eu mandei já emenda para Taboão, aliás, com uma que enviei para a cidade, em 2011, de R$ 150 mil, compraram uma viatura ambulatorial. Ele não sabe que mandei neste ano para Taboão mais R$ 200 mil para a prefeitura, e 100 mil para duas entidades que têm trabalho social na cidade, que estão tentando retirar, estou esperando que o governo do PSDB libere as emendas que fiz para Taboão. Além de estar na luta pela construção de um novo hospital na região, fiz também emenda ao orçamento do governo, no valor de R$ 10 milhões, pela ampliação do Hospital Pirajuçara, estou fazendo essa discussão. Eu fiz campanha em 30 municípios no Estado de São Paulo, e o governo libera para os deputados na Assembleia apenas R$ 2 milhões. Taboão ganhou R$ 200 mil, está dentro da proporção do que estou distribuindo nas cidades. Mandei informar ao secretário [do governo Fernando], que disse que era pouco. Falei que se o município quer fazer, com R$ 200 mil dá para fazer muita coisa. Mas eu gostaria de encontrar o presidente da Câmara de Taboão e dizer para ele procurar se informar, fazer política com “p” maiúsculo.
VERBO – O presidente da Câmara questionou ainda como querer que as lideranças da região unifiquem o discurso de luta comum pelos municípios se o deputado Geraldo Cruz vem a Taboão da Serra criticar uma bandeira do governo da cidade, em referência ao Poupatempo?
Geraldo – Primeiro, é mentira, não estou criticando o Poupatempo, dele sou defensor número 1, aliás, quando eu pedi um, ele nem tinha ideia de Poupatempo. Eu fiz audiência com a Secretaria Estadual de Justiça em 2001, quando prefeito, pela construção do Poupatempo na região, não pedi para Embu, eu já entendia que ele atende os municípios de uma região. A observação que fiz é que para ter um equipamento público como esse, que é importante para a cidade e a região, após ficar anos e anos sem ganhar, a população tem que perder outro? Estou contra o Poupatempo na praça [Luiz Gonzaga, no Pirajuçara], contra que a população perca um grande espaço de lazer e cultura, que é o pouco que ela tem, só isso. E estou indicando um lugar, não quero indicar no Embu, quero em Taboão, tem outros lugares bons lá, mais centrais, até podia ser próximo onde está sendo feito, era só fazer uma desapropriação ou procurar um terreno vazio que tem por lá e não acabar com a praça. Os moradores de Taboão da Serra merecem uma área de lazer, merece uma praça bem arborizada, com equipamentos públicos… Sugeriria ao presidente da Câmara de Taboão vir olhar o que fizemos aqui em Embu, construí a melhor escola da região em frente a uma praça, o pessoal ficou com a praça e a escola, nem para isso eu tive que tomar a praça do povo. As praças que temos na cidade são arborizadas, com academia. Ele venha dar uma olhada no modelo, quem sabe eles podem fazer em Taboão e deixar o povo da cidade mais contente.