Com febre e dor pelo corpo, jovem é indicada para dermato e morre no Antena

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Uma jovem de 25 anos moradora do Jardim Record deu entrada no Pronto-Socorro Antena, no mesmo bairro, em Taboão da Serra, com febre muito alta e forte dor de cabeça, foi atendida por médico que insistiu que devia procurar um dermatologista e a mandou para casa, passou a sentir mais dor nas pernas e também no abdômen e morreu nesta segunda-feira, dia 9, após sofrer paradas cardiorrespiratórias. A família está revoltada e acusa o PS de negligência.

A cuidadora de idosos Rosemeire de Souza Manfrim passou mal, com temperatura de quase 40º e dor de cabeça, na quinta-feira, dia 5, foi atendida em consulta no PS e recebeu três injeções, além de ter sangue colhido para exame. “Ela veio para casa, deu uma melhoradinha, mas não conseguia mais levantar com dores nas pernas e febre alta”, conta Janalúcia de Souza, a Jane, a mãe. No domingo, foi atendida pelo mesmo médico, que falou que o exame não deu nada.

“O médico disse que ela não tinha nem anemia nem dengue, estava muito bem, o único problema era que tinha que procurar um dermatologista. Ela estava com manchas brancas no rosto, mas falei: ‘O que tem a ver dermatologia se minha filha está queimando de febre, vai e volta?’. Ele falou que não sabia, mas o dermatologista ia tirar um pouco da micose, fazer exame e ver o que era”, diz. Não receitou nada desta vez, só sugeriu a consulta com o médico de pele.

Na quarta, a mãe ia levar Rose, como chamada, ao dermatologista. “Não deu tempo”, lamenta. Nesta segunda, Jane levou a filha de novo ao PS, por volta das 14h. “Não levou 20 minutos, saíram de lá com um papel, dizendo que minha filha tinha morrido. Ela chegou mal, dizendo que estava com dor no pé da barriga e com as dores nas pernas. Mas ela estava andando, ainda conversei com ela. Falei: ‘Filha, reage’. Ela olhou para mim e falou: ‘Mãe, vou reagir'”, conta.

Rose teve duas paradas cardiorrespiratórias e não resistiu, mas a mãe não se conforma com o atendimento. “Péssimo, viu? A maioria que entra ali só sai no caixão. Para começar, eles nem olham na sua cara e já mandam tomar injeção, só isso que sabem fazer. Como ela voltou ainda mal, deviam ter feito um diagnóstico melhor, e não fizeram nada”, denuncia. Jane diz que a “primeira negligência” foi do serviço de ambulância, “que chamei três vezes e não veio”.

“Eu acho que ela estava com dengue e deram remédio para acabar de matar. Que foi negligência do hospital foi”, afirma. “Eu me sinto um lixo, sem ninguém para cuidar da gente. Na hora de vir na porta da gente pedir voto, a gente vota para eles. Eles vêm com cara de santo, dizendo que vão melhorar a saúde, vão fazer e acontecer, e na hora é só descaso. Falei para eles: ‘Vocês vão me pagar’. Minha filha estava cheia de vida, não era doente para morrer”, diz.

A morte da jovem de 25 anos é o terceiro caso de forte evidência ou suspeita de erro médico, pelo menos, no Antena, cuja gestão é repassada pela prefeitura à SPDM, depois do óbito de uma gestante e do bebê no parto e de uma parturiente após dar à luz uma menina, no ano passado. Durante a noite, o VERBO ligou para o PS. Ninguém atendeu. O corpo de Rose deve ser velado a partir das 10h no Cemitério da Saudade, onde será enterrado no fim da tarde.