Ney demora a pagar gestora de PSs de Embu de novo e funcionários só recebem com dez dias de atraso

'Descaso total', denuncia sindicato, impacta atendimento; 'falta tudo' em PS, diz filha de paciente; questionado se o problema se deve a má gestão financeira, Ney silencia

Especial para o VERBO ONLINE

Paciente sobre lençol com sangue no PS Central de Embu; funcionários só receberam o salário na 2ª (17), com dez dias de atraso, por falta de repasse da gestão Ney | Divulgação

O governo Ney Santos (Republicanos) voltou a atrasar o repasse financeiro previsto em contrato à organização privada de saúde (OS) que gerencia os prontos-socorros de Embu das Artes, em novo sinal de descontrole das contas municipais e má gestão financeira. Como resultado, mais da metade dos funcionários que atendem nas três unidades de urgência e emergência da prefeitura ficou sem receber o salário no dia devido, com prejuízo ao atendimento à população.

Pelo menos 60% dos profissionais a serviço da gestora dos PSs de Embu, a Santa Casa de Misericórdia de União (MG), não receberam o salário (referente a junho) no dia 7. Os funcionários prejudicados – que atendem no Pronto-Socorro Central, no Complexo de Saúde Aurelino Santos (Sr. Nego)/Vazame e na UPA Santo Eduardo – foram enfermeiros, técnicos de enfermagem, recepcionistas, motoristas e trabalhadores da cozinha, entre outros – cerca de 350 pessoas.

O Sindbeneficente Cotia e Região, que representa os profissionais das OSs, chegou a emitir um informe sobre o “descaso total”. “Trabalhador da saúde não tem vez em Embu das Artes. É só começar a achar que a prefeitura colocou ordem na casa para o salário voltar a atrasar. Já estamos no dia 12/07 e até agora nada. E o pior de tudo é a imensa irresponsabilidade do prefeito e do secretário Dr. Tales Garcia de deixar os funcionários trabalharem sem receber salário”, disse.

A situação “já virou rotina na cidade”, aponta o sindicato. “O pior é que ninguém dá satisfação aos trabalhadores. Simplesmente somem todos os responsáveis, se fazem de surdo-mudos ou, na língua do povo, ‘dão uma de Migué'”, acrescentou. “É uma total falta de respeito com o funcionário que tem um serviço essencial no atendimento à população. O risco de o funcionário estar preocupado com a luz, a água, o aluguel que não foi pago”, disse o diretor Homero Fraccari.

A moradora Sueli Rocha publicou na segunda-feira (17) em uma rede social a foto da mãe em um leito com lençol manchado de sangue no PS Central. “A cena é forte, mas é a realidade. Os profissionais são ótimos. Estou reclamando aqui é da falta de tudo. Minha mãe está hospitalizada no Pronto-Socorro de Embu, no centro, desde o dia 15. Acredite se quiser, até os remédios que ela toma diariamente compramos, porque a farmácia da UPA [PS] não tem”, relata.

“Eles pedem para levar cobertor, travesseiro, fraudas, lençóis… Um absurdo. Esta foto é do lençol sujo. Levamos tudo. Hoje levei dois cobertores. Um será usado como lençol. E você leva para casa para lavar, toda família correndo risco de doenças. Cadê o dinheiro que recebem para a saúde? Cadê o secretário da Saúde? Falta tudo no pronto-socorro, principalmente o respeito com o cidadão embuense. Não tenho adjetivos para descrever esta administração”, diz Sueli.

O quadro caótico da saúde de Embu se deve ao fato de que o governo não sabe o que é pontualidade em pagar pelo serviço terceirizado, em descumprimento do contrato. “Funciona assim: a prefeitura tem que fazer os repasses para a Santa Casa realizar os pagamentos de tudo, funcionários, alimentação, insumos. Já liguei pelo menos 60 vezes para o secretário, o pastor [Marco Roberto, chefe de gabinete de Ney] e nada de resposta”, disse Homero no dia 14.

A conduta do governo Ney não é de agora, vem desde a contratação de empresas anteriores, há cerca quatro anos. “Inclusive, temos muitos processos contra a prefeitura desde a época que não pagou a Edusa, mesmo tendo acordo assinado”, diz Homero. Porém, a situação se agravou a tal ponto que a atual OS, a Santa Casa (de Minas), pede na Justiça a rescisão do contrato – fato inusitado – por conta de não receber da prefeitura os repasses dos recursos financeiros devidos.

Somente no início da semana, os profissionais receberam o salário, com dez dias de atraso. “Só terminaram de pagar os funcionários na segunda. Depois de muita cobrança, claro! Pelo menos, receberam. Isso é tão desumano”, disse Homero. O diretor do sindicato fez um pedido ao VERBO. “Divulguem isso para a população saber do total descaso, vocês conhecem eles [como a gestão Ney age]. Poderiam colocar como alerta para não acontecer no mês que vem”, falou.

OUTRO LADO
Procurado por este portal, o secretário Tales Garcia não respondeu. O prefeito também foi questionado – “Cerca de 60% dos funcionários que atendem nos prontos-socorros de Embu das Artes não receberam na data devida, no dia 7, e só tiveram o salário creditado na última segunda-feira, dia 17, por atraso no repasse financeiro pelo governo municipal. Qual a justificativa para a demora? Descontrole das contas municipais e má gestão financeira?” Ney ficou em silêncio.

RELATO DE FILHA DE PACIENTE NO PS CENTRAL DE EMBU ENQUANTO FUNCIONÁRIOS NÃO RECEBEM SALÁRIO NO DIA DEVIDO, DENUNCIA SINDICATO

Fonte: Facebook de Sueli Rocha de Brito/Divulgação
Fonte: Sindbeneficente Cotia e Região

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