Alunos com deficiência de Embu têm ensino afetado e ficam sem aula por falta de auxiliar de classe

'Por falta de mediadora, meu filho pôs pedra no nariz. Ele precisa de toda uma ajuda e não tem. A prefeitura não manda, é negligente', reclama mãe de aluno de 10 anos

Especial para o VERBO ONLINE

E.M. Rosa Cirelli, que tem não auxiliar de classe para alunos como o filho de Elaine; Ney com a supervisora Wildneia e o pastor Marco, secretário do prefeito e marido dela | Divulgação

Alunos com deficiência matriculados na rede municipal de ensino de Embu das Artes têm o aprendizado prejudicado por falta de auxiliares de classe, principalmente com autismo. Em quadro ainda pior, muitas crianças estão sem ir às aulas por conta de que as escolas não têm os profissionais que auxiliam os professores para terem o adequado desenvolvimento escolar. Pais protestam contra o governo Ney Santos (Republicanos) por negligência, por deixar os filhos desassistidos.

Em um grupo numa rede social, os responsáveis relatam que as crianças com deficiência estão sem os auxiliares de classe, inclusive já reclamaram na Secretaria de Educação. “Sim, o meu [filho] está na [escola da] prefeitura. Já fui na secretaria fazer solicitação e nada”, conta uma mãe. “Meu filho está no Rosa Cirelli e está sem estagiária. Já liguei, fui na secretaria e nada”, diz outra moradora, sobre a unidade no Jardim Santa Bárbara (região da Câmara Municipal).

A direção da E.M. Nei Francisco Marcato, no Jardim Pinheirinho, teria falado para uma moradora com criança matriculada que a unidade tem o auxiliar de classe. “Meu filho também está nesta escola e este ano não veio ainda”, diz, porém, outra mãe. Na escola no Jardim Sílvia (região central), o atendimento é precário. “No Mauro Ferreira [da Silva] só tem uma estagiária para mais de cinco crianças especiais. Sem falar nas crianças cadeirantes”, fala uma munícipe.

Mães citaram outras quatro escolas sem quadro de apoio: Professor Paulo Freire, no Jardim Santa Emília; Professora Valdelice Prass, no Parque Pirajuçara; Elza Marreiro Medina, no Jardim dos Moraes; Jornalista José Ramos, no Santa Tereza. “Escolas sem atendimento aos alunos deficientes, sem aula desde início de fevereiro por falta de assistentes de sala”, afirma uma mãe, ao apontar a situação grave de que na periferia os alunos estão totalmente negligenciados.

As moradoras apontaram, porém, muito mais unidades escolares sem os auxiliares de professores. “Se tem 20 ou mais escolas no município sem auxiliar, alguma coisa nesse bolo ‘tá’ errado. Não é um relato de uma mãe ou duas. São vários relatos”, observa uma mãe. “Já somos várias mães de várias escolas de Embu sem auxiliar. Meu filho não pode frequentar o período inteiro pelo fato de não ter auxiliar. Pelo jeito não é só meu filho nessa situação”, reforça outra munícipe.

A moradora Elaine Marques, mãe de um aluno de 10 anos, falou com o VERBO e confirmou a falta de auxiliar de classe na Rosa Cirelli. O problema é antigo, persiste desde pelo menos 2021, quando o garoto teve um acidente. “Há 2 anos, por falta de mediadora, meu filho colocou pedra no nariz. Ele usa fralda, não fala. Ele precisa de toda uma ajuda e não está tendo. Preciso de alguém na escola urgente, e a prefeitura não manda auxiliar, é negligente. Um total absurdo”, diz.

“Quando meu filho colocou a pedra no nariz, estava só professora na sala com quase 30 crianças para cuidar. Lógico, ela não viu. Aí eu tive que ir para o pronto-socorro”, diz Elaine. “Eu não reclamo do pessoal da escola. Ali ninguém tem formação para cuidar da criança especial. Eles cuidam, mas não têm a atividade adaptada, os cuidados que devem ser da estagiária. Eles fazem o que podem por ele. Errado mesmo é a prefeitura, que não manda estagiária”, critica a mãe.

No grupo na rede social, uma mãe disse expôr a negligência. “Estou preparando um abaixo-assinado virtual pra fazer uma denúncia. Porque se existe a verba direcionada a contratação de auxiliares tem que existir na escola”, adverte. Outra moradora concorda. “Eles fazem algo, só se mexem na pressão”, diz. O vereador Abidan Henrique (PSB) relatou ter recebido denúncias de mães de autistas de falta dos auxiliares e pediu apoio da população para pressionar a prefeitura.

“As crianças com deficiência estão sem os auxiliares de classe para ajudar o professor no desenvolvimento do aluno. A prefeitura tem negligenciado a comunidade pcd [com deficiência]. As mães estão desesperadas, não podem mandar os filhos à escola e estão sendo impedidas por muitos diretores de acompanharem os filhos nas aula. Vamos acionar o Ministério Público e fazer um abaixo-assinado para pressionar a prefeitura a contratar os profissionais”, diz Abidan.

OUTRO LADO
O VERBO questionou o prefeito – “Alunos com deficiência das escolas da prefeitura têm aprendizado prejudicado e chegam a ficar sem aula por falta de auxiliares de classe. Mães denunciam o governo do senhor por negligência com os filhos delas”. Ney não respondeu. A reportagem não conseguiu falar com a supervisora de ensino Wildneia Dias, considerada “manda-chuva” da pasta de Educação – ela é mulher do pastor Marco Roberto, chefe-de-gabinete de Ney.

> Colaborou a Redação do VERBO

comentários

  • Meu nome é Mônica sou da Cidade de Embú das artes e sou mãe de um filho Autista, aqui na Cidade nossas crianças Autistas e PCD estão sem auxíliar de sala , e nossas crianças precisam desse auxílio para desenvolverem bem e a Prefeitura só fala que vão contratar mas nunca contratam.
    Somos do MAEB- MÃES DE AUTISTAS DE EMBÚ DAS ARTES.

    MAIS DE 20 ESCOLAS NAO TEM AS AUXILIARES TANTO PARA DEFICIENTES COMO PARA AUTISTAS! UM DESCASO!

    • Não sou mãe, mas educadora posso ajudar com o baixo assinado, como entro em contato com vocês?

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