O prefeito Ney Santos (Republicanos) esticou o “Carnanejo” da “gastança” com o que chamou de “Ressaca” do evento, no fim de semana passado, e revoltou moradores de Embu das Artes por conta do “caos” na saúde municipal. A população sofre com prontos-socorros sem médico e falta de medicamentos, inclusive em outras unidades de saúde, e é afetada com o atraso de salário de funcionários. Ex-contratados também estão sem receber rescisões.
Ney gastou dos cofres municipais quase R$ 1,5 milhão só com cachê a apenas cinco cantores/grupos sertanejos, de sexta (17) a terça-feira (21) de Carnaval. Na quinta (23), cheio de “graça”, ele comunicou mais três dias de festa, em 24, 25 e 26 de fevereiro, no Parque Rizzo (Centro). “Achou que tinha acabado? Sabe de nada, inocente! Vem pra Ressaca Carnanejo 2023! Com Henrique Júnior e banda. Vamos continuar a folia até domingo […]”, publicou Ney nas redes sociais.
Ney recebeu, porém, uma saraivada de críticas, na postagem no Facebook. Uma moradora disse que a prefeitura pode fazer festa, mas se cuida do básico. “Se divertir é bom? Claro que é, trazer cantores bons para o povo cair na folia. Parabéns viu, prefeito? Mas sem saúde não tem divertimento. Enquanto uns estão se divertindo, outros [estão] doentes […]. Sem médico para atender nada adianta. Vamos pensar na saúde da nossa população”, reclamou Edileusa Souza.
Outra moradora não foi tão “compreensiva”. “Toma vergonha na cara, prefeito Ney Santos. Não tem médicos no pronto-socorro e você ainda continua fazendo festa [?]”, disse Flávia Reis, indignada. “Enquanto isso, a UPA sem médicos e numa situação precária”, falou Bárbara Bernardo. “Ao invés de fazer festa, sr. Ney Santos, você podia colocar reumatologista para atender a nossa cidade, até porque estou quase um ano na fila de espera e nada […]”, cobrou Fhabiana Lopes.
A moradora Lilian Albuquerque endossou a queixa. “Minha vó está na fila também, sofrendo com dores, e o nosso ilustre prefeito só pensando em se promover para as próximas eleições. […] Devia ser mais consciente [responsável] com a nossa população, minha rua está cheia de buracos, posto de saúde do Jardim Ângela sem médicos”, disse, ao apontar outra área abandonada. A munícipe Maria Aparecida Guilger reforçou que o “prefeito só pensa em festa”.
“Estou há um ano e meio aguardando endoscopia e nada de marcar. Minha mãe [está] aguardando oftalmologista e reumatologista há um ano e meio, uma senhora de 91 anos, e não tem prioridade nem para marcar exames. Uma vergonha”, disse Maria Aparecida. “Passei no dentista, no posto não tinha nem papel para secar as mãos. O dentista ainda falou: ‘Se quiser lavar a boca, lava no lavatório’. Veja que interessante: ‘se quiser lavar'”, citou, ao rir para não desanimar.
“E os médicos nos hospitais… Remédios nos postos de saúde não tem”, apontou também a moradora Camila Paula. A mãe Priscila Soares revelou que até os pequenos sofrem. “Não tem nenhum remédio no posto do Valo Verde. Fui lá com a receita do meu bebê de 9 meses e não tinha remédio”, contou. Regina Moreira disse que procurou atendimento na UPA. “Tive que tomar medicação e não tinha”, falou, para mencionar falta de médicos na unidade e também em UBSs.
Ney também mereceu reprovação por ter gasto quase R$ 1,5 milhão para pagar a artistas com a saúde pela hora da morte. “Usa essa verba para colocar mais médicos nas UBSs, porque a população ‘tá’ agonizando e morrendo na fila de espera!”, advertiu Daiane Cristina. “Consegue trazer esses montes de artistas com o dinheiro público e não consegue contratar médicos… […] Sabe, prefeito, o que me disseram hoje? Que não tem reumato em Embu”, disse Lilian.
“Gastando dinheiro público sem necessidade”, reagiu Gigi Oliveira ao “Ressaca”. “É uma vergonha. Na UBS Eufrásio não tem previsão de agendar consulta. Exame de urgência demora um ano. Medicamentos em falta, PS lotado. Não tem um aparelho de ultrassom”, listou. Nem a educação se salva. “Ao invés de festas, vai dar jeito de colocar professores nas escolas da prefeitura. A Emef Marajoara ‘tá’ sem professores. ‘Acooorda’, prefeito”, passou o pito Vanessa Cristina.
“Vai se preocupar com a saúde, que está abandonada”, cobrou Silvio Oliveira. “[A] saúde ‘tá’ um caos. Estava com diarreia, acredita que mandaram eu tomar uma colher de azeite que passava?”, confirmou Kaio Mercante. Quando Ney postou, Andréia Brenda passava nervoso. “Enquanto você está preocupado com merda de Carnaval, o hospital [PS] de Embu sem médico. Meu marido está lá desde as 7 da manhã e até agora sem passar com meu filho. Vergonhoso”, protestou.
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