Além da UPA, PS Central fica sem clínico na 2ª de Carnaval; ‘Ney não me atende’, diz filha de paciente

'Falei: 'Cadê o médico?' Ela [funcionária]: 'Ai... Peraí que eu vou até ali'. Eu falei: 'Aonde vai? Volta pra trás!', conta familiar sobre idoso de 84 anos sem atendimento na unidade

Especial para o VERBO ONLINE

PS Central de Embu; filha de paciente de 84 anos foi atrás de médico na unidade e foi informada que não tinha, na 2ª de Carnaval, enquanto Ney curte 'Carnanejo' | Divulgação

Não só a UPA Santo Eduardo não teve médicos na segunda-feira de Carnaval (20) em Embu das Artes – mães com crianças no colo protestaram contra a falta de pediatras ao aguardarem atendimento por mais de cinco horas. O Pronto-Socorro Central também ficou sem nenhum clínico ao longo do dia e deixou pacientes nervosos. Moradores passavam sufoco, enquanto o prefeito Ney Santos (Republicanos) curtia a folia em evento milionário que realizou.

Como mostrou o VERBO, em vídeo, uma mãe com a criança no colo na recepção reclamou da falta de médico na UPA. “E meu filho ruim. Só deu uma ‘bombinha’ para ele. Uma ‘bombinha’, eu dou em casa! Vou para outro lugar, aqui eu não vou deixar meu filho”, disse, indignada. Do lado de fora, mais mulheres aguardavam atendimento. “As mães tudo aqui com criança no colo, esperando há muito tempo, mais de cinco horas de espera”, relatou uma testemunha.

Este portal teve acesso a relatos de uma família com um idoso no PS Central que revelam que a unidade também ficou desassistida na segunda-feira. Uma filha do paciente teria procurado uma enfermeira. “[Ela] Diz que não tem médico. Aí eu falei: ‘Eu quero falar com o médico’. Porque eu pedi desde a equipe da tarde, [e] a mulher disse que ia falar com a médica para vir aqui. Trocou o horário [plantão], foram embora”, contou, ao apontar que os profissionais a ludibriaram.

A filha do morador que tinha dado entrada no PS continuou a ser tratada com pouco caso. “Agora, diz que não tem médico. Falei: ‘Como não tem médico?’ Aí estava falando com a enfermeira, as outras vieram falar com a enfermeira-chefe, ela me deixou falando sozinha e foi embora”, disse. Ela insistiu. “Agora, parei a outra ali no corredor, e falei: ‘Cadê o médico?’ Ela: ‘Ai… Peraí que eu vou até ali’. [Eu disse:] ‘Aonde vai? Volta! Volta pra trás!”, contou ainda, em áudio.

Uma outra filha do paciente recebeu o relato de aflição. “Essa é a mensagem da minha irmã, que está lá [no PS]. O meu pai está doido para fugir do hospital, já não está mais aguentando ficar lá dentro”, disse. Ela questionou o atendimento, ainda mais sem médico, e disse que tentou falar com o prefeito. “Se ele está bem, porque estão segurando um idoso de 84 anos no hospital, gente? Estou tentando ligar para o Ney Santos, mas ele não me atende também”, falou.

Na noite de segunda-feira, indiferente à falta de médico nos PSs, o prefeito estava só a dois quilômetros e meio ou a 4 minutos do PS, no Parque Francisco Rizzo, em show da dupla Fernando e Sorocaba, posando para fotos com os artistas e tomando bebida destilada na boca da garrafa, conforme fotos que postou nas redes sociais, durante o “Carnanejo”. Dos cofres municipais, Ney gastou quase R$ 1,5 milhão só com cachê para apenas cinco cantores/grupos sertanejos.

Um morador entrou com uma ação popular contra o governo Ney para cancelar o evento por conta do gasto milionário diante de serviços municipais precários. A Justiça, porém, indeferiu. Justificou que “a ausência de excelência” na educação e saúde é “realidade em todo o país”. “Não pode servir de base para negar a promoção de outros setores da sociedade, como a cultura, sob pena de inviabilizar qualquer investimento público”, julgou o juiz Luís Antonio Echevarria.

OUTRO LADO
Indagado sobre a falta de médico também no PS Central na segunda de Carnaval (“Por que a prefeitura, a Secretaria de Saúde deixou os pacientes desassistidos?”), o secretário Tales Garcia (Saúde) não respondeu. Sobre a UPA sem pediatra, ele já havia ficado em silêncio – ele é médico. Ney também foi questionado pela reportagem, inclusive sobre não ter atendido ligação da filha do idoso e curtir o Carnaval enquanto os pacientes passavam sufoco. Ele permaneceu calado.

OUÇA RELATOS DE FILHAS DE IDOSO QUE FICOU SEM ATENDIMENTO MÉDICO POR FALTA DE CLÍNICO NO PS CENTRAL

Divulgação

> Colaborou a Redação

comentários

  • Convido vossa Excelência o juiz Luís Antonio Echevarria para quando precisar de ajuda médica e não utilizar da famosa “carteirada” utilizar os serviços de saúde mencionados na reportagem…

  • Precisei levar meu filho ao PS, na segunda feira, onde a médica solicitou alguns exames.
    Mas terça-feira, fui pegar o resultado é retornar ao médico, para mostrar os exames, esperei aproximadamente 2 horas.
    Após sair do consultório, meu filho precisou tomar soro. Chegando na “sala de medicamentos”, uma enfermeira foi logo dizendo…
    – Esse soro vai demorar de 2 a 3 horas, seu filho senta e a senhora aguarda de pé.
    Peguei meu celular, é falei para ela repete o que você está me dizendo.
    Ela ironizou dizendo, que não podia dar entrevista, naquele momento.
    Fique *P* sentei, pois ela por pirraça, deixou meu filho que é especial das 13:19 até às 18:12, tomando o tal soro.

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