PS Central fica sem médico de novo e pacientes reagem; Ney preocupa-se com Carnaval, critica moradora

'Olha essa senhora cadeirante aqui. Tem idoso', diz moradora, indignada; 'não tem médico, está fazendo ficha para quê?!', fala homem; prefeito 'esbanja' com shows

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Moradora reclama de falta de médico no Pronto-Socorro Central de Embu, nesta 5ª-feira; questionados, secretário Tales e o próprio prefeito Ney não responderam | Reprodução

Um dos serviços de urgência e emergência de Embu das Artes, o Pronto-Socorro Central, pelo menos, voltou a ficar sem médico nesta quinta-feira (16). Pacientes protestaram contra não ter um clínico sequer para atender. A “rotina do caos” se repetiu. Em dezembro, uma criança de 7 anos que gemia de dor foi para casa sem ser atendida por conta da falta de pediatra na unidade infantil. No mês passado, o mesmo PS no centro também não tinha profissional de medicina.

Pacientes registraram a falta de médico no PS Central, em vídeo. “Olha essa senhora cadeirante aqui. Olha esse [outro] cadeirante. Tem idoso”, diz uma mulher, indignada, na recepção. Um homem, sem aparecer na filmagem, também fica revoltado. “Por que está fazendo ficha? Não tem médico, está fazendo ficha para quê?!”, reclama, ao chamar a atenção para o horário em que o PS deixa de prestar atendimento entre os mais elementares para a unidade – 1 da tarde.

A paciente busca poupar os funcionários que fazem o primeiro atendimento. “Desculpa, vocês não têm culpa, mas a gente troca de administração para melhorar, não para piorar”, diz. O homem não hesita em apontar o principal responsável pela situação. “A culpa é do prefeito!”, fala, contundente. A moradora quer solução. “Eu não quero saber quem é o culpado, eu quero informação. Eu quero saber do que a gente precisa. A gente precisa de médico na unidade!”, cobra.

A partir do envio do vídeo ao VERBO por um morador, a reportagem apurou que pelo menos parte dos pacientes era do Jardim Santa Clara, bairro na divisa com Itapecerica da Serra já desassistido na área médica – o local não tem nem mesmo uma UBS, os moradores têm que usar o posto do Jardim Pinheirinho, no outro lado da rodovia Régis Bittencourt. O munícipe lamentou o abandono da saúde da cidade. “Pronto-Socorro Central sem médico. Para variar”, disse.

Em apenas seis anos de governo, o prefeito Ney Santos (Republicanos) já trocou a empresa para gerir os PSs de Embu quatro vezes – para Edusa, AMG, Mãos Amigas e INCS (Instituto Nacional de Ciências de Saúde), a atual. Mesmo com mudança de gestora, antigos problemas persistem, em sinal de que a gestão é responsável. Esquema de corrupção em contrato da prefeitura com a AMG foi alvo da Polícia Federal, que identificou desvio de R$ 40 milhões.

Funcionários das empresas contratadas por Ney reclamam sistematicamente de atrasos de salários e benefícios, além de ex-colaboradores cobrarem recebimento de direitos. Eles afirmam faltar por não receber em dia, por falta de repasse financeiro da gestão Ney à empresa. Após manifestação na terça-feira (14), a INCS pagou aos profissionais, que estavam sem receber há uma semana. Mas ainda não acertou as rescisões dos dispensados – prometeu para hoje.

Em outro vídeo, divulgado nas redes sociais, uma moradora reclamou do atendimento também do PS para os pequenos, com muitas crianças na área externa, na triagem – porém, não foi informado que a unidade estava sem pediatra. “Olha a situação do Pronto-Socorro Infantil. Olha a situação disso. É um caos total! Enquanto o senhor Ney Santos está se preocupando com o Carnaval, […] as crianças não estão tendo recurso [assistência] para passar em um hospital”, disse.

O governo Ney realiza a partir desta sexta-feira um festival com vários nomes famosos da música sertaneja durante o Carnaval. Só com as atrações anunciadas no “Carnanejo”, vai pagar um cachê de quase um milhão e meio de reais (R$ 1.415.000,00), quantia considerada uma “fábula” para um município com a maioria da população de baixa renda e ainda privada de médicos nos PSs. A gestão ainda gastará com montagem de palco e toda a estrutura para o evento.

OUTRO LADO
Este portal questionou o secretário de Saúde, Tales Garcia, e o próprio Ney sobre a falta de clínico no PS no centro – “Ontem [quinta-feira], o Pronto-Socorro Central de Embu das Artes voltou a não ter médico, com protesto de moradores na recepção. Por que a situação se repetiu?” Nenhum dos dois respondeu. Ao assumir a pasta, no dia 20 de janeiro, em áudio para o dono da INCS a que a reportagem teve acesso, Tales disse que a empresa continuará à frente dos PSs.

VEJA PACIENTES PROTESTAREM CONTRA FALTA DE MÉDICO NO PS CENTRAL DE EMBU; MORADORA RECLAMA DA DEMORA NO PSI

Vídeo – Reprodução

> Colaborou a Redação

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