Em novo capítulo da gestão “caótica” de Embu das Artes, funcionários da área médica e do setor administrativo de unidades de saúde municipais ainda não receberam o salário neste mês. Os profissionais afirmam que estão sem pagamento por conta de o governo Ney Santos (Republicanos) ainda não ter feito repasse de recursos financeiros às empresas gestoras previsto em contrato. Enquanto os contratados não veem a cor do dinheiro, Ney curte o mar.
Desde a semana passada profissionais – de unidades básicas e dos prontos-socorros municipais – procuram o VERBO para informar que estão sem receber e solicitar ajuda, já angustiados, até em razão de a situação ser frequente. “Gostaria de pedir o apoio de vocês para denunciar novamente a falta de pagamento de salário para os funcionários da empresa Mãos Amigas em Embu”, disse o parente de uma funcionária, que se fez representar por receio de denunciar.
A profissional trabalha em UBS. “Eles não receberam salário que era para cair segunda-feira [6]. Nem vale-transporte, nem vale-alimentação”, disse. O atraso é rotineiro. “É todo mês praticamente. Porém, tem meses que atrasa muito, segundo informação pela falta de repasse da prefeitura para a empresa. É difícil não ter uma previsão, tem gente pegando dinheiro emprestado para trabalhar, para pegar ônibus, e comprar comida”, falou, na sexta-feira (10).
Também na sexta-feira, um profissional relatou o mesmo sufoco, no trabalho nos PSs, gerenciados por outra organização social privada, o Instituto Nacional de Ciência em Saúde (INCS). “Sou funcionário da empresa que administra os serviços essenciais da saúde de Embu. A INCS não pagou o nosso salário no quinto dia útil. E já faz um mês que não paga o nosso vale-alimentação”, disse o contratado. “A empresa atrasa, mas não paga as multas de atraso”, protestou ainda.
O “descaso” com os profissionais acabou em punição aos pacientes. “Nas unidades que a INCS administra, hoje [sexta], muitos funcionários faltaram devido a não terem recebido. Nem vale-transporte recebemos”, continuou o contratado. Em áudio para um colega, ele falou que também não compareceu pelo mesmo motivo. “Fui nada! O pagamento não caiu, não fui trabalhar, não. Foi quase ninguém”, disse. Em mensagem de texto, ele citou “3 ou 4 pessoas no máximo”.
Segundo outra profissional, na sexta, mais pacientes sofreram com menos pessoal. “Hoje o serviço de atendimento domiciliar, conhecido como SADs, da Prefeitura de Embu das Artes, foi prejudicado por falta de pagamento aos seus servidores. Os profissionais não conseguiram trabalhar, pois, além de não receberem o salário, que era [para ter sido pago] no quinto dia útil, não receberam VA [vale-alimentação], VR [vale-refeição] e VT [vale-transporte]”, relatou.
“Pela manhã, apresentaram equipe mínima. No entanto, agora no período da tarde, só tem [um] médico e uma enfermeira. Mas nenhum outro profissional da saúde. Não tem técnico de enfermagem, não tem fisioterapeuta, não tem fonoaudiólogo. Todos faltaram por conta de falta de pagamento. E sem ter como ir trabalhar, a equipe de atenção domiciliar ‘tá’ sem realizar as visitas hoje. Os pacientes estão sem atendimento por esse motivo”, completou a funcionária.
Diante do quadro desolador, em busca de receber, os funcionários farão uma manifestação nesta terça-feira (14) na porta do pronto-socorro no centro. “Atenção quem trabalha na saúde, amanhã [hoje] a partir das 7h30, o pessoal estará se unindo em frente ao PS Central para obter respostas do não pagamento do nosso salário e benefícios etc. […] Contamos com a presença de todos os envolvidos nesse caos que está a saúde pública de Embu das Artes”, disse uma funcionária.
Ney está ciente da própria “irresponsabilidade”. Também na sexta, após ser indagado sobre pagar R$ 1,5 milhão de cachê a artistas famosos e deixar PSs sem médicos e não terminar a reforma da escola para crianças deficientes antes do início do ano letivo, ele foi questionado por este portal acerca da saúde – “Funcionários […] ainda não receberam o salário. Quando o senhor vai pagar a empresa?”. Após proferir insultos sobre o primeiro assunto, ele calou.
Em sinal de falta de sensibilidade e do popular “não tá nem aí” com os funcionários sem receber e os pacientes prejudicados com a ausência dos profissionais, Ney foi desfrutar o alto-mar, com o vice-prefeito Hugo Prado (MDB) e o chefe-de-gabinete, pastor Marco Roberto, no fim de semana. “Funcionários da saúde todos sem receber e o prefeito e seus corruptos estão como?”, disse uma profissional, ao rejeitar “a ostentação do prefeito e vice em iate no litoral catarinense”.
VEJA NEY COM O VICE E O CHEFE-DE-GABINETE CURTIR O ALTO-MAR ENQUANTO DEIXA FUNCIONÁRIOS DA SAÚDE SEM SALÁRIO
FUNCIONÁRIOS DA SAÚDE DE EMBU DAS ARTES RELATAM QUE ESTÃO SEM RECEBER SALÁRIO E BENEFÍCIOS