A ex-secretária-adjunta de Saúde de Taboão da Serra Thamires May, que deixou o cargo em 20 de janeiro, foi exonerada do governo Aprígio (Podemos) e voltou para a prefeitura de Embu das Artes, onde é funcionária efetiva. Ela assumiria um alto posto na Secretaria de Assistência Social, mas a transferência não se consumou. Thamires foi dispensada após denúncia de que não resolvia demandas dos pacientes e, principalmente, de que atrasava ou faltava ao trabalho.
Segundo denúncia, Thamires – que como a número 2 da Saúde (abaixo apenas do secretário José Alberto Tarifa) ficava na sede da pasta – só ia trabalhar quando queria, “era a última a chegar e a primeira a sair”, quando resolvia “aparecer na secretaria”. Com a conduta, muito ausente da função, quase não atendia as demandas dos pacientes. “Ela nunca fez nada pela população. Ao contrário, ela chega é atrasada e fica poucas horas aqui”, disse um funcionário.
O VERBO apurou que Thamires chegou a ser confrontada sobre a denúncia por um morador e quis tirar satisfação, no ano passado. Ela teria tentado intimidar o usuário da saúde. O munícipe reagiu e disse ter testemunhas na secretaria de que a adjunta faltava muito ao trabalho, chegava só por volta do meio-dia ou saía às 13 horas e não voltava. “Você quer tocar isso para frente?”, disse. Ela recuou. Teria dito “vamos deixar pra lá” e “estou cansada de ir para a delegacia”.
Em 2021, Thamires fez um boletim de ocorrência em que acusou o presidente de Conselho Municipal de Saúde de ofensa sexista, mas sem prova. Ela conseguiu a expulsão de Ledivan Lopes em conluio com o conselho, alinhado ao governo. Lopes foi “perseguido” por fiscalizar a gestão da pasta. Em 2018, na Saúde de Embu, Thamires também foi a delegacia, citada em denúncia de desvio de dinheiro público em pagamento de plantões de médicos estrangeiros.
Thamires, que chegou a ser “blindada” pelo secretário Mario de Freitas (Governo) no início da administração, acabou desligada da Saúde de Taboão, ao não ter mais a “proteção”, no governo, do secretário Rodrigo Falcão (Segurança) – demitido em outubro após dar um soco no rosto de uma mulher. Contudo, a este portal, no dia 3, ela mesma disse que seguia no governo Aprígio, que ia assumir outro cargo, apesar de não confirmar qual. “Ainda não fui nomeada”, declarou.
Segundo a reportagem apurou, Thamires iria assumir como secretária-executiva da Assistência Social, em articulação para auxiliar o secretário Wagner Eckstein na futura candidatura a vereador. No caso, apesar dos “maus serviços” na Saúde, ela teria promoção com a transferência. Como adjunta da antiga pasta, ele ganhava até o mês passado, oficialmente, R$ 8,5 mil. Com o novo cargo, receberia R$ 13.000. Procurado, Eckstein não respondeu.
Mas o “padrinho” da indicação não quis manter Thamires em Taboão sem ser na Saúde: o prefeito Ney Santos (Republicanos) – ela foi mandada para o município após Aprígio ser apoiado por Ney na eleição em 2020. Segundo uma interlocutora do governo de Embu, Ney contaria com Thamires para emplacar uma nova empresa para gerir os prontos-socorros em Taboão, como a que contratou em Embu, a AMG, uma organização criminosa, segundo a Polícia Federal.
A PF identificou que a AMG subcontratava empresas “laranjas” para executar serviços, sem experiência na saúde, com superfaturamento de bens e serviços, como medicamentos e plantões médicos. O plano de trocar a gestora dos PSs em Taboão teria sido frustrado por conta de que justamente no início do governo Aprígio a quadrilha foi desbaratada, em abril de 2021. Três meses antes, em 19 de janeiro, a gestão chegou a “qualificar” a AMG para atuar em Taboão.
Thamires estava no governo Aprígio desde 14 de janeiro de 2021 – cinco dias antes da “habilitação” para a AMG. Após demonstrar expectativa de que seguiria no governo 13 dias após a data da exoneração, ela se despediu de colegas e moradores no último dia 8. Um alto funcionário da Secretaria de Saúde criticou, porém, a forma como a ex-adjunta deixou o cargo. “Ela foi embora para o Embu. Não se despediu do prefeito. Não foi agradecer ao prefeito”, comentou.
OUTRO LADO
Procurada, Thamires negou ter atuado para mudar a gestora da Saúde em Taboão. “Fui convidada para assumir como adjunta para apoiar o secretário José Alberto Tarifa, não para trocar empresas, até porque isso não é da minha competência”, afirmou. Como no dia 3, ela negou que descumpria o expediente e disse que a denúncia é “diferente da justificativa apresentada pelo governo quando me pediram o cargo”. “Compromisso político com outra pessoa”, falou.
EM JANEIRO DE 2021, GOVERNO APRÍGIO ‘QUALIFICA’ EMPRESA DE SAÚDE CONTRATADA EM EMBU, AMG, DESBARATADA PELA PF
