Diretora entrega cargo e diz que Aprígio mudou educação, mas ‘para muito pior’

Especial para o VERBO ONLINE

Secretária de Educação; diretora publicou carta em que critica o governo Aprígio, com ênfase após a pasta baixar 'instruções' que 'desrespeitam' professores | Verbo

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Uma professora da rede municipal de ensino de Taboão da Serra divulgou na última sexta-feira (12) uma carta pública em que faz várias críticas ao governo Aprígio (Podemos) pela gestão na educação. Ela não se identificou, sob alegação de que “prometeram perseguir”, mas disse que deixou o cargo de diretora. A servidora se manifestou após o Executivo baixar normas que prejudicariam a atividade profissional e “desrespeitariam” o professorado da cidade.

Na “Carta de uma ex-diretora”, ela indica que ocupou o posto por quase quatro anos, desde o governo passado, mas se desapontou agora. “Cansei… Entreguei meu cargo de diretora… Não foram muitos anos, mas entendi que com essa Administração do Governo Aprígio não dá mais. […] No período de transição do governo, a bagunça generalizada já dava sinais claros do [que] vinha pela frente, mas pensei que fosse por pouco tempo, me enganei…”, pontua.

“Esses últimos 1.410 dias foram de muita batalha. Falta de funcionários, escolas sujas, um departamento de formação que não forma nada, apenas brigam entre si. A Seduc [Secretaria de Educação] não é mais a mesma… Antes víamos a preocupação em cada ato dos que trabalhavam lá, mas agora… Parece tudo abandonado! Ninguém sabe de nada, ninguém se responsabiliza por nada. Uma tristeza!”, continua, apesar de o funcionalismo ter preferido novo governo.

A educadora critica a relação interpessoal sem empatia. “As reuniões de diretores, um verdadeiro massacre sobre os funcionários. Palavras duras, sem o mínimo de cuidado com os que carregam a escola literalmente nas costas. Objetivando não sei o quê, eles tratam todos com indiferença. Até o RH, planejamento e departamento de evolução, que são específicos para ‘administrar’ a vida dos funcionários, está [sic] muito relapso, piorou muito!”, avalia.

A ex-diretora chama a atenção para as promessas de Aprígio. “Mas não era o governo da mudança? Não prometeram um governo humanizado? Como podem não se preocupar com os funcionários da Secretaria de Educação? Somos mais de 3 mil. Mudaram! Só que para muito pior…”, diz – os profissionais da educação de Taboão são cerca de metade dos servidores da prefeitura, que totalizam 5.999 trabalhadores, atualmente, segundo o Executivo.

Ela aponta que as novas normas foram a gota d’água. “Agora com as Instruções Normativas 05, 06 e 07/2022, fim de linha… Vou jogar a toalha… Não posso caminhar do lado de quem sequer tem um pingo de humanidade. […] O processo de atribuição, segundo a IN 06/2022, vai dificultar o que já está difícil… Ah, sem esquecer de citar os muitos professores que tiveram 0 (zero) na nota de Avaliação de Desempenho/2022 por estarem de licença médica”, cita.

“Foi dito na reunião de diretores ‘que o cara que não trabalha e tá de licença tem que ficar com zero mesmo…’. É isso, nem quando doentes somos desrespeitados? Muito triste ver anos de nossas vidas serem desvalorizados. Estou saindo fora… Vou ficar do lado das minhas amigas professoras”, declara a educadora, sobre ter deixado posto de direção no ensino municipal. “Fico no anonimato, pois já prometeram perseguir quem deixasse o cargo”, finaliza.

Com a carta divulgada, profissionais procuraram o VERBO para repercutir. “Olha a nossa realidade. Aparentemente, a Seduc está sendo orientada por uma professora de São Paulo para fazer as instruções normativas da educação”, disse uma professora. Outra educadora também reprovou as medidas. “Eles retiraram diversos direitos dos professores. Se ficar doente, fica com zero na avaliação. Se ficar doente por mais de 30 dias, perde a sala”, disse.

A educadora continuou a listar prejuízos à categoria. “Se pegar projeto, fica sem sala. Fica à disposição da secretaria. Aí jogam onde quiserem sem respeitar a sede [local em que os professores têm cargo definitivo]. Tiraram o horário de htpc [horário de trabalho pedagógico coletivo] das 13h às 14h, quem trabalha à tarde é obrigado a fazer htpc à noite. Somos obrigados a ficar duas horas a mais na escola, ouvindo baboseiras que a Seduc manda”, afirmou.

O VERBO não conseguiu falar com a autora da carta com críticas generalizadas à gestão da educação do prefeito Aprígio. À reportagem, uma professora confirmou que uma educadora da rede de ensino de Taboão de fato redigiu o documento. “A diretora não quis assinar devido ao assédio moral que sofre quem deixa o cargo. Eu não posso falar [quem é]. Ela tem medo de se expor”, disse a colega. A secretária Dirce Takano (Educação) não atende este portal.

VEJA ‘CARTA DE UMA EX-DIRETORA’ EM QUE EDUCADORA DIZ QUE SECRETARIA ‘MASSACRA’ FUNCIONÁRIOS

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