Etec de Embu tem salas de aula interditadas por alagar e dá bolacha de merenda

Especial para o VERBO ONLINE

Com aviso de interdição afixado pela própria direção da Etec de Embu, sala de aula fica alagada após chuva, uma das 5 com poças, entre 12 com infiltrações | Verbo

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

A Etec (Escola Técnica) de Embu das Artes está com mais de dez salas de aula com infiltrações e cerca de metade está interditada por chegar a ficar inundada a cada chuva, em prejuízo ao ensino dos alunos. A unidade ostenta ser a terceira melhor no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) entre as escolas técnicas estaduais, mas tem problemas estruturais críticos. A Etec de Embu também é reprovada pelos estudantes por servir merenda “seca”.

O VERBO recebeu fotos de salas de aula com paredes e rodapés – mal conservados – que “vazam” e com “mancha” de umidade e o recinto com poças e até tomado pela água. Em evidência da situação crônica, uma classe ganhou um balde para receber as goteiras, em ponto em que o professor transita muito, ao lado da lousa. Um aviso oficial é também eloquente sobre a precariedade da escola, um cartaz que diz “Sala de aula interditada. Favor NÃO entrar”.

A direção da Etec de Embu chegou a transmitir uma mensagem interna que confirma as dependências degradadas da escola e o transtorno aos estudantes. Segundo apurou a reportagem, a comunicação diz que a supervisão orientou que as aulas noturnas de três módulos de administração e um de contabilidade e de logística fossem online de 27 a 30 de setembro passado, “em virtude do aumento de chuvas e a indisponibilidade do uso das salas de aulas”.

A este portal, uma aluna relatou o quadro da Etec de Embu. “A escola foi, recentemente, ranqueada como a terceira melhor escola [Etec] do Estado de São Paulo, contudo, vem enfrentando diversos problemas de infraestrutura e, com as chuvas, algumas salas estão sendo interditadas por conta dos vazamentos de água. Estamos sendo prejudicados pela falta de aulas e algumas turmas, inclusive, estão sendo direcionadas ao ensino remoto [online]”, reclamou.

De acordo com a estudante, 12 salas têm infiltração e cinco estão interditadas. “Um verdadeiro descaso com os alunos e os profissionais da escola, um verdadeiro horror. Mas ainda assim nada é feito. A cada cinco anos, as Etecs deveriam receber reforma, mas a de Embu tem 12 anos e desde a fundação nunca teve”, protestou. Alunos do 3º ano do ensino médio (regular) expuseram a situação em redes sociais para chamar a atenção para a falta de manutenção.

No início do mês, no dia 6, a direção da Etec de Embu teve uma conversa com os estudantes, que foi tensa, mas resultou na promessa de recuperação da escola. “Em todo momento, disseram que causamos muitos problemas, em especial por termos infringido um regimento escolar – de que não se pode tirar e postar fotos e vídeos sem a permissão do diretor. Disseram que causamos problemas políticos, por ter sido em período eleitoral”, disse a aluna.

“Depois, falaram que antes de postarmos já estavam trabalhando na reforma, que receberam R$ 50 mil do PDDE [“Programa Dinheiro Direto na Escola”] para manutenção do prédio. Cobramos mais transparência e comunicação com os alunos, pois não ficamos sabendo das reformas”, acrescentou a estudante. Ela também acusou a falta de merenda escolar na unidade. “Isso é o que estão nos dando”, disse, ao mostrar foto de dois pacotes de bolacha.

As Etecs são equipamentos do Estado, governado por Rodrigo Garcia (PSDB). O VERBO esteve na unidade no mesmo dia 6. O diretor Edison Santa Rosa Junior, com uma assistente, chegou a receber a reportagem. Indagado sobre as salas precárias e a falta de merenda, porém, ele alegou não poder informar devido à legislação eleitoral, mas se dispôs a colocar o Centro Paula Souza, que gere as Etecs, em comunicação com o repórter. Porém, não fez contato.

Apesar de se dizer impedido de falar, Junior cobrou com insistência que o repórter revelasse o nome de alunos denunciantes – não foi atendido. A assistente do diretor não permitiu que a reportagem fosse até as salas para verificar as condições. No pátio, o mural recebeu uma folha de sulfite com “cronograma de obra [-] troca das calhas de chuva”, mas sem data de término – ainda assim, a informação só foi afixada após a denúncia dos estudantes.

OUTRO LADO
Questionado por este portal, o Centro Paula Souza informou “que os reparos na Etec de Embu foram feitos e as aulas presenciais, retomadas”. “As obras iniciadas devem ser concluídas em breve”, disse, sem apresentar, porém, uma data prevista para o término. “Quanto à merenda, o processo de licitação para contratação de serviço de distribuição de almoço e jantar na escola está em andamento”, finalizou, também sem mencionar prazo para oferta das refeições.

NOTA DA REDAÇÃO – A reportagem foi atualizada para inclusão de resposta da mantenedora da Etec de Embu.

comentários

>