Falcão justifica soco em mulher com pandemia e diz que não foi agressão, mas é crivado de críticas

Especial para o VERBO ONLINE

Em 2020, Falcão dá soco em mulher; ele alegou que não a imobilizou por medo da covid-19 e que não foi agressão, mas não convenceu os seguidores | Divulgação

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O delegado Rodrigo Falcão usou a rede social para tentar justificar o soco no rosto de uma moradora de Taboão da Serra – em agosto de 2020 – com a incidência da covid-19 e chegou a dizer que o murro não foi agressão, mas recebeu uma saraivada de críticas de internautas e até dos que o apoiavam pela trajetória. Ele teve as explicações refutadas por conta de que não usava máscara e ao defender o ato de bater em mulher, sobretudo por ser policial.

Falcão não era secretário de Segurança de Taboão quando deu o soco na mulher, no centro da cidade, mas foi demitido do cargo pelo prefeito Aprígio (Podemos), na última quarta-feira (19), após o vídeo da agressão vir a público. Na sexta (21), ele fez uma postagem no Instagram para contestar a reportagem do “Cidade Alerta” (Record TV) sobre o episódio, com ataques ao apresentador Luiz Bacci, quando teve o ato contra a munícipe condenado por seguidores.

Com a alegação de que a mulher o agrediu com tapa e arremesso de bebida, Falcão usou a covid-19 para não conter a moradora, por possível desacato. “Desculpa, eu li todo o seu texto, mas não achei suas justificativas plausíveis para a agressão. Não seria mais simples imobilizar a mulher e prendê-la?”, questionou uma internauta. “Imobilizar mulher no meio da pior fase da pandemia (2020), arriscando a ser contaminado ou ser acusado de estupro?”, falou ele.

“Tinha câmera no local, o sr. não seria acusado e ‘estupro’, e se fosse o IML está aí exatamente para isso, comprovar. Admiro seu trabalho, mas não concordo com tal atitude”, criticou a mulher. Um homem manifestou perplexidade com a justificativa de Falcão e expressou gargalhada. “Meu Deus, que argumento bosta. […] Dar um soco é melhor, pois aí não tem risco de ser contaminado”, ironizou, ao apontar que o policial manteve o contato com a vítima.

Falcão quis ainda defender o soco. “O que você faria no meu lugar? Daria um tiro nela ou ficaria debaixo do cobertor dando opinião, enquanto eu estava na rua tentando fazer com que a doença não chegasse ao seu lar? Dar um tiro nela?”, insistiu. “Cara, simplesmente não tem nenhum argumento que defenda o que você fez. Flagrante de desacato. Você, como delegado, saber o que deveria ser feito […]. Acho que ‘tá’ na profissão errada”, falou o internauta.

Falcão voltou a falar se era para ter atirado na mulher ou agarrar a “peça com risco de ser contaminado”. “Como consegue ainda tentar se justificar?”, disse o homem. “Você tem quase 1,90 de altura, é um absurdo. Nos vídeos que posta você se mostra uma pessoa agressiva, não adianta envolver política ou crise sanitária para atitude machista. Não adianta nada salvar animais e bater em mulher”, disparou outra internauta, sobre Falcão alardear a causa.

O delegado passou a ser questionado sobre acusar a gravidade da pandemia à época. “Engraçado, você estava tão preocupado com a contaminação do vírus que no vídeo não estava de máscara”, disse um seguidor. Outro reforçou sobre o policial cair em contradição. “Está todo argumentando na pandemia e blá, blá, blá. Mas não vi ele de máscara, que seria o mínimo… Contraditório. [Usando] Qualquer argumento para justificar o injustificável”, comentou.

Outra internauta foi incisiva. “Se estava com tanto medo de se infectado por que estava sem luvas e principalmente máscara na hora da agressão? Para dar soco não precisava de luva! […] Eu como mulher me sinto enojada”, disse. Só aí Falcão deu uma explicação – inusitada – para não estar usando a proteção. “Usei a máscara para limpar a cusparada que ela deu na minha cara”, disse. Guardas municipais que atenderam a ocorrência estavam de máscara.

Curiosamente, mesmo após os internautas já condenarem explicitamente o soco, Falcão insistiu em indagar se devia ter dado um tiro na mulher, ato mais grave, o que foi atribuído ao delegado possível problema cognitivo ou mero subterfúgio para justificar que o murro era uma ação adequada comparada a outra mais violenta. Ele foi mais criticado. “Como assim? Não pode imobilizar [e] dá um soco? Usa o seu poder, mas não abusa”, disse o jovem.

Falcão então passou a dizer que o soco não foi uma agressão. “Eu não agredi. Eu fui obrigado a usar de força moderada”, disse. Ele também sustentou que “meu treinamento [recebido na polícia] foi plenamente aplicado”, ao não aceitar ser questionado por outro homem se “não seria mais fácil assumir o erro e pedir desculpas, por ter agido por impulso”. “Covarde é você, que deveria estar dormindo enquanto eu estava trabalhando”, atacou o delegado,

Falcão voltou a negar agressão. “De qualquer forma está errado! Ou como policial pode sair agredindo quem quiser?”, criticou outro morador. “Agredir é uma coisa. Conter é outra”, respondeu. Com o escândalo, inusitadamente, ele disse a um seguidor que “sua ingratidão demonstra seu lado esquerdista que não vai dominar esse país”, e “só agora, antes das eleições, o esquerdopata @luizbacci resolve soltar o vídeo”. Ele já postou ser eleitor de Jair Bolsonaro (PL).

Uma mulher ainda interpelou Falcão se tinha mesmo receio da covid-19 “ou na sua hora de raiva deu um soco nela, abusando da autoridade”, e “prefere ainda achar que está certo”. “Será que o juiz, promotor e ela mesma assumindo o erro estavam todos errados e você, palpiteira, está certa?”, falou ele, sobre a munícipe ter sido condenada no processo. Mas o próprio Falcão lavrou o boletim e omitiu o murro que deu. Ela disse que reagiu por ser ofendida.

VEJA POSTAGEM NO INSTAGRAM EM QUE FALCÃO TENTAR JUSTIFICAR SOCO EM MULHER E É CRITICADO

Fonte: Instagram Delegado Falcão

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