ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
A candidata a deputada federal Ely Santos (Republicanos) perdeu a eleição por causa da “má gestão” do governo do irmão, o prefeito Ney Santos (Republicanos). Ela teve insuficientes 93.305 votos e não foi eleita por faltarem 1.483 votos – a última vitoriosa pelo partido, Maria Rosas, teve 94.787. Porém, Ney foi o grande derrotado do pleito ao não conseguir eleger nenhum dos quatro candidatos que lançou. Ely poderá assumir vaga, mas sempre como suplente.
É simples concluir que Ely saiu derrotada das urnas por “culpa” de Ney. Dos 93.305 votos, a irmã do prefeito teve 32.844 em Embu das Artes. Ela foi a mais votada no município, mas obteve “em casa” apenas 35% do total – pouco. Como comparação, Eduardo Nóbrega (Podemos), dos 53.607 votos que alcançou, teve 29.405 ou 55% do total no domicílio ou reduto eleitoral em Taboão da Serra – mais da metade. Nóbrega foi eleito deputado estadual.
Ironicamente, Ney rompeu com o prefeito Aprígio (Podemos), de Taboão da Serra, e desfez acordo para ter Nóbrega como uma das campanhas “casadas” com Ely – em cálculo desastroso, se tivesse mantido a “dobrada”, Ely muito provavelmente estaria eleita. A candidata a deputada federal Rosângela Santos (PT) aproveitou o “vácuo” do arquirrival Ney e fechou aliança com o candidato de Aprígio – e obteve 3.393 votos que poderiam ter ido para Ely.
Rosângela teve 37.291 votos e não foi eleita, mas teve um resultado que reforça o fracasso de Ney. Em Embu, local de militância, ela obteve 24.777 votos, nada menos que 64% do total – muito mais que o dobro. No município, a petista teve apenas pouco mais de 8 mil votos (8.067) a menos que Ely, quando Ney colocou a máquina administrativa em peso para trabalhar a todo vapor pela eleição de Ely – com uso até da frente de trabalho para pedir voto na irmã.
Na região (oito municípios, sem Embu), Ely teve também apenas 30.916 votos (33% do total) – 12.129 em Taboão (2ª mais votada); 10.161 em Itapecerica da Serra (1ª); 3.575 em Cotia (7ª); 2.495 em Embu-Guaçu (2ª); 2.268 em Juquitiba (1ª); 185 em São Lourenço da Serra (11ª); 103 em Vargem Grande Paulista (45ª) – na cidade de São Paulo, 8.238 (109ª). Fora Embu, ela foi mais votada em Taboão, onde de fato mora – apesar do discurso de Ney de que é “filha de Embu”.
Apenas para eleger Ely, Ney lançou como candidatos a deputado estadual dois “homens de confiança” de longa data, os ex-secretários pastor Marco Roberto (Republicanos) e Jones Donizette (Solidariedade), e um novo “escudeiro”, Daniel Bogalho, o engenheiro Daniel (Republicanos), também ex-secretário, respectivamente, em Embu, Itapecerica e Taboão – para ter cabo eleitoral de “luxo” para a irmã nas três cidades. Mas o “estrategista” Ney de novo fracassou.
Não eleitos, os três candidatos de Ney tiveram votações pífias que não renderam a vitória de Ely, ao “dobrarem” com a candidata. Pastor Marco Roberto teve 38.966 votos, dos quais 22.973 em Embu. No caso, ele obteve 9.871 votos a menos que a aliada, em evidência de ser “ruim de voto” – obteve 1.196 em Taboão (14º); 746 em Juquitiba (5º); 526 em Cotia (42º); 516 em Itapecerica (27º); 82 em Embu-Guaçu (52º); 56 em São Lourenço (20º); 54 em Vargem Grande (77º).
Jones alcançou 14.631 votos no total, 11.271 em Itapecerica. Ou seja, além de colher uma votação baixa, ele não conseguiu atrair o voto “casado”, não cumpriu a missão de ajudar a irmã do “chefe”, já que Ely teve 1.110 votos a menos que ele na cidade. Na região, Jones obteve 1.368 em Embu (18º colocado); 210 em Taboão (78º); 144 em Embu-Guaçu (36º); 59 em Juquitiba (28º); 54 em Cotia (181º); 42 em São Lourenço (26º); 2 em Vargem Grande (459º).
Já Daniel teve 22.020 votos, 15.762 em Taboão – com o desafio de confirmar a força eleitoral após ter 66.158 votos para prefeito, ele teve menos de um quarto (24%) do que em 2020. Também falhou em ser “palanque” de Ely – 3.633 eleitores dele não quiseram votar nela. Daniel teve 1.614 votos em Embu (15º); 1.122 em Itapecerica (13º); 82 em Cotia (147º); 60 em Embu-Guaçu (66º); 43 em São Lourenço (25º); 23 em Juquitiba (59º); 7 em Vargem Grande (261º).
No entanto, mesmo sem o auxílio dos candidatos “laranjas”, Ely devia ter “estourado” em Embu, com Ney prefeito – ele teria até se afastado da prefeitura para se dedicar à campanha. Mas o irmão atrapalhou, com a gestão sofrível. “Falam que o homem trabalha, e eu digo ‘onde?’. Chego no posto de saúde, não tem agenda para médico e falta remédio. As escolas estão sucateadas. É uma vergonha!”, critica a moradora Kátia Arantes. Procurado, Ney silenciou.