ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
A candidata a deputada federal Ely Santos já recebeu R$ 2,5 milhões do fundo partidário, repassados pela legenda a que está filiada, o Republicanos – do candidato a governador Tarcísio de Freitas. Irmã do prefeito Ney Santos, também do Republicanos, Ely é ré na Justiça de São Paulo acusada de participar de lavagem do dinheiro do tráfico de drogas no Estado ao integrar uma facção criminosa, o PCC (Primeiro Comando da Capital) – ela chegou a ser presa.
Suplente na Câmara dos Deputados após ter sido apenas a oitava mais votada para o cargo nas eleições de 2018, também pelo Republicanos, Ely teve há quatro anos 49.426 votos alavancados por forte financiamento do partido. Ela, com o mentor político Ney por trás, tenta a mesma estratégia. Até 31 de agosto, Ely tinha recebido R$ 625 mil da direção estadual do Republicanos. No mesmo dia, a direção nacional da legenda fez um repasse no mesmo valor.
O partido realizou mais duas transferências para Ely, uma de R$ 625 mil, feita no dia 6 de setembro novamente pela direção nacional, e outra de R$ 625 mil, repassada no dia 8 pelo diretório estadual, para totalizar R$ 2,5 milhões. Ely deve retomar a campanha neste sábado (24) após ficar recolhida desde o desabamento do auditório em uma empresa em Itapecerica da Serra durante reunião em que pedia votos aos funcionários, na terça-feira (20).
Ely foi denunciada em 2016 pelo Gaeco (grupo de combate ao crime organizado) do Ministério Público de participar de negócios usados por Ney para lavar dinheiro do tráfico em uma organização criminosa composta por parentes e pessoas próximas. No bando, ela teve a função de “laranja” para “contornar bloqueios judiciais de bens do político” – adquiriu um posto de combustível quando Ney esteve preso (2005) e recebeu procuração para gerir vários postos.
A candidata, cujo nome civil é Eliane de Sousa Alves Machado, possui dois números ativos de CPF. De acordo com o MP, o cadastro duplicado foi usado para confundir autoridades em relação à abertura de empresas. Ely chegou a permanecer presa preventivamente por dois meses, entre 2016 e 2017, quando a denúncia apresentada pelo Gaeco foi aceita pela Justiça de Embu. Ela foi solta por força de liminar. O processo está parado em segunda instância.
O Republicanos afirmou, em nota, que todos os candidatos devem apresentar um atestado de antecedentes criminais comprovando que estão aptos, seja em primeira ou segunda instância, para concorrer nas eleições. No entanto, só a condenação em segunda instância barra candidaturas. Em agosto, questionado sobre ser aliado de Ney, Tarcísio responsabilizou a Justiça por Ney não ter sido punido. “A crítica tem que ser dirigida ao Judiciário”, disse.
“Não existe a menor possibilidade de eu compactuar com o crime organizado, pelo contrário, vou combater”, afirmou ainda Tarcísio, em entrevista à CBN. Ele virou alvo da campanha do governador e candidato à reeleição Rodrigo Garcia, que apresenta no horário eleitoral a denúncia do MP de que Ney e Ely têm elo com o PCC e já foram presos. “É com esses aliados que Tarcísio vai combater o crime organizado?”, questiona a propaganda do candidato do PSDB.
VEJA ELY SANTOS FICHADA PELO GAECO (MP), COM 2 CPFs DIFERENTES, ALÉM DE 4 NOMES E 2 RGs DISTINTOS

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LEIA+/RELEMBRE
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