MP Eleitoral investigará ‘visita’ de Jones e Ely à empresa do imóvel que desabou

Especial para o VERBO ONLINE

À frente de monitor em que aparecem como candidatos, ao lado de Ney, Ely e Jones fazem reunião com funcionários da empresa em auditório que ruiu | Divulgação

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Itapecerica da Serra

O Ministério Público Eleitoral de São Paulo investigará a presença do candidato a deputado estadual Jones Donizette (Solidariedade) e da candidata a deputada federal Ely Santos (Republicanos) na empresa onde houve o desabamento de um auditório em Itapecerica da Serra, na terça-feira (20). Nove pessoas morreram e 31 ficaram feridas no acidente que consternou a região. As vítimas fatais tinham menos de 50 anos – cinco na faixa de 20 e três na de 30 anos.

Segundo o Corpo de Bombeiros, 64 pessoas estavam no auditório quando o desabamento ocorreu. Dos 31 feridos, 28 foram levados a hospitais e três, atendidos no próprio local. Jones e Ely afirmam ter sido atingidos. Jones chegou a postar uma foto com a camiseta suja. Ely publicou um vídeo em que aparece sentada no chão ao lado do galpão em escombros e depois deitada em uma cama em pronto-socorro. Eles, porém, não figuraram na lista de feridos.

Quatro integrantes da equipe de Jones também ficaram entre os escombros, mas foram resgatados. O desabamento aconteceu pouco antes das 9h. Quase três horas depois, às 11h47, a página de Jones na rede social alardeou que o candidato estava “entre as vítimas da tragédia em Itapecerica da Serra” e que ele e Ely tinham sido “convidados” para “conhecer” a empresa, e “quando se despediam dos trabalhadores parte da estrutura de concreto se rompeu”.

No entanto, Ely e Jones estavam no auditório fazendo reunião de campanha com funcionários da empresa. Vídeos e fotos mostram os dois diante dos trabalhadores e à frente de tela de TV com a imagem de ambos como candidatos, ao lado do padrinho político, o prefeito Ney Santos (Republicanos). Os empregados estariam nos setores de trabalho se não tivessem sido chamados para o local para ouvir promessas eleitorais – os mortos eram todos funcionários.

Ney divulgou um vídeo sobre o fato. Ele, que chegou a dizer que Ely e Jones e equipe tiveram “livramento”, apesar das mortes dos trabalhadores, falou que o auditório “desabou durante uma visita deles à empresa”. A atividade, porém, foi outra. Os “apadrinhados” do prefeito fizeram um encontro com empregados da companhia com fim eleitoral. Nas redes sociais, em meio a manifestações de solidariedade, internautas criticaram o “comício dentro da empresa”.

Segundo o MP, “é necessária investigação para saber se o encontro realizado na empresa implicou despesas eleitorais ou constrangimentos ao voto”. “A Procuradoria Regional Eleitoral vai instaurar uma notícia de fato para apurar o caso”, disse. A Multiteiner, que teria reunido os funcionários para o evento político, divulgou nota só quase 24 horas depois do ocorrido. Ela lamentou o acidente e disse que foi surpreendida com o rompimento da estrutura.

“Informamos que todas as medidas estão sendo adotadas para apurar e esclarecer todo o ocorrido, contudo, neste momento, estamos priorizando o apoio e assistência aos nossos colaboradores e aos seus familiares. Entraremos em contato com todas as famílias e também gostaríamos de disponibilizar um canal de contato através do email centraldeapoio@multiteiner.com.br”, disse a empresa. A polícia apura as causas do desabamento do auditório.

Uma das hipóteses é a de que a estrutura tenha ido abaixo por sobrecarga. Fiscais do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) vistoriaram o auditório e descobriram que o espaço não tinha nenhuma licença para funcionar. O local não aparece no projeto encaminhado para aprovação da prefeitura e não tinha autorização para evento temporário. Segundo os Bombeiros, o imóvel também não tinha o laudo de vistoria (AVCB) da corporação.

VEJA VÍDEO EM QUE JONES ENTRA NO AUDITÓRIO PARA REUNIÃO COM FUNCIONÁRIOS DA EMPRESA

Vídeo: Divulgação

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