ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Uma moradora que procurou a UBS Suiná (região do Pirajuçara), em Taboão da Serra, foi orientada a verificar a pressão arterial por conta de alteração na atividade cardíaca, mas não teve a medição feita e deixou o posto de saúde aos prantos, na terça-feira (23). A paciente Ariane Cerqueira diz que a UBS se recusou a fazer a aferição sob alegação de que não realiza o procedimento – simples e básico – em dias de coleta de exame. Ela diz que se sentiu humilhada.
A paciente passou pelo acolhimento e disse precisar remarcar consulta com clínico para mostrar um exame que havia feito. A enfermeira pegou o resultado, que indicou uma alteração no coração. Ela ouviu da profissional que tinha que fazer o controle da pressão com urgência e foi orientada a aferir. Com a demora em ser atendida, ela perguntou sobre o prontuário, mas ouviu como resposta da UBS que não media pressão em dia de coleta de sangue.
Ariane tentou explicar que precisava verificar a pressão, mas não adiantou. A paciente se revoltou e gritou no corredor em protesto contra a recusa. Ela foi até a recepção e reclamou de não ter sido atendida, em choro. “Eu pedi para passar no acolhimento para remarcar uma consulta. Falei que eu tinha um exame. Pegaram meu exame, olharam, e deu alteração no coração. Ela [enfermeira] me mandou ver a pressão, não é que eu resolvi ver”, conta.
Ariane “ficou esperando horas”, conforme relata. “Só fui perguntar: ‘O meu prontuário está aí?’. Porque não me chamavam nunca. Nem me falaram nada. Só falaram: ‘A gente não está medindo a pressão porque hoje é dia de coleta’. Eu falei: ‘Como não está medindo? E se eu estou passando mal aqui?’ [Falaram:] ‘Não, porque…’ [Falei:] ‘Mas isso daí não devia ter avisado na recepção? Porque é incompetência. Não sou obrigada a saber dessas coisas”, relata.
O VERBO estava na UBS na hora e viu Ariane protestar no corredor e depois reclamar na recepção de que não tinha tido a pressão medida. Após deixar a UBS, ela falou com a reportagem sobre o ocorrido. “Para medir uma pressão, é essa humilhação. Porque está coletando não pode parar um minuto para medir a pressão. Isso porque eu fiz exame e deu alteração, por causa do meu coração. “Aí a enfermeira manda medir a pressão, e não dá para medir”, disse.
Ariane cobrou atenção básica do posto. “Agora eu saio daqui, passo mal, a culpa é de quem, quem vai responder por isso? Eu estou faltando no meu trabalho! E venho passear aqui? Olha que passeio gostoso, [no] posto de saúde”, continuou, em lágrimas. “Eles não estão aqui de graça. A gente paga. Eles estão recebendo, o salário todo mês cai na conta dele. É um descaso total. Estou saindo daqui em prantos porque estou me sentindo humilhada”, declarou.
A moradora contou ter visto outro munícipe ser mal atendido na UBS. “Eu não sou a primeira a estourar, só agora de manhã um senhor desceu três vezes [do andar superior], perguntando na gerência: ‘Estou esperando uma consulta, era às 8 e meia’ – já tinha passado do horário. [Falaram:] ‘Pode esperar’. Na terceira vez, desceu bravo, reclamando porque o enfermeiro foi grosso com ele. Aí o errado é quem, é o paciente que está esperando ser atendido?”, falou.
Ariane também sofre para agendar atendimento médico. “Sem falar que precisei remarcar uma consulta para o meu bebê, e não consegui remarcar. Porque eles têm que atualizar o sistema, coisa simples para fazer, mas complicam tudo. A UBS Suiná está uma porcaria, uma porcaria!”, protestou. É a terceira vez pelo menos que o posto prejudica os moradores no governo Aprígio (Podemos). Há um ano, a UBS entregou para uma mãe remédio para criança vencido.
OUTRO LADO
Procurada pelo VERBO, a diretora Cristiane Moscardi disse que, após a paciente gritar, pediu para conversar, mas ela não quis. Alegou ainda que o diretor-auxiliar Jefferson Soares a chamou para medir a pressão em outra sala, “só que ela queria medir naquela [da coleta]”. Soares chegou a dizer que “não foi a gente que falou”, sobre não medir pressão em dia de coleta. Mas citou duas vezes que a UBS tem dias para fazer aferição, às segundas, quartas e sextas-feiras.
Sobre a “humilhação” sofrida pela moradora, a Secretaria de Comunicação do governo Aprígio ignorou solenemente. Também questionado, o secretário José Alberto Tarifa (Saúde) disse não ter dado nenhuma ordem para as UBSs deixarem de medir a pressão dos pacientes em dia de coleta. “Não há nenhuma orientação nesse sentido. Vou verificar o que houve”, disse. Ele pediu o nome da paciente. “Mas independentemente vou investigar”, declarou.
OUÇA A PACIENTE ARIANE CERQUEIRA PROTESTAR POR NÃO TER A PRESSÃO AFERIDA POR RECUSA DA UBS