ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em São Paulo
O Brasil registrou a primeira morte por varíola dos macacos. A vítima é um homem de 41 anos que estava internado no Hospital Eduardo de Menezes, em Belo Horizonte, e morreu nesta quinta-feira (28). Ele tinha graves problemas de imunidade. A Secretaria de Saúde de Minas Gerais informou que o paciente que não resistiu estava em tratamento contra um câncer (linfoma) e era imunossuprimido. O óbito ocorrido no país é considerado o sexto no mundo.
Horas depois da confirmação no Brasil, a sétima morte pela varíola dos macacos no mundo foi declarada na Espanha, a primeira na Europa. Antes, três óbitos já tinham sido verificados na Nigéria e outros dois na República da África Central. A “monkeypox” é transmitida de uma pessoa para outra por contato próximo (íntimo – relações sexuais, por exemplo) com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama.
A varíola dos macacos geralmente se resolve sozinha (é autolimitada), após sintomas que costumam durar de duas a quatro semanas. Casos graves podem ocorrer, quando os pacientes já são acometidos de doenças graves, como a vítima mineira. Mas é bem menos letal que a varíola humana, erradicada em 1980. Nos últimos tempos, a taxa de letalidade da “monkeypox” era de 3% a 6%, enquanto a da versão humana era bem maior – chegava a 30%.
A “monkeypox” ainda não tem uma vacina específica, mas três já existentes contra a varíola humana podem ser usadas contra a dos macacos. Alguns países já estão aplicando uma delas, mas ainda não há previsão de chegada no Brasil. No sábado (23), a doença foi declarada pela Organização Mundial de Saúde como uma “emergência de saúde global”, o que pode levar a um maior investimento no tratamento e avançar na luta por vacinas, que estão em falta.
Até agora, o Brasil registra 1.257 casos da varíola dos macacos. Os Estados de São Paulo (970), Rio de Janeiro (139) e Minas (49) concentram o maior número. No mundo, são 19.143. Nesta quinta-feira (28), a Prefeitura de São Paulo confirmou três casos da doença em crianças, duas meninas de 6 anos e um menino de 4. Uma das meninas teve contato com um parente infectado. Já os outros dois casos seguem em investigação sobre a origem das infecções.
As crianças apresentaram bolhas na pele (vesículas), dilatação nos gânglios e febre. Todas estão em casa, sendo monitoradas. No Estado, três adolescentes, de 13 e 14 anos, também foram diagnosticados com a varíola dos macacos, dois da capital e um de Osasco (Grande SP). Na região, são oito casos, três em Itapecerica da Serra e Embu das Artes e dois em Taboão da Serra, relatados entre a sexta-feira passada e segunda – sem novas confirmações.