ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O prefeito Aprígio (Podemos) abriu concurso para professor, e não chama aprovados no processo seletivo anterior, há três anos, reclamam os educadores. Os candidatos – que estudaram e pagaram para concorrer às vagas – criticam a decisão e definem como “falta de respeito” com os que se inscreveram. Uma aprovada ouvida pelo VERBO cita que o prefeito “politiza” a questão e não chama os classificados pelo certame ter sido realizado pela gestão passada.
O concurso anterior ocorreu em agosto de 2019 para nove cargos, sete especificamente para professor, para professor de desenvolvimento infantil (PDI) majoritariamente – que atua em creches -, com 50 vagas, mais cadastro reserva – o outro com maior número de postos era para “educação especial”, cinco. Devido à pandemia da covid-19, o certame, válido por 2 anos, foi prorrogado, como previsto no edital. Mas Aprígio simplesmente ignora, dizem as PDIs.
O governo teria preenchido apenas parte das vagas. Uma participante do concurso trabalha na prefeitura e aponta que as escolas para crianças de até 5 anos estão desfalcadas de PDIs. “Tenho conhecimento de que falta muito professor nas creches. Se é um concurso de educação infantil, ponha o pessoal para trabalhar. Quero muito assumir, para isso que estudei e passei. Mas o nosso prefeito fez o quê? Em vez de chamar, lançou novo concurso”, reprova.
Aprígio abriu no mês passado concurso para professor de educação básica (PEB) I (ensino fundamental de 1º ao 5º ano) – o prazo de inscrição acabou na segunda-feira (27). Ele pretenderia “substituir” o certame feito pelo antecessor. “Abriram concurso agora para professores tanto para trabalhar na creche como no fundamental I, falam em unificar [os cargos]. Mas primeiro ele tem que cumprir a lei se tem um concurso em vigência”, critica ainda a aprovada.
Outra classificada também manifestou insatisfação. “Eles fizeram outro concurso para chamar 200 pessoas e não vão nos chamar, vão nos deixar na mão?”, reclama, frustrada. “Prefeitura de Taboão da Serra está precisando urgente de professores e nós do concurso de PDI 2019 queremos assumir”, cobra uma educadora em rede social. “Sabemos que tem auxiliar de classe assumindo vaga de professor, que está em defasagem na rede”, aponta outra aprovada.
Candidatos que aguardam assumir uma vaga já procuraram a Secretaria de Educação, mas Aprígio estaria intransigente. “Lá, disseram que não tem o que fazer, que ele não vai chamar, que não adianta bater perna, fazer ‘escândalo’, que ele abriu concurso e só vai chamar o pessoal que vai entrar agora. É muita sacanagem dele”, diz, indignada. “O concurso foi da época do [governo] Fernando [Fernandes], aí é claro que ele não vai chamar”, acusa.
A reclamação dos “lesados” PDIs chegou ao deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL). “O governo municipal não faz a chamada e quando faz, faz muito aquém de preencher as vagas existentes. Quero pedir que o prefeito de Taboão da Serra faça a chamada imediata dessas professoras de educação infantil que estão esperando. Fica o nosso apelo ao prefeito, que inclusive já foi deputado aqui na Assembleia”, cobrou Giannazi na tribuna, ao se referir a Aprígio.
OUTRO LADO
Questionada sobre o governo Aprígio não chamar os aprovados, a Secretaria de Comunicação – sem transparência – ignorou. Procurado pelo VERBO, o supervisor da Secretaria de Educação Oderlan Souza negou que a gestão não esteja chamando e que falte professor nas EMIs. “Já chamou mais do que precisava, inclusive. Chamou até o número 58. Você não tem obrigatoriedade de chamar cadastro de reserva. Na creche não tem falta [de professor]”, afirmou.