ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
A Justiça de São Paulo condenou à prisão na quinta-feira (23) Felipe Arenzon, conhecido como Felipe do Rancho, por dirigir embriagado um Chevrolet Camaro a 123 km/h, bater em cinco carros e matar um homem, após quase 11 anos dos crimes. Em júri popular no Fórum da Barra funda (zona oeste de SP), ele foi considerado culpado pela maioria dos sete jurados pela morte do perueiro Edson Roberto Domingues, além de ferir os ocupantes de outro veículo.
Felipe cometeu os delitos em 30 de setembro de 2011, nas zonas oeste e norte de São Paulo. Segundo denúncia do Ministério Público, no dia 29, ele foi à casa de shows Villa Country e ficou até por volta de 6h do dia seguinte, quando deixou o local ao volante do Camaro – tinha ingerido bebida alcoólica. Felipe subiu com o carro sobre a calçada da rua Francisco Matarazzo, em Perdizes. Dez minutos depois, começou a provocar acidentes na avenida Sumaré.
Em alta velocidade, segundo testemunhas, Felipe invadiu a faixa exclusiva para motos na Sumaré, bateu na lateral de um Ford Fiesta e esbarrou em um Vectra GT, ambos dirigidos por homens. Depois, colidiu em um Volkswagen Fox estacionado, onde estava uma mulher, já na avenida Pompéia – os três condutores não se feriram. Na avenida Inajar de Souza, na Freguesia do Ó (zona norte de SP), ele atingiu outros dois veículos, que estavam parados no semáforo.
Felipe causou depois o acidente fatal. Bateu na traseira do Asia Towner Truck, que pegou fogo. O incêndio queimou 90% do corpo de Edson, que guiava a perua. A vítima morreu no dia 4 de outubro no hospital onde ficou internado. Com o Camaro, Felipe ainda bateu em um Fiat Palio e feriu os três ocupantes, dois homens e uma mulher, que sobreviveram. Após as colisões, ele fugiu do local sem prestar nenhum socorro às vítimas, de acordo com o MP.
Felipe estava a uma velocidade mais de duas vezes acima da permitida, segundo perícia do Instituto de Criminalística – a máxima na Inajar de Souza era de 60 km/h. Ele chegou a ficar preso três dias, mas foi solto após a família vender um imóvel para pagar R$ 245 mil de fiança, em 3 de outubro, um dia antes de Edson morrer. O perueiro tinha 55 anos e era casado com a empregada doméstica Nilza das Graças Socorro, de 63 anos – o casal não tinha filhos.
Felipe tinha 19 anos e era estudante. Segundo o MP, ele havia ganhado o Camaro – à época avaliado em mais de R$ 200 mil – de presente do pai, Milton Arenzon, o Milton do Rancho (dono do Hotel Racho Silvestre, em Embu, daí o apelido). Milton era vereador de Embu. Em 2016, Felipe foi candidato a vereador, mas não se elegeu. Em 2017, porém, chegou a assumir uma cadeira na Câmara como suplente, em posse controversa, réu pelo crime no trânsito.
Felipe foi condenado a 13 anos, 9 meses e 18 dias de reclusão pela juíza Fernanda Salvador Veiga. Mas não ficará preso. Poderá recorrer em liberdade, sob alegação de já responder solto ao processo. Para comentar a sentença, o VERBO tentou falar com Felipe por meio do irmão, mas Gustavo Arenzon não respondeu. Há cinco anos, ao tomar posse na Câmara, Felipe discursou: “Não sou perfeito, quem for que atire a primeira pedra. Irei errar como todos”.
RELEMBRE Denunciado por matar no trânsito, Felipe do Rancho é empossado vereador de Embu