ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em São Paulo
O primeiro caso de varíola dos macacos no Brasil foi confirmado nesta quinta-feira (9), na cidade de São Paulo. O paciente é um homem de 41 anos que viajou à Espanha, segundo país com o maior número de registros da doença, e a Portugal. Ele está internado no Instituto de Infectologia Emílio Ribas (zona oeste de SP) desde segunda-feira (6) e tem bom quadro clínico, apesar de estar em isolamento. Todos os contatos da pessoa estão sendo monitorados.
A confirmação da infecção só ocorreu à tarde, após exames feitos pelo Instituto Adolfo Lutz. As secretarias municipal e estadual de Saúde investigam ainda o caso de uma mulher de 26 anos que também vive na capital – notificado no sábado (4). Ela está internada em um hospital público da cidade, sob isolamento, com quadro estável. Nesta quarta-feira (8), o Ministério da Saúde informou que monitorava oito casos suspeitos de varíola dos macacos no país.
A varíola dos macacos (“Monkeypox”) é uma doença causada por vírus e transmitida pelo contato próximo ou íntimo com uma pessoa infectada e com lesões de pele. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o contato pode se dar por meio de um abraço, beijo, massagens, relações sexuais ou secreções respiratórias. A transmissão viral também ocorre por contato com objetos, tecidos (roupas, roupas de cama ou toalhas) e superfícies utilizadas pelo doente.
A doença não tem tratamento específico e pode matar, mas o risco é baixo – em geral, os quadros são leves. O maior risco é entre pessoas com HIV, câncer, doenças autoimunes, transplantados, gestantes, lactantes e crianças abaixo de 8 anos. “O ‘Monkeypox’ causa uma doença mais branda que a varíola, mas em alguns pacientes de risco pode se desenvolver de forma mais grave”, diz a diretora do Laboratório de Virologia do Instituto Butantan, Viviane Botosso.
Os sintomas iniciais são febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas, linfonodos inchados, calafrios ou cansaço. De 1 a 3 dias após o início, as pessoas desenvolvem lesões de pele que podem ser em mãos, boca, pés, peito, rosto e ou regiões genitais. Elas evoluem em cinco estágios: mácula, pápulas, vesículas, pústulas e finalmente crostas, estágio final, quando as feridas caem. A transmissão ocorre, principalmente, no contato com as lesões.
Para prevenir a doença, é importante evitar contato próximo ou íntimo com a pessoa doente até que as feridas cicatrizem, e com quaisquer materiais que tenham sido utilizados pelo doente; e higienizar as mãos – lavar frequentemente com água e sabão ou álcool gel. Dos oito casos suspeitos, Ceará, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e São Paulo têm um cada. O ministério monitora ainda dois casos em Rondônia e outros dois em Santa Catarina.
A vacina contra a varíola humana tinha proteção contra a dos macacos. Mas, segundo o Butantan, deixou de ser aplicada há muito tempo, já que a doença foi erradicada no início da década de 1980 – pessoas com idade inferior a 40 anos nunca foram imunizadas no Brasil. Uma vacina contra a varíola humana, indicada contra a “Monkeypox”, é produzida pela farmacêutica dinamarquesa Bavária Northean, mas não é fabricada em larga ou escala mundial.
No domingo (5), a Organização Mundial da Saúde disse ter confirmado 780 casos de varíola dos macacos em todo o mundo. Os dados se referem ao período de 13 de maio a 2 de junho e correspondem apenas a doentes identificados em locais em que a doença não é endêmica. Não foram relatadas mortes. Em relação ao primeiro caso no Brasil, o ministério afirmou que “todas as medidas de contenção e controle foram adotadas desde a internação do paciente”.