Empresa culpa covid, e não dá prazo para entregar 6,5 mil uniformes; Aprígio cala

Especial para o VERBO ONLINE

Aprígio e o secretário Junior (Administração), que assinou contrato para compra de uniforme; empresa culpa pandemia para não entregar 6,5 mil kits | Divulgação

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Mesmo com o primeiro semestre letivo quase no fim e as férias a menos de um mês, o prefeito Aprígio (Podemos) ainda não entregou o uniforme escolar para mais de 6 mil alunos da rede municipal de Taboão da Serra sob alegação de que a ganhadora da licitação não forneceu os kits, mostrou uma emissora de TV. Após questionamento de um jornal da região, a empresa se pronunciou. Já o governo ainda não esclareceu o atraso na distribuição do vestuário.

O “Bom Dia São Paulo” (TV Globo) mostrou na sexta-feira (3) que as crianças estão tendo de usar roupas “normais” para ir à escola. “O Pedro está com a camiseta que é da creche do ano passado. A blusa é comum, a do uniforme do ano passado sujou já, […] está para lavar. A calça, também só tem uma, a que sobrou do ano passado, e [agora] está usando uma comum, porque também está para lavar. […] O tênis, a mesma coisa”, disse o pai Marcelo Ribeiro.

O jornal informou que a prefeitura fez a licitação para 30 mil uniformes (e mil de reserva) em outubro e efetivou a compra em dezembro, com prazo de entrega em até 60 dias, até fevereiro. Mas recebeu 6.500 com tamanhos errados e tecido inferior. Uma escola municipal, a Cecília Meirelles, no Jardim Helena, não entregou as peças para nenhum aluno para evitar que uma parte recebesse e a outra, não – ou seja, mais crianças estão sem a roupa escolar.

A mãe Renata Paciello disse que os tamanhos entregues são para criança de 2 anos. “É impossível uma criança de 5 anos usar um uniforme daquele. E a gola que era para ser em ‘v’, [as camisetas] vieram com gola errada. Não passa uma cabeça ali nunca. Ela [filha] está indo [para escola] de roupa normal, do dia a dia. Somente a camiseta [antiga] que deu para aproveitar. Criança cresce, não tem como aproveitar roupa do ano passado, calça, blusa”, disse.

O “BDSP” informou também que os pais reclamam que o material escolar acabou de chegar (atrasado) e o uniforme, nem sinal. “Os materias chegaram tem menos de um mês, e os uniformes, nada ainda, e não tem nenhuma previsão. […] E agora com o frio piorou”, criticou ainda Marcelo. Ao jornal, o governo disse que ia convocar a Kless Comercial de Produtos do Vestuário a prestar esclarecimentos “na manhã de hoje [sexta]”, ou seja, ia ainda questionar a empresa.

“A secretaria convocou hoje, depois que a gente resolveu visitar a cidade”, ironizou o apresentador. “‘Caso o fornecedor não cumpra o contrato’, diz a secretaria, ‘as medidas legais serão tomadas, e o contrato poderá ser rescindido’. Também agora?”, criticou. Ao “BDSP”, a Kless não se pronunciou. Já nesta semana, após contato do jornal “Atual” ontem, a empresa se manifestou nesta quinta-feira, só quase uma semana depois da denúncia de pais.

A Kless admitiu “que houve de fato atraso na entrega dos kits de uniforms de algumas escolas” e alegou “falta de matéria-prima disponível no mercado nacional, assim considerados os fios e fibras de poliéster que são importados da China”. “Como sabe, estamos saindo da maior pandemia desde a gripe espanhola, onde as fábricas do mundo todo pararam por quase dois anos […]. Obviamente, a cadeia produtiva foi prejudicada”, diz em parte da nota.

A Kless não se pronunciou, porém, sobre a quantidade restante (6.500 uniformes) e não deu prazo para entregar o que falta. Aprígio comprou 32 mil kits (em vez de 31 mil) por R$ 10,7 milhões (R$ 10.708.880,00), já teve “faturado” (processado) R$ 5,6 milhões (R$ 5.650.464,04) e já pagou R$ 3,6 milhões (R$ 3.676.205,52). Ao contrário da empresa, o governo não veio a público esclarecer o atraso no contrato, assinado pelo secretário Junior Eckstein (Administração).

VEJA DADOS DO CONTRATO DA PREFEITURA DE TABOÃO DA SERRA PARA COMPRA DE UNIFORME ESCOLAR

Fonte: Portal da Transparência

VEJA EXPLICAÇÃO DA CONTRATADA DA GESTÃO APRÍGIO PARA NÃO ENTREGAR 6,5 MIL UNIFORMES ESCOLARES

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