ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Uma moradora vizinha da adega na qual uma apresentação de samba acabou em corre-corre e com pessoas passando mal após a chegada da Guarda Civil Municipal de Taboão da Serra disse que a GCM usou bombas de gás para dispersar o público que curtia o evento, no Jardim São Salvador (Pirajuçara), no domingo (29). Ela contesta a corporação. O inspetor Borgatto, que comandou a ação, disse que a GCM não usou, inclusive não possui o artefato.
Durante o “Samba do Beto Sorriso”, diante da adega, a esquina da rua Dez de Março com a rua (com movimento de avenida) Antonio de Oliveira Salazar ficou tomada por moradores e visitantes, em confraternização sem registro de confusão, apesar da aglomeração. Por volta de 21h, porém, o tumulto começou após GCMs chegarem em pelo menos duas viaturas. Pessoas correram e outras caíram no chão com dificuldade de respirar e desacordadas.
Um cliente que estava no evento popular de rua contou ao VERBO que a Guarda usou o artefato lacrimogêneo. “O samba estava acontecendo, cheio de gente, famílias com bebê. De repente, começou um corre-corre. Era a GCM chegando. Chutaram os tambores e jogaram bomba de gás. O povo começou a passar mal. Vi uma moça caída e desacordada e um rapaz que vomitou, mas todos que estavam próximo ao samba sentiram o gás”, disse o morador.
Procurado por este portal, Borgatto negou uso do artefato. “Não houve excesso nenhum por parte da GCM. Os que vieram em nossa direção foram contidos por outros clientes da adega. E não temos bomba de gás, ou seja, não jogamos uma única bomba. O uso de gás de pimenta ou lacrimogêneo está proibido aqui na GCM já há algum tempo”, afirmou. Indagado mais uma vez se a Guarda não dispersou a multidão com bomba de gás, ele disse: “Não”.
Contudo, na terça-feira (31), o jornalista David da Silva publicou a vizinha relatar que a GCM usou de artefato de gás na ação. “Sou moradora da rua 10 de março e teve bomba sim, eu estava no terraço da minha casa. Meus netos passaram mal. Chegaram na maior violência, jogando gás, chutando moto, tambor, sem um pingo de preparo. Sempre assim, faz as coisas e depois diz que não fez e a população com medo de represália não denuncia”, disse.
A moradora contou que chegou a ir para a rua e conversar com o inspetor Borgatto no local. “Desci pra falar com esse senhor que diz que não teve bomba. Só quando falamos que íamos denunciar e ligamos ao vereador [Alex Bodinho] que pararam com a violência e quiseram conversar. Pena que não tenho as filmagens pra enviar, mas se conseguirem violência [vídeo] pra você, porque contra fatos não há argumentos. Bando de mentirosos”, acrescentou.
Conforme postagem de David, que foi procurado em privado, a vizinha prosseguiu com o relato ao divulgar um vídeo. “Neste momento, eles já tinham jogado as bombas e o povo correu. O Borgatto desceu a rua, chutou a moto e os tambores que estavam mais pra baixo sem necessidade. Só pararam porque filmamos e falamos que íamos denunciar a forma da abordagem. Aí quiseram até conversar. Mas chegaram que [com] bastante violência”, disse.
Procurado novamente neste sábado por este portal, Borgatto não respondeu. O morador presente ao evento que denunciou o uso de bomba de gás por parte da GCM na abordagem aos frequentadores do samba voltou a falar com a reportagem após o inspetor negar a utilização do artefato na ação. Ele contestou mais uma vez a fala do agente. “Ele [Borgatto] nega o uso de bomba, [e] todo mundo com dificuldade de respirar. O que foi aquilo então?”, criticou.
VEJA VIZINHA DE ADEGA RELATAR A REPÓRTER QUE GCM USOU BOMBA DE GÁS PARA DISPERSAR PÚBLICO