ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O presidente da Câmara de Embu das Artes, Renato Oliveira (MDB), disse na sessão na quarta-feira passada (27) que é “mentira” o caso em que desacatou uma mulher – médica – em hospital público em Santa Catarina com xingamentos indecorosos e chegou a debochar do relato da denúncia, mesmo sendo processado e já estar prestes a receber ordem judicial com a punição. O fato foi revelado com exclusividade pelo VERBO na própria quarta-feira.
Abidan Henrique (PSB) revelou, na sessão, o novo “caso Renato”. “Gostaria de saber se o senhor foi, também, com carro oficial, não para o Rio de Janeiro, mas para Balneário Camboriú, no dia 6 de fevereiro de 2021? Chegou ao meu gabinete, anonimamente, a denúncia de que o senhor está envolvido em mais uma confusão, mais uma trapalhada”, disse, para citar os insultos. Renato disse à médica “não vai me atender, então vai dar o cu”, “vagabunda”, “puta”.
“[Ele falou ainda] ‘Você não sabe com quem está falando’. Já ouviram essa frase?”, disse Abidan, sobre Renato ter dado “carteirada” no Rio, acusado de injúria racial e peculato. “Me enoja ter que subir aqui no plenário [tribuna] mais uma vez para contar um caso em que o senhor foi violento, foi agressivo, com uma mulher. Se depender de mim, o senhor vai ter mais um processo de cassação, por ter insultado e violentado com palavras aquela mulher”, falou.
Renato, que procurou atendimento para um corte no dedão do pé, também resistiu à prisão e xingou os policiais. Um PM relatou, no boletim de ocorrência, que se deparou com o paciente “visivelmente embriagado, alterado e demonstrando agressividade com a médica”. “O senhor não tem postura, não tem respeito. Peça renúncia. O senhor não tem condições nem políticas nem mentais de ser vereador e muito menos presidente da Câmara”, disse Abidan.
Em vez de se explicar sobre ato grave, Renato preferiu debochar ao se dirigir a Abidan e também aos governistas dissidentes. “O senhor deveria trabalhar no [programa de fofocas] ‘TV Fama’ ou substituir Leo Dias. Vocês estão caçando confusão, briga. Você está criando história. Por que vocês não vão na escola onde estudei a 8ª série ver as brigas do recreio para trazerem para cá? Calma, vocês estão tudo desesperados. Vocês não têm maioria”, zombou.
Abidan apresentou requerimento sobre a estada de Renato na cidade catarinense. “Estou requerendo o [pagamento automático de pedágio] ‘Sem Parar’ e todos os dados de deslocamento do carro do senhor, inclusive abastecimento, em janeiro e fevereiro de 2021, quando estava envolvido neste processo do Ministério Público em Santa Catarina”, disse. A votação para aceitação ou não empatou – governistas e dissidentes/oposição tiveram sete votos, cada.
Apesar de alvo do pedido de informações, Renato desempatou com voto a favor do requerimento, que foi aprovado. Ele, porém, induziu os aliados a votar contra e os expôs como favoráveis à ocultação de dados. Abidan não perdoou. “Qualquer interesse que seja, todas as vezes que os vereadores votam pela falta de transparência, para esconder alguma coisa, fico triste. Fico triste pelos vereadores, que foram contra mesmo ao saberem desta ‘bomba'”, afirmou.
Contudo, ao buscar capitalizar o voto, Renato fez afirmação desmentida no processo. “Tudo o que o senhor está solicitando, estou entregando [promete entregar], porque mais uma vez o senhor está mentindo no seu desespero”, disse, ao se dirigir a Abidan. O dissidente Índio Silva (Republicanos) confrontou a fala do presidente. “Quero dizer para o senhor que logo mais vão chegar as imagens de que o xingou a moça, destratou a funcionária pública”, disse.
“É só darem uma lida no processo, fiquem à vontade, porque ele disse agora que é mentira, que é tudo conversa”, disse Índio aos vereadores. “É como já falei: quem não deve não teme”, reforçou, ao indicar que Renato tenta desacreditar o fato, apesar do processo. O MP já propôs punição a Renato, com aceitação da Justiça. O presidente será intimado a pagar multa de meio salário mínimo ou cumprir pena de prestação de serviços comunitários.
VEJA REGISTRO DE DESACATO DE RENATO OLIVEIRA A MÉDICA EM HOSPITAL EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ, SC