Após admitir prevaricar e levar ‘invertida’, Luiz do Depósito usa moradores para esvaziar sessão

Especial para o VERBO ONLINE

Abidan (1º esq.) diz a Luiz do Depósito (1º dir.) por que 'não falou nada' sobre irregularidades nas gestões passadas; Índio diz que Abidan 'enterrou' Luiz | Reprodução

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O vereador Luiz do Depósito (MDB) acusou ilegalidades e mau uso do dinheiro público em gestões anteriores para atacar Abidan Henrique (PSB), mas tinha mandato e não denunciou, admitindo que prevaricou, e usou moradores que sofrem com enchentes para esvaziar sessão em defesa de Renato Oliveira (MDB). Secretário, ele foi convocado pelo prefeito Ney Santos (Republicanos) para reassumir a vereança para procurar livrar Renato de cassação.

Recrutado por Ney para atingir Abidan, autor do pedido de cassação de Renato por injúria racial e peculato, Luiz do Depósito, descontrolado, partiu ao ataque, na sessão no dia 20. “Eu não sei se você caiu de paraqueda, cara, mas ou não conhece a cidade ou quer se promover com a desgraça dos outros. A avenida das Pombas foi canalizada pelo governo seu, do PT. Onde está o dinheiro? Diminuíram a obra pela metade para fazer os caixas de vocês”, disse.

Depois, Luiz do Depósito apontou endividamento com o fundo de previdência dos servidores. “Dá para trazer para mim um apanhado de quando começou a deficiência do Embuprev? Quanto Ney pegou e o jeito que vocês deixaram? Vocês não pagaram à Embuprev”, acusou. Ele, curiosamente, admitiu que aprovou o desfalque. “Várias vezes eu assinei projetos do Chico Brito, fazendo o mesmo que o Ney está fazendo agora. Vocês fizeram um rombo”, falou.

Luiz do Depósito ainda “encheu a boca” para acusar outras irregularidades, apesar de ter sido da base do governo Chico, em confissão de que nunca fiscalizou o Executivo. “O seu governo deixou R$ 200 milhões de rombo na cidade. E no seu governo tinha 1.380 cargos de confiança, e hoje ‘male-male’ temos 380 cargos. Vocês, sim, tinham um cabide de emprego. Daqui para frente, tudo que falar, você vai trazer provas, sua fala não vai ficar em vão”, disse.

Abidan rebateu. “O senhor disse que fui de governos corruptos, mas eu entrei na política há um ano e pouco apenas e o meu partido é o PSB. Disse que teve corrupção na obra da avenida das Pombas, que o Embuprev tem dívida que vem acumulando, a pandemia em Embu foi diferenciada – concordo, foram desviados R$ 20 milhões com a tenda, que o Ney está respondendo. E disse que tinha um monte de cargos comissionados na gestão anterior”, introduziu.

“A pergunta que eu faço é: o senhor está no quinto mandato; por que em 20 anos de política nunca falou nada?”, disse Abidan, para vibração do público na galeria da Câmara. “O senhor participou da gestão do Geraldo [Cruz]. Participou da gestão do Chico. Depois, participou da gestão do Ney. Quando o vereador sabe de esquema de corrupção e não denuncia, é prevaricação. Isso é muito grave no exercício do mandato”, afirmou, sob mais palmas.

Na quarta-feira (27), Luiz do Depósito quis atacar Índio Silva (Republicanos). Sobre Índio ter dito que Gerson Olegário (Avante) foi “Judas” ao não honrar a palavra dada aos dissidentes, ele reclamou, sem citar o nome do colega, que um membro da base de Ney foi desrespeitado e ameaçou Índio. “O vereador se coloque no lugar dele. Aí cabe decoro também, não pensem que é só querer cassação [de Renato] porque junta a panelinha. Nós temos maioria”, disse.

Índio reagiu. “Na sessão passada, o Abidan pegou o senhor, colocou de cabeça para baixo e enterrou”, disparou. O colega quis aparte. “Não dou, o senhor já usou o seu tempo”, disse Índio. “Quem manda é o presidente”, falou Luiz do Depósito. Levou nova reprimenda. “Espero que não tenha vindo para cá para fazer coisa errada. O senhor tem cinco mandatos. Espero que não manche o seu legado”, disse Índio, sobre o colega querer a “impunidade” no caso Renato.

Contudo, Luiz do Depósito pediu a suspensão da sessão para os vereadores receberem moradores que “levou” à Câmara para discutir sobre enchentes no Jardim Júlia, mas sem chamar o secretário de Obras. Renato não se reuniu com os munícipes e deixou o plenário com os governistas. Eles se evadiram para evitar o “desgaste” de defender o presidente “problemático” – Abidan expôs que Renato também agrediu verbalmente uma médica em Santa Catarina.

Bobilel Castilho (PSC) condenou a “manobra” de Luiz do Depósito e dos demais governistas. “Dói em mim usarem o povo como massa de manobra. O vereador convocou moradores que passam por dificuldade com enchentes para virem para sessão, às 10h. O presidente ficou lá [no gabinete] e só desceu às 11h30 já para começar a sessão. Depois vão embora sem dar ao menos uma satisfação a vocês. É uma falta de respeito com quem paga nosso salário!”, disse.

OUÇA LUIZ DO DEPÓSITO ATACAR ABIDAN E TOMAR ‘INVERTIDA’ DO ADVERSÁRIO E REPRIMENDA DE ÍNDIO

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