Com Chico Brito como ‘mentor’, Ney é eleito presidente da Câmara de Embu

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Especial para o VERBO ONLINE

Em desfecho da negociação para definição do comando do Legislativo do qual o prefeito Chico Brito (PT) foi o grande “mentor”, o vereador Ney Santos (PSC) foi eleito neste sábado, dia 20 – como determinava a Lei Orgânica -, novo presidente da Câmara de Embu das Artes, para o biênio 2015-2016. A Mesa-diretora foi eleita também com Rosana do Arthur (PMDB) como vice-presidente, Edvânio Mendes (PT), 1º-secretário, e Jefferson do Caminhão (PR), 2º-secretário.

Como antecipou o VERBO, Ney foi eleito com ampla maioria, dez de 15 votos, dois terços da Casa. Não foram 11 votos por conta de que Gilson Oliveira (PT), eleitor declarado do vereador para presidir a Casa, decidiu seguir a orientação do partido e se absteve, mas mudou o voto na última hora, após telefonema do prefeito, apurou a reportagem. Como ainda revelou o VERBO, Gilvan da Saúde (Pros) foi o único a não votar no nome do restante da base de apoio de Chico.

Ney Santos (PSC) faz primeiro discurso como presidente eleito em que elogiou governo Chico Brito (PT)

Gilson citou texto bíblico dos falsos moralistas que não sentenciaram a adúltera e disse “quem sou eu para condenar se a Justiça não condenou”, em alusão a liminar que Ney conseguiu para responder a processo de compra de votos sem deixar o cargo. Já Gilvan, de tão “magoado”, na palavra de assessores, por ser descartado depois de ter a palavra de Chico, por acordo com o Pros, de que seria presidente da Casa, não declarou voto nem em si próprio, mas “contra” Ney.

Gilvan se mostrou contrariado com a escolha de um opositor. “Fomos eleitos os 13 vereadores na mesma coligação, dá a impressão que somos incompetentes ou não temos condições de ser presidente desta Casa”, reagiu. Ele alfinetou Ney e cobrou gratidão de Chico. “Ser base do governo é na hora boa e na hora difícil. Aprovamos vários projetos polêmicos, um foi o plano diretor, e defendemos o governo. No Embuprev, como funcionário público me curvei e votei”, declarou.

A eleição estava marcada para 10h, mas os vereadores começaram uma hora depois, ao resolverem não mais esperar pelo restabelecimento da energia elétrica – a falta de luz gerou rumor de manobra para não ser realizada a eleição com as posições “fechadas”, logo afastado com a informação de que o problema atingiria mais de dez pontos da cidade. Sem som, os vereadores, um a um, foram à tribuna e, em voz alta, nominaram os votos, do presidente ao 2º-secretário.

Enquanto Ney teve dez votos, com quatro abstenções – de petistas – e um voto contra, Rosana, para vice, e Jefferson, mantido 2º-secretário, foram eleitos por unanimidade. Edvânio, 1º-secretário, teve 14 votos, com uma abstenção, de Júlio Campanha (PTB). Com público formado em grande parte de convidados e correligionários de Ney, quando foi pronunciado o oitavo voto, garantidor da presidência por maioria simples, um assessor do vereador gritou “Chupa PT”.

Ao passar o “bastão” do comando da Câmara, Doda Pinheiro (PT) pediu que a Mesa eleita se paute por transparência nos atos e harmonia na relação entre vereadores e assessorias, para superar o frequente clima hostil entre militantes petistas e a equipe de Ney. Ele respondeu à manifestação chula e demonstrou irritação com postura de assessor do eleito de “invadir” o plenário e impor, sem falar com a direção da Casa, o uso de um som portátil na falta de energia.

“Para assumir a presidência de um legislativo que tem 15 vereadores em uma cidade com aproximadamente 250 mil habitantes tem que ter consciência de estar para servir. Somente para isso. E tem que democraticamente respeitar todas as instituições, todos os mandatos e pessoas que nos procuram nesta Casa, desde o presidente de uma grande empresa até uma simples pessoa que às vezes não tem nem o que comer”, avisou Doda – presidente até o dia 31.

Em primeiro discurso como presidente eleito, Ney disse que “a responsabilidade é maior ainda, e a gente [vereadores] tem que estar sempre unido nestes dois anos para fazer sempre o melhor para o nosso povo”. “Essa Mesa eleita hoje fará o máximo para, se não for melhor, manter o mesmo nível [desta gestão]”, disse. Ele falou que “em time que está ganhando não se mexe” e que o diretor Felipe Santos segue no cargo, mas “algumas reforminhas têm que acontecer”.

Ney (com martelo), Edvânio, 1º-secretário, ao lado, Jefferson e Rosana, Mesa até 31 de dezembro de 2016

Em pronunciamento de 13 minutos, Ney rebateu críticas e disse que não renegou ter sido eleito em coligação adversária e mesmo como oposição contribuiu com o município. “Eu não fui eleito para fazer oposição ao povo. Sempre abrimos diálogo, às vezes mudamos projetos, e votei nos que beneficiavam o povo. Por isso, parabenizo não só o prefeito Chico Brito, mas também o Natinha [vice, do Pros], todo o governo por esse trabalho maravilhoso”, disse.

Ney falou não ter passado “por cima de ninguém para chegar aonde estou hoje” sobre articulação em torno do próprio nome para o cargo e que o prefeito não interferiu na definição da nova presidência. “O único momento de o nosso prefeito Chico Brito se meter nesta eleição foi quando chamou todos os 15 vereadores e pediu para a gente decidir entre nós, e que qual fosse a Mesa-diretora que desse continuidade ao trabalho que fizemos nestes dois anos”, disse.

Mas, de acordo com um vereador do PT, a participação não foi limitada. “O prefeito Chico Brito é o grande mentor disso tudo”, disse. Chico selou aliança inusitada com adversário do PT para enfrentar o hoje desafeto deputado Geraldo Cruz (PT) na disputa por poder na sucessão em 2016. Ao final da sessão, um membro da executiva do partido, Erismar Santos, ligado a Geraldo, disse estar “envergonhado” em ter visto os petistas se absterem diante da eleição de rival.

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