Após desgaste ao afrontar mãe, Aprígio resolve parar de ‘fingir’ que fiscaliza PSs

Especial para o VERBO ONLINE

Reis, do 'gabinete', fiscaliza PSI no dia 18; Aprígio abre PSI no Trianon, mas só iniciou fiscalização 'séria' após desgaste ao confrontar mãe, no dia 14 | AO/Verbo/PMTS

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O prefeito Aprígio (Podemos) passou a fiscalizar a empresa que gerencia os prontos-socorros municipais de Taboão da Serra (SPDM) com “seriedade”, mas somente após sofrer forte desgaste político ao afrontar a mãe que estava com a filha “queimando de febre” nos braços à espera de primeiro atendimento por oito horas no Pronto-Socorro Infantil, no Jardim Trianon. O governo diz que já fazia o acompanhamento há meses, mas na prática era “para inglês ver”.

No último dia 14, Aprígio discutiu com Ariane Moraes com a filha de 2 anos à beira de convulsão ao ser cobrado sobre o PSI ter só um médico para atender quase 200 pacientes, em vez de dar “Danone” às crianças. A cena foi gravada e abalou o governo, a ponto de a mãe ser coagida pelo vereador Alex Bodinho (PL). “Ele veio dizendo para me retratar com o prefeito: tinham postado [o vídeo] e não estava legal, falavam que o prefeito não era bom”, relata.

No dia 15, exposto ao “vexame”, Aprígio voltou ao PSI e ignorou Ariane, cuja filha tinha ficado internada na unidade, após a demora no atendimento – a mãe só teve diagnóstico e início de tratamento para a criança após mais oito horas de espera, à 1h da madrugada daquela terça-feira. No dia seguinte (16), o governo começou a publicar vídeos da ida um “apresentador” aos PSs, inicialmente com um membro do Conselho de Fiscalização da Secretaria da Saúde.

Os emissários do prefeito estiveram primeiro no PSI. “Era para ter cinco médicos aqui. Agora tem quatro, porque um está acompanhando pacientes lá na UPA. E o tempo de espera está de uma hora e meia”, disse o “apresentador”. Depois, no PS Antena, ele disse que “o quadro de médicos está completo – tem cinco médicos atendendo no pronto-socorro e dois na ortopedia”. “Fiscalização feita com sucesso”, afirmou, sem a presença do gestor da pasta no vídeo.

Na UPA Akira Tada, o “apresentador” não mostrou a recepção, mas deu panorama positivo. “O atendimento está em cerca de dez minutos, mas é porque o quadro médico está completo”, disse, para exaltar Aprígio. O gestor não falou uma palavra – a dupla era “conduzida” pelo secretário Arnoldo Landiva (Comunicação), conhecido por sonegar informações e censurar a imprensa. “Por um instante, pensei estar na Nova Zelândia”, ironizou um servidor.

Na sexta-feira (18), o VERBO esteve no PSI para verificar o atendimento e se deparou com a fiscalização, mas não com o “apresentador” do secretário. Quem fiscalizava era o livre-nomeado João Reis. “Sou do gabinete [de Aprígio]. Vim aqui ver se [os médicos da escala] estão todos presentes. Tem o Conselho da Saúde fiscalizando, está fazendo videozinho, o meu negócio é papel. Temos a herança de um contrato anterior, que não conseguimos desfazer”, disse.

Reis procurou convencer a reportagem de que o governo Aprígio está fiscalizando os PSs não só agora, apesar das reclamações da população contra os PSs desde o início da atual gestão. Sem considerar a UPA – que também registrou grande espera com pacientes até sentados no chão -, no dia 6 de dezembro, ainda no PSI no Santo Onofre, a secretaria só esteve na unidade para fiscalizar a demora no atendimento após uma paciente chamar a polícia.

No dia 13 de dezembro, este portal acompanhou as mães esperarem por até 10 horas com apenas dois médicos “na porta” e em certos horários só um, sem nenhuma fiscalização. Reis foi, porém, insistente. “Fiscalizo as três unidades desde outubro, em horários aleatórios. Isso nunca existiu!”, disse. Mas, indagado sobre o dia em que Aprígio afrontou a mãe, ele nem deixou concluir a pergunta. “É, mas não estou todo dia e todo horário, né?”, alegou, em contradição.

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