ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Outro membro da base do governo Ney Santos (Republicanos) a reagir à ameaça de Renato Oliveira (MDB) de delatar governistas que fazem “rachadinha” na Câmara de Embu das Artes, o vereador Ricardo Almeida (Republicanos) afirmou na sessão na quarta-feira (16) que o presidente foi “muito irresponsável” e contra-atacou ao falar sobre contratos da Casa. Renato tentou intimidar os colegas ao se ver sob risco de ser cassado por quebra de decoro.
Alvo de pedido de perda do mandato por injúria racial e por usar carro oficial em férias no Rio de Janeiro (peculato), Renato disse que poderia pedir ao diretor do Coaf (órgão federal de controle de transações financeiras) para investigar “transferências bancárias de mesmos valores de assessores para outras pessoas, sistematicamente, todos os meses”. Na sessão, Bobilel Castilho (PSC) cobrou Renato para “ser responsável no que fala” e não “generalizar”.
Apesar de ser um dos vereadores “fiéis” ao governo Ney – mentor político de Renato – e mais discretos, Ricardo tocou também “no assunto que foi motivo de polêmica” e rebateu o presidente pelo que disse duas sessões atrás, no dia 3. “Querendo ou não, esta tribuna tem um peso muito grande: palavra e flecha lançada, ela não volta atrás, uma vez que fala não consegue mudar. Com todo respeito, foi uma fala muito irresponsável da parte do senhor”, introduziu.
Ricardo condenou a fala de Renato de generalizar a acusação de “rachadinha”. “Quando usamos um borrifador, mudamos o jato e direcionamos para a pessoa ou borrifamos e pegamos em todo mundo. O que o senhor fez aqui foi borrifar. E não se trata de carapuça”, prosseguiu, ao não se convencer sobre o presidente alegar que mirou o vereador Abidan Henrique (PDT) e não aceitar a divagação de que “quem fez algo de errado” vista a carapuça.
O vereador indicou que, como disse Bobilel, Renato jogou “palavras ao vento”. “A fala do senhor não tem fundamento nenhum. O senhor falou que conhece o diretor do Coaf. O Coaf investiga movimentações financeiras acima de R$ 50 mil. Então, o senhor tem um contato muito forte em Brasília para poder despachar essa tal de ‘rachadinha'”, ironizou. “Como se tocou em carapuça, deixar passar batido a fala aí, sim, serve a carapuça para quem ficar calado”, reagiu.
Mesmo após Renato ter dito direcionar a acusação ao único membro da oposição na Casa, no embate com Bobilel, Ricardo foi mais direto sobre a tentativa do presidente de se esquivar. “Eu estava reprisando o vídeo do senhor [discurso na sessão], o senhor não direciona a fala para o vereador Abidan, pulveriza os 16 vereadores. É uma falta de respeito. Agora, em questão do Ministério Público, eu não tenho problema nenhum, pode trazer”, desafiou.
Ricardo sugeriu, então, que o MP investigue os atos de Renato como presidente. “Que investigue tudo, investigue os contratos na Câmara. A reforma que foi feita sem o nosso consentimento. As coisas que são feitas às escuras, em meio à pandemia [da covid-19]. Isso tem que ser investigado”, disparou. “O senhor foi muito infeliz. Fica à vontade, meu gabinete está lá. O senhor deve ter a quebra de sigilo de todos os vereadores para poder falar na tribuna”, falou.
Ricardo advertiu Renato a ir às últimas consequências agora. “Gostaria que fosse fundo na investigação e abrisse essa ‘caixinha de pandora’ [de falcatruas], e os vereadores que tiverem essa movimentação [‘rachadinha’], a pessoa venha a ser punida, ser presa. E os demais pares não venham pagar por esse erro. O senhor falou que há movimentação. Que prove, senão vai estar prevaricando, e isso pode lhe custar um processo”, declarou, sereno. Renato ficou calado.
VEJA RICARDO REAGIR À ‘RACHADINHA’ E DEFENDER INVESTIGAÇÃO DOS CONTRATOS FIRMADOS POR RENATO