ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Com a “viralização” de vídeos em que é preso sob acusação de injúria racial, em condomínio na zona oeste do Rio de Janeiro, em 23 de janeiro, e a repercussão em sites e TVs, no dia 24, o vereador Renato Oliveira (MDB), presidente da Câmara de Embu das Artes, atônito, divulgou às pressas no dia seguinte um vídeo com 17 mulheres e oito homens negros para receber apoio e solidariedade. A ensaiada “claque” do político disse “confiar” que Renato “não é racista”.
A mulher que abriu o vídeo “#RacistaNão Eu confio no Renato Oliveira”, de quase três minutos e meio, disse que Renato, de 29 anos, “é uma das pessoas mais acessíveis e respeitosas que já encontrei durante as minhas coberturas fotográficas”. Outra “apoiadora” falou que “ele é uma pessoa excepcional, nunca vi ele tratar ninguém com indiferença”. Um dos homens disse que quem não conhece Renato “vai ver o coração grande que tem esse menino”.
Agressivo, Renato tem, porém, “currículo” oposto. Ele “mostrou a que veio” logo no início do governo Ney Santos (Republicanos), de quem é “afilhado político”. Em 2017, o então subscretário de Comunicação ficou nas redes sociais para hostilizar moradores. Em março, quando uma munícipe reagiu a um comentário violento do auxiliar do prefeito e questionou “Pensei que era evangélico, vai entender”, Renato, desrespeitoso, apelou: “Petralha chata da porra”.
Em 2019, durante a entrega da reforma do Pronto-Socorro Central, Renato foi criticado pelo vereador Bobilel Castilho (PSC), do mesmo grupo político na cidade. Bobilel disse discordar do “marketing” da ação assistencialista de Renato, o “Play no Bem”, uma campanha disfarçada – antecipada – a vereador. Renato foi tirar satisfação em “live” com Bobilel. Repelido, ele fez nova transmissão em que chamou o vereador de “semianalfabeto” e com “sério problema cognitivo”.
Renato causou várias confusões. Passou dos limites, porém, em 2017, quando, com o segurança pessoal, derrubou o repórter do VERBO Gabriel Binho da moto, na rodovia Régis Bittencourt, de madrugada. Ele só confessou após descoberto por pressão da imprensa, inclusive deste portal, que chegou a levar o caso ao então governador Geraldo Alckmin. Apesar de criar falsos “álibis”, ele vai a júri popular por tentativa de homicídio triplamente qualificado.
No vídeo dos “amigos”, pelo menos quatro indivíduos disseram que o vereador tem “respeito” ou é “respeitoso” com as pessoas e uma mulher chegou a falar que “Renato é uma pessoa incrível, de uma índole perfeita”. Mas, em 2016, então assessor na Câmara do à época vereador e presidente Ney, Renato agarrou a perna de uma adolescente, na parte interna da coxa, e com o rosto próximo aos seios da garota disse: “Essa é a verdadeira cultura do estupro”.
Ainda na “claque”, uma veterinária disse que Renato é solícito e “sempre esteve com o seu gabinete aberto para nos ajudar em todas as questões apresentadas”. Após a denúncia de injúria vir a público, porém, uma mulher negra “isenta”, que não mora em Embu, disse sobre Renato: “Ele é nojento demais. ‘A’ dois anos atrás o prefeito Ney Santos marcou pra ‘mim’ falar com ele. Esse cara me brecou na porta do gabinete. Sabe, eu tenho nojo desse cara aff”.
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– A coluna Panorama é publicada às segundas, quartas e sextas-feiras