ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O pré-candidato a governador de São Paulo em 2022 Guilherme Boulos (PSOL) visitou nesta terça-feira (14) Itapecerica da Serra, Embu das Artes e Taboão da Serra e na última parada da “Virada Paulista” prometeu o metrô para Taboão, ao dizer ser “particularmente relevante” e existir “recurso para isso”. Ele apontou como carências da região, além do transporte público, a habitação e o emprego, e fez críticas ao PSDB e ao governador João Doria.
Após falar a apoiadores e simpatizantes no Cemur, questionado pelo VERBO, Boulos citou primeiro entre três maiores “dramas” da região o transporte público, quando prometeu o metrô a Taboão. “Não é à toa que a pauta do metrô vem aparecendo tanto. Aqui não temos trem [CPTM], o único meio de transporte de pessoas que saem do fundão de Itapecerica, Embu e Taboão é o ônibus intermunicipal, que é caro e não é de massa”, observou.
“A demanda do metrô é particularmente relevante nesta região. E digo mais, é iniciamente estender até o largo do Taboão, mas com plano futuro de extensão até o Pirajuçara, que tem uma concentração populacional tremenda”, afirmou. À tarde, em visita ao prefeito Aprígio (Podemos), ele disse que é viável. “Existe recurso para isso. A maior garantia é identificar e carimbar o recurso. O orçamento do Estado é de R$ 285 bilhões para 2022”, declarou.
Ao citar a habitação, Boulos, ex-coordenador do MTST (sem-teto), frisou que “é a área em que atuo há mais de 20 anos, conheço o déficit habitacional da região de perto”. “Taboão tem muito poucos terrenos disponíveis, é uma das cidades mais adensadas do país, mas tem ainda áreas, inclusive da CDHU, que podem ser negociadas com o movimento social para construção de moradia popular. É essencial, junto com a regularização fundiária”, disse.
Boulos disse que o desemprego “precisa ser enfrentado com uma política de reindustrialização e de viabilização emergencial de frente de trabalho”. “A frente de trabalho é uma das formas de sair do desemprego com o mínimo de dignidade para que não tem nada. Ao mesmo tempo, fazer um projeto a longo prazo com as universidades públicas, a Fapesp [centro de pesquisa], Etecs e Fatecs para São Paulo voltar a ser uma terra de oportunidades.”
Indagado pela reportagem sobre a saúde, Boulos classificou de “prioridade geral, nem coloco como regional”. “Com a pandemia, uma série de procedimentos ficou represada. O SUS precisará de investimento a mais neste próximo período. O Hospital Geral [do Pirajuçara] é insuficente para a demanda. Precisamos ter mais descentralização de recursos para a alta complexidade, mas também para pronto-atendimento e a atenção primária”, afirmou.
“Muitas consultas, muitos exames estão em uma fila de espera tremenda, Doria fez aquela promessa demagógica do ‘Corujão da Saúde’, uma mentira, falácia, jogada de marketing. Estamos fazendo uma discussão muito franca e profunda, inclusive com servidores de carreira de saúde do Estado para um plano ousado na área baseado no processo de descentralização e capilarização da rede de atendimento do SUS”, completou o pré-candidato.
Ao discursar no Cemur lotado, por moradores de condomínios ligados a movimentos de moradia que liderou, ele pontuou as críticas a Doria e ao PSDB. “É muito marketing para pouco trabalho, e aumentou agora o dinheiro para propaganda. É pronto-socorro fechando. Eu fui professor em São Paulo durante o governo [Geraldo] Alckmin, o salário do professor é uma vergonha, o Estado mais rico do país é um dos que pior paga o professor”, falou.
“E para o povo? Depois que passou a eleição, ele tirou o passe-livre do idoso com mais de 60 anos. Na virada do ano, querem aumentar o ônibus municipal [da capital] e intermunicipal e o metrô. E quem viaja para o interior sabe o preço do pedágio. O que eles fizeram de bom? Para não ser injusto, foi feito o Poupatempo. É impressionante ficar 30 anos governando o Estado e conseguir fazer de bom só um balcão para tirar RG mais rápido”, disparou.
Boulos disse ter ouvido em Itapecerica sobretudo demandas de cultura. Em Embu, no Novo Campo Limpo, visitou o projeto “Cozinha Solidária”. “É referência de segurança alimentar e combate à fome”, disse. Depois, em Taboão, conversou com trabalhadores da metalúrgica Cinpal, se reuniu com Aprígio e vereadores e realizou a “plenária” no Cemur. “Eu sou o único candidato ao governo que vem a Taboão sem GPS, todos os outros vão precisar”, ironizou.