ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Os 13 vereadores de Taboão da Serra – integrantes da base de Aprígio (Podemos) – atenderam ordem de retaliação do prefeito e ignoraram os funcionários públicos que durante manifestação chegaram à Câmara Municipal para cobrar a inclusão de reivindicações no orçamento de 2022, nesta terça-feira (14). Os parlamentares aprovaram a receita orçamentária, de R$ 1,152 bilhão, em segunda votação após darem um “passa-moleque” na categoria.
Após Aprígio garantir apenas a reposição da inflação deste ano e ignorar outras cinco reivindicações, cerca de 300 servidores fizeram uma paralisação e caminharam do centro de Taboão até a Câmara – pela rodovia Régis Bittencourt, por cerca de quatro quilômetros. Para evitar se expor a protestos, os vereadores só começaram a sessão quase duas horas depois do horário, às 11h47, apenas 13 minutos antes da interrupção regimental.
Logo ao iniciar, os vereadores se mostraram hostis ao funcionalismo. Marcos Paulo (PSDB) – que reassumiu o mandato depois de ficar três meses nos Estados Unidos “clandestinamente”, sem oficializar a viagem à Câmara, segundo funcionários da Casa – ficou irritado ao ler texto bíblico. “Favor ficar em silêncio até eu fazer a leitura, senão não consigo”, disse. “É regimental. A gente só quer respeito”, apelou o presidente Carlinhos do Leme (PSDB).
Após dizer que os vereadores estavam na Câmara desde as 10h, sob apupos, e que o secretário de Governo, Mario de Freitas, já estava na Casa, Carlinhos encaminhou diálogo com a comissão dos servidores com 10 a 15 pessoas “aqui em cima no auditório”, mas, após ouvir colegas, disse que ia ser na sala de reunião e com apenas dez membros. Na volta da sessão uma hora depois, os parlamentares já aprovaram o orçamento sem discussão.
Luzia Aprígio (Podemos), mulher do prefeito, foi a última a votar. “Parabéns, senhores vereadores, por conceder este orçamento, já separado um valor de alguns milhões destinados ao funcionalismo, [mas] que será discutido”, disse Carlinhos. Ele citou que a comissão não aceitou fazer a reunião, mas revelou que os vereadores impuseram condição após Freitas alegar que os servidores quebraram acordo de não pararem antes desta quarta-feira (15).
Após os vereadores aprovaram o orçamento sem garantir pleitos do funcionalismo – reposição da inflação de 2019 e 2020 em 1º de janeiro, pagamento dos valores do 14º aos servidores com férias vencidas, incorporação do abono ao salário, aumento do vale-alimentação, vale-transporte e vale-refeição -, Carlinhos ainda propôs nova reunião com a comissão, “informal”, a portas fechadas, em submissão ao prefeito que deixou perplexos os servidores.
“Inacreditável. Votaram o orçamento sem uma linha para o funcionalismo, nenhum item da nossa pauta foi incluído. Nos deram um ‘passa-moleque’. Queriam uma conversa com dez membros da comissão. Não aceitamos, éramos 16. Aceitaram receber os 16, mas sem imprensa, sem gravação, na sala da presidência, para ‘conversa informal’. Eles fariam a ata. Consultamos o movimento, que não concordou”, relatou um membro ao VERBO.
“Foi aprovado que o governo falaria com a comissão no plenário da Câmara. Nos comprometemos em ouvir, sem vaiar, e fazer assembleia para decidir sobre a proposta. Ficamos esperando. Os vereadores entraram no plenário e votaram sumariamente o orçamento, sem uma única discussão, observação ou fala de vereadores. Encerraram a sessão em seguida e viraram as costas para os funcionários. Ficamos plantados sem entender”, declarou.
Os servidores negam ter combinado não realizar manifestação até dia 15. “A comissão não tem como fazer ‘acordo’. Na reunião em 1º de dezembro, o governo pediu à comissão para o movimento esperar. A assembleia no dia 3 votou por não paralisar no dia 7 e irmos à Câmara e participar da sessão da primeira votação. Depois de lermos o orçamento e constatar que não havia nada [da pauta], o funcionalismo votou pela paralisação no dia 14”, explicou.
“A assembleia não teve acordo com o governo de esperar dia 15, após votação do orçamento”, frisou o membro. A comissão decidiu aguardar a resposta prometida pelo governo até esta quarta-feira. “Claudemir Alves, secretário adjunto de Governo, esteve lá o tempo todo e não falou consoco. A indignação é muito grade. Nesta quarta temos nova assembleia. Seguimos em estado de greve”, afirmou. Os servidores chamaram os vereadores de “traidores”.