ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Funcionários públicos de Taboão da Serra realizaram nesta quarta-feira (24) manifestação em frente à prefeitura para reivindicar reajuste salarial, vale-transporte, melhoria do vale-alimentação e compensação dos valores do extinto abono de férias. Eles disseram cobrar promessas eleitorais de Aprígio (Podemos) de valorização da categoria. Apesar de fechar o portão, o prefeito falou aos servidores, mas ouviu ser “mentiroso” e virou as costas.
Cerca de 500 servidores participaram da paralisação, que começou por volta das 7h30 e bloqueou a via da prefeitura – a maioria segurava cartazes com as reivindicações e críticas ao prefeito. Mesmo avisado do ato com antecedência, o governo fechou a entrada da sede da administração e posicionou viaturas e guardas municipais do lado de dentro do portão. Funcionários reagiram à “recepção” e chegaram a gritar que “aqui não tem bandido”.
Com os servidores atrás de grades, na rua, Aprígio, no pátio, fez um pronunciamento, mas foi interrompido várias vezes ao fazer fala considerada demagógica. “Estamos aqui para dizer que estamos do lado de vocês”, disse. Os manifestantes contestaram. “Sim, nós estamos. Vamos ouvir. Depois vocês falam se quiserem falar. […] Vai ser difícil a gente conversar se vocês não ouvirem”, prosseguiu. “A gente já ouviu demais”, falou uma servidora.
O prefeito preferiu falar sobre a extinção do “14º salário” (abono). “O que precisamos é de um bom entendimento de vocês de que não foi o Aprígio que cassou, que tirou esse direito de vocês. Pelo contrário, o Aprígio saiu daqui até Brasília para recorrer no STF. Tem protocolo disso”, disse, sob cobranças. “Querem ouvir ou querem que eu pare por aqui? Estou sendo educado, estou dizendo que fizeram uma injustiça com vocês”, disse, já impaciente.
“Mas eu também estou dizendo que temos uma ordem judicial, dizendo ‘não paga’. Vocês são pessoas esclarecidas […]. O que vamos fazer é buscar um entendimento para recuperar essa ‘perca’ salarial, que eu reconheço”, acrescentou Aprígio. “Tira os nomeados!”, disseram os servidores em coro, sobre os cabos eleitorais contratados pelo prefeito. “Estamos enxugando o máximo que a gente pode a folha de pagamento”, disse. Ele foi vaiado.
“Eu só fico pensando porque, [após] tantos anos sem aumento de salário, ninguém fez isso [paralisação]. O que acontecia?”, apelou Aprígio, ao “esquecer” que foi eleito com a promessa de que ia corrigir as perdas salariais do funcionalismo. Ele ainda fez um ataque que atingiu o movimento. “Estamos buscando uma solução, vamos encontrar e quando encontrarmos vamos trazer a resposta para vocês, sem precisar de politicagem”, afirmou.
Aprígio tentou de novo se esquivar. “A injustiça contra vocês foi feita lá no Tribunal de Justiça, não aqui. Por que vocês não se organizam com mais algumas cidades e busquem o direito de vocês? Nem vou dizer onde teriam que ir para pressionar quem tirou o direito de vocês”, disse, em recomendação inusitada, inclusive pela inércia. O TJ deu prazo de 90 dias para o governo compensar com uma lei a extinção do 14º, mas Aprígio achou o tempo curto.
Aprígio voltou a prometer uma “solução” e pediu “um pouco de paciência”, mas foi confrontado, alvo de vaias mais insistentes e chamado de “mentiroso”. Ele se irritou. “Vocês querem ouvir ou não? Então deixo vocês falarem”, disse, para em seguida entregar o microfone, cruzar os braços e dar as costas aos funcionários, que demonstraram insatisfação. “Cumpre as promessas! Cumpre as promessas!”, gritaram os servidores em coro mais uma vez.
Nas redes sociais, moradores, inclusive eleitores de Aprígio e pessoas que eram funcionários, rejeitaram o prefeito. “Votei nele e me arrependi”, disse uma munícipe. “Voto jogado no lixo”, falou um ex-livre-nomeado. Também dentro do governo o discurso de Aprígio foi considerado “terrível”. “Fez demagogia. Ele foi a Brasília, mas não foi para ver nada do funcionalismo, mas sim questões partidárias para 2022”, exemplificou um comissionado.
Após Aprígio sair, os manifestantes gritaram “chama a comissão”. A representação dos funcionários foi autorizada a entrar e foi ouvida no próprio pátio pelo secretário de Governo. Mario de Freitas recebeu abaixo-assinado com as reivindicações, mas alegou que “não há motivos para uma paralisação porque estamos em diálogo”. Um internauta sugeriu “cortar os cargos de confiança, começando pelo Freitas” – cujo filho teve aumento de 50%, para R$ 4,5 mil.
VEJA APRÍGIO DISCURSAR PARA SERVIDORES E SE IRRITAR APÓS VAIAS E SER CHAMADO DE MENTIROSO