ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Em entrevista sobre o racha com Aprígio (Podemos), na quarta-feira (22), o vice-prefeito José Vicente Buscarini (PSD) apontou que o prefeito é despreparado e sem mínimo de conhecimento da realidade do funcionalismo municipal ao dar como solução para defasagem de servidores da saúde convocar os que estavam trabalhando de casa, em “home office”. Enxotado do governo por Aprígio, Buscarini revelou o que chamou de fatos “pitorescos” da gestão.
Na segunda-feira (20), Aprígio anunciou o rompimento com Buscarini. Ele disse que o vice, aliado ao ex-prefeito Fernando Fernandes (PSDB), tramava um golpe para ser derrubado, sob alegação de “ouvir, por pelo menos três semanas, essa conversa” de “muitas pessoas” e “o comentário na rua”. Apesar de Buscarini não deixar de ser vice, ele disse que não terá relação institucional e o agora “inimigo” “pode ficar na casa dele fazendo o que quiser”.
Dois dias depois, Buscarini rechaçou ter feito “gestão” para tirar Aprígio do cargo, que se aliou a Fernando, que o ameaçou de morte e quis desistir da aliança ainda na campanha e no início do governo por vaidade ou por mirar a cadeira de prefeito. Ele rejeitou também a alegação de Aprígio para romper. “Em política não se diz ‘ouvi falar’, ‘me disseram’. Dê nomes”, desafiou. Aprígio é “mentiroso”, “precisa de um psquiatra” e “não sabe ser prefeito”, reagiu.
Na coletiva, Buscarini citou o episódio em que Aprígio se referiu ao funcionalismo e à saúde. “Na última reunião de secretários, ele perguntou para o [José Alberto] Tarifa qual era o problema [da pasta]. [Tarifa disse:] ”Seu’ Aprígio, estamos com dificuldades, estamos trabalhando com 70% da necessidade mínima de número de funcionários, em função da covid-19′. [Aprígio falou:] ‘Então, faz o seguinte, convoque os 30% que estão em casa'”, contou o vice.
“Jesus amado, a única secretaria que não parou foi a da Saúde! Ele acha que tem 30% das pessoas em casa, trabalhando por aplicativo”, criticou Buscarini. O governo virou alvo de duras críticas da população ao causar longas filas por pôr poucos profissionais para vacinar contra a covid-19. Em agosto, funcionários da UBS Parque Pinheiros fizeram um protesto por reajuste salarial e melhores condições de trabalho que se espalhou por várias categorias.
Buscarini citou mais despreparo. “Você já viu o ‘seu’ Aprígio anotando alguma coisa? Já viu na mesa do ‘seu’ Aprígio tela de computador? Já viu o ‘seu’ Aprígio lendo? Cai na real! Isso depõe contra o bom administrador”, falou. Ele disse que alertava Aprígio de que fazia “errado”. “[Ele falava:] ‘Tô vendo’. Aí eu dava uma ideia, ele dizia que a ideia era dele’. Ele tem dificuldade. O rompimento é inevitável, ele já vem perseguindo isso desde que ganhou”, disse.
Buscarini contou também que Aprígio contratou funcionárias “para correr todas as secretarias” para saber se os servidores trabalhavam. “Ele convida pessoas para trabalhar e tem um secretário. E quer conferir o ponto? A prefeitura tem 6.800 funcionários! Na secretaria da [esposa] Adriana, ela procurou um motorista. A Adriana deu risada, [disse] ‘vai perguntar ao Buscarini’. A pessoa: ‘Por quê?’ [Adriana:] ‘Porque trabalha com o Buscarini'”, falou.
“Outro dia, ela [a pessoa] procurou um cidadão exonerado no governo do Fernando, em agosto. Que baixaria! Um prefeito tem tempo para fazer uma coisa dessa?”, criticou Buscarini. Ele também reprovou o que disse ser a índole de Aprígio. “Ele desautoriza secretário, dá bronca em secretário na frente de todo mundo. Ele gosta de humilhar. Aí ele chega com aquela cara de bonzinho, de humilde, de cordeiro. Por trás, é uma maldade só!”, declarou Buscarini.
OUÇA BUSCARINI CONTAR QUE APRÍGIO ACHA QUE 30% DOS FUNCIONÁRIOS DA SAÚDE ESTÃO EM CASA