ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Em postura considerada autoritária e descontrolada, o presidente da Câmara de Embu das Artes, Renato Oliveira (MDB), falou para o vereador Abidan Henrique (PDT) calar a boca durante reunião com representantes da Sabesp, no Legislativo, na quarta-feira (22). Depois, na sessão, Renato desrespeitou o regime interno do parlamento e censurou a palavra ao vereador da oposição – o único na Casa. Abidan decidiu deixar o plenário após ser insultado.
Renato e demais governistas – aliados do prefeito Ney Santos (Republicanos) – chamaram a Sabesp para o que chamaram falsamente de “audiência pública”, por realizarem a porta fechada e não abrirem para a população. Não teria sido por acaso. Os vereadores fizeram discursos exaltados contra a companhia ao olhar apenas para a câmera segurada por um assessor na sala, sem dar atenção aos técnicos, para criar um fato político – um factoide.
Ao falar, Abidan se apresentou como engenheiro civil e citou alguns problemas da alçada da Sabesp em Embu, como desabastecimento e deficiência na captação de esgoto, mas ponderou que os os funcionários mereciam respeito, que não tinham responsabilidade pelas falhas da companhia e não deveriam ser filmados sem que autorizassem. “Eu falei que a reunião não era realmente para discutir nada sério”, disse o vereador ao VERBO.
Os vereadores se irritaram. Renato perdeu a compostura. “Quando vocês conseguem um advogado, como o vereador ali dizendo aqui diante de todo mundo que a Sabesp é uma empresa boa, ele tá mais perdido que cego em tiroteio. Esse vereador improdutivo faz engenharia não sei onde e ainda não entende de saneamento básico”, disse. Abidan retrucou. “Cale a boca que eu estou falando, cale a boca”, falou Renato, em quebra de decoro.
Na sessão, com os ânimos exaltados, Abidan foi alvo de ataques, do próprio Renato, por quem foi chamado de improdutivo, e de Aline Santos (MDB), que falou para o colega tomar vergonha na cara, entre outros. Abidan pediu a palavra com base no artigo 27, que prevê que o líder da bancada pode, “em qualquer momento da sessão, usar da palavra para tratar de assunto que por sua relevância e urgência, interesse ao conhecimento da Câmara”.
“Está indeferido o seu pedido”, barrou o presidente. Abidan pediu para ler o artigo que o permite falar. “O jurídico da Casa… Não. Gostaria que cortasse o microfone do vereador”, ordenou Renato, para ser atendido. Ele indicou respaldo do diretor-jurídico, mas Francisco Roberto é cargo de indicação política da presidência e conhecido por fazer vista grossa ao desrespeito ao regimento. Em seguida, Abidan deixou a sessão – vídeo da Câmara mostrou.
“Recebi vários ataques, eles distorceram, dizendo que eu falei bem da Sabesp. Mas o que me fez sair foi não ter sido atendido como líder de bancada. O trecho do regimento é muito claro, diz que eu posso falar por 10 minutos. Como o presidente não deu, eu vi que era questão política, que queria podar a minha fala”, disse Abidan. Ele deve entrar com processo contra a mesa-diretora. “Vou tomar as medidas jurídicas cabíveis”, declarou à reportagem.
> Colaborou a Redação do VERBO ONLINE