ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Em tragédia que não será esquecida pela população, a UPA de Taboão da Serra entrou em colapso em 5 de março e teve naquele fim de semana 11 mortes de pacientes com covid-19 à espera de UTI. Na ocasião, a secretária-adjunta Thamires Mary (Saúde) afirmou que o governo do Estado passou a negar leitos em 3 de março. Porém, o VERBO revelou mensagens em que Thamires disse que os internados já estavam sem UTI três dias antes.
“Essas são as fichas das 27 solicitações que fizemos para o [sistema] Cross desde 3 de março. Onze delas [pessoas], infelizmente, vieram a óbito. Todas as devolutivas foram de rejeição às vagas”, declarou Thamires. Contudo, este portal indagou a adjunta sobre afirmar que começou a solicitar leito de UTI no dia 3 se três dias depois, no dia 6 (sábado), falou que desde o dia 28 de fevereiro a UPA estava com 11 pacientes que precisavam ser transferidos.
“A partir do dia 3 de março que não houve mais nenhuma liberação. No dia 28 havia 11 [pacientes] esperando, mas o Cross ainda estava disponibilizando vagas”, afirmou Thamires. A reportagem falou: “Não foi isso que a senhora disse”. Ela, evasiva: “Eu não dei entrevista no sábado”. Mas este portal revelou mensagens em que no dia 6 ela fala: “Temos paciente esperando transferência desde 28.02 e Cross negando todas as vagas por superlotação de leitos”.
Não bastasse a inverdade no instante mais desesperador da história de Taboão, logo após o segundo fim de semana mais trágico na cidade – um mês depois das 11 mortes -, Thamires expôs onde estava “focada”. No dia 10 de abril, a UPA teve um óbito. No dia 11 (domingo), seis. No dia seguinte (12), ela postou um boletim da vacinação em Taboão. Normal, não fosse o grupo de WhatsApp ser sobre Embu das Artes (“Amar Embu faz a diferença”).
Não foi “acidente”. Quatro dias depois, Thamires postou de novo no grupo, desta vez um vídeo do diretor de Vigilância Epidemiológica, Milton Parron – aliás, com afirmações discutíveis, de que Taboão era o que mais vacinava, sem relacionar com a população; de que “despencamos nossas internações” – a UPA esvaziou porque os pacientes morreram sem UTI; e refutava a “mistura de vacinas” – o governo esconde até hoje o desvio de doses.
Nesta sexta-feira (3), Thamires divulgou que foi escolhida “Mulher Revelação 2021”, no 16º Prêmio Promotores de Desenvolvimento, do Fórum São Paulo. O critério seria o mesmo do vereador Ronaldo Onishi (DC), que concedeu a medalha “Laurita Ortega Mari” à adjunta, em maio, quando Taboão ultrapassava 700 mortes. “A medalha de Onishi para Thamires é agradecimento a nomeações de cabos eleitorais na Saúde”, elucidou o jornalista David da Silva.
ADJUNTA DE TABOÃO FAZ POSTAGEM EM GRUPO DE EMBU UM DIA DEPOIS DE 7 MORREREM NA UPA EM 48H