ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Em reunião que frustrou a expectativa de lideranças, nesta quinta-feira, dia 17, o Consórcio Intermunicipal da Região Sudoeste da Grande São Paulo não fez o anúncio da alça de retorno que reivindica na rodovia Régis Bittencourt (BR-116) entre Taboão da Serra e Embu das Artes por falta de definição do ponto da estrada para construção. O presidente do Conisud, Chico Brito (PT), e munícipes das duas cidades foram a Brasília na quarta-feira e estiveram na ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), mas deixaram a audiência sem a localização para a obra do viaduto.
A comitiva apenas conseguiu “tirar” da agência uma reunião na região, no dia 30, quarta-feira, aberta ao público, para apresentação do plano de obras na BR-116, que deverá ter a presença, além de técnicos do órgão, de representantes da concessionária da rodovia. “Eles vão apresentar o que está na concessão, o que está no contrato para ser feito, pela primeira vez vamos olhar o projeto inteiro, desde Juquitiba até Taboão. Vão falar tecnicamente, e nós vamos ouvir o povo. As soluções técnicas possíveis, os engenheiros vão ter que se virar para conseguir”, disse Chico, prefeito de Embu.
Chico defendia que o retorno fosse no km 277, parque industrial na cidade, mas recuou e passou a apoiar também alça no km 276 – que fica em Embu, mas atenderia bairros de Taboão -, inclusive concordou que o viaduto mais próximo à cidade vizinha seria prioridade na impossibilidade de construção de dois, depois de críticas do presidente da Câmara de Taboão, Eduardo Nóbrega (PR). O vereador foi até o prefeito em Embu na segunda-feira, dia 14, desfizeram as divergências e marcaram no Legislativo taboanense a reunião do Conisud, que acabou ocorrendo na Câmara de Embu.
Em telefonema no fim da tarde do dia anterior, Nóbrega pediu ao presidente Doda Pinheiro (PT) que recebesse a reunião. Ele e Fernando Fernandes foram bombardeados de críticas. “Em cima da hora, desmarcaram, falando que não podia acontecer na Câmara senão o presidente ia ter problema com o prefeito. Quero deixar claro que não estamos colocando a questão partidária acima do interesse da população”, declarou Chico, que criticou ainda a ausência dos dois na reunião na ANTT, marcada após “bafafá” de, inclusive, acionar o Dnit (órgão de infraestrutura de transportes).
“Essas figuras de Taboão foram no Dnit. Não é lá [responsável pelas obras na BR]. Chamaram uma pessoa do Dnit que foi à Câmara de Taboão sem saber o que estava falando”, disse o deputado Geraldo Cruz (PT), que pediu a audiência na agência. Ele atacou a postura de Nóbrega, inclusive de dizer que “eu e o Chico estamos puxando o viaduto para Embu”. “Fernando proíbe, e ele, no comando de um poder, aceita, não merece meu respeito, nem da população. Na reunião não conseguimos nada ainda, marcamos posição, mas foi muito ruim a ANTT perceber a nossa divisão”, reclamou.
O ex-vereador de Taboão da Serra Paulo Félix (PMDB), ligado ao movimento de moradia e que representou a sociedade civil na audiência, rechaçou a acusação da ANTT de que as manifestações do MST na BR colocavam em risco a vida dos usuários e avaliou que o embate por si só já demonstra que a causa pelo retorno não será fácil para que as lideranças ainda permitam o que chamou de “sabotagem política”, em ataque velado a Fernando, ex-aliado no PSDB. Ele poupou Nóbrega e se propôs a falar com o “amigo pessoal, jovem promissor da política de Taboão, para que abrace essa luta”.
O presidente do Conisud disse que solicitaria de novo a Câmara de Taboão da Serra para a reunião no dia 30, por meio de ofício que protocolaria na manhã seguinte na Casa. “Se depender desse grupo, o povo de Taboão não ficará fora da discussão”, afirmou. Em entrevista, Chico classificou a não realização da reunião em Taboão de “lamentável, até porque a Câmara tem que ter autonomia”, mas falou em procurar o prefeito para diálogo de união. A reportagem não localizou Eduardo Nóbrega, e contatou a assessoria de Fernando para que comentasse as críticas, mas não respondeu.