Após servidores da Saúde, assistentes sociais cobram de Aprígio reajuste salarial

Especial para o VERBO ONLINE

Profissionais do Centro de Referência Especializado de Assistência Social vestem preto 'em luto pela morte de direitos trabalhistas' como o dissíduo | Divulgação

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serrra

Menos de duas semanas depois do protesto de profissionais de enfermagem, uma nova – e numerosa – categoria do funcionalismo de Taboão da Serra fez uma manifestação nesta terça-feira (17) contra os baixos salários, a dos assistentes sociais, em ato que chamou a atenção por ter se espalhado. O prefeito Aprígio (Podemos) diz que a prefeitura está “quebrada”, mas não convence ao dar aumento por “baixo dos panos” até para filho de secretário.

No último dia 6, funcionários da UBS Parque Pinheiros se manifestaram na porta do local de trabalho em “luto pelo descaso que o senhor prefeito Aprígio vem fazendo com a área da saúde”. Além de gratificação aos técnicos e enfermeiros, o grupo reivindicou o dissíduo aprovado em 2020 antes do decreto do estado de pandemia da covid-19, o abono de férias (“14º salário”) – extinto por decisão judicial -, vale-transporte e reajuste do vale-alimentação.

Nesta terça, como parte de movimento ainda mais robusto, trabalhadores de um serviço sensível da administração, o Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), posaram para foto vestidos de preto “em luto pela morte de direitos trabalhistas”. O grupo de 20 assistentes sociais protestou contra o longo tempo sem reposição inflacionária – um ano e três meses -, a falta de vale-transporte e pela volta do abono de férias.

Os profissionais adotaram como lema da mobilização as palavras de ordem “Nenhum direito a menos” e chegam a conclamar “greve geral” do funcionalismo, como escrito em um cartaz – parte do grupo estava de braços braços -, em reação que não foi isolada. Após a “matriz” da assistência social, o movimento se espalhou. “Filiais” do serviço nas regiões, os Cras Clementino, Saporito, Monte Alegre, Trianon também se manifestaram contra o “arrocho”.

Em declaração emblemática da situação de penúria do funcionalismo de Taboão, uma funcionária comentou em postagem sobre a mobilização que os profissionais da categoria não se sentem estimulados a defender os interesses dos usuários. “‘Afinal, somos a garantia de direitos. Como podemos garantir os direitos dos cidadãos, se não garantimos os nossos’. Frase dita por uma assistente social maravilhosa. Em nossa reunião”, disse a servidora.

Além de não ter reajuste salarial, que dirá aumento, o funcionalismo amarga mais perdas sob o governo Aprígio. O abono de férias foi extinto, mas a gestão teve 90 dias de prazo “dado” pela Justiça para enviar à Câmara projeto de lei para “compensar” a retirada. Ainda ingressou com um recurso “mal feito”. “Foi tão mal elaborado que nem sequer menciona a questão constitucional”, postou o jornalista David da Silva, do blog “Bar & Lanches Taboão”.

Os servidores tiveram aumento foi no desconto da contribuição previdenciária, de 11% para 14%, em fevereiro. No ano passado, Aprígio atacou o prefeito Fernando Fernandes (PSDB) pela apresentação da matéria, que acabou não aprovada. Na cadeira, ao “pôr a mão no bolso” dos servidores, calou sobre o que chamava de “confisco” – que aprovou “sorratareiramente”, em sessão extraordinária, de forma simbólica e com o projeto em meio a outros.

Cobrado a pagar ao menos reposição salarial por servidores na porta da Câmara no aniversário da cidade, Aprígio alegou impedimento por lei federal, mas disse receber o grupo “mesmo para dizer não” – fala muito diferente na campanha. No plano de governo, ele diz “instituir uma política de valorização salarial para os servidores municipais com base no atendimento de metas, valorização dos resultados e da capacidade de organização e liderança”.

No entanto, em junho, Aprígio passou a falar que herdou a prefeitura endividada e “quebrada”. Na contra-mão do discurso, porém, ele apinhou a administração de funcionários de indicação política. “Minha secretaria está cheia de livres-nomeados. No ano passado, praticamente os chefes que eram livre-nomeados e alguns servidores em cargos designados. Cá entre nós, não tem mesa e computadores para toda essa gente que chegou”, disse uma servidora.

Em ato ainda mais “imoral”, Aprígio também deu, na “surdina”, aumento de 50% (de R$ 3 mil para R$ 4,5 mil) ao filho do segundo principal secretário que nomeou, Mario de Freitas (Governo) – atrás apenas do “manda-chuva-mor”, o genro do prefeito, Wagner Eckstein Junior. Os “arranjos inconfessáveis” se contariam em dezenas. “Dois ‘privilegiados’ ganham R$ 5,5 mil para ser segurança particular de um secretário”, disse uma fonte do governo.

CRAS CLEMENTINO, SAPORITO, MTE. ALEGRE E TRIANON PROTESTAM NESTA 3ª; NO DIA 6, UBS PQ. PINHEIROS

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