ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O governo Aprígio (Podemos) não se preparou adequadamente para vacinar na semana passada faixas etárias mais numerosas, as de jovens de 18 a 22 anos – além de pessoas de mais idade -, e obrigou os moradores a ficar até mais de quatro horas na fila. Como mostrou o VERBO no sábado (14), a Secretaria de Saúde colocou só um profissional para imunizar em pelo menos três UBSs. Enquanto isso, a secretária-adjunta estava na rede social.
Na UBS Salete na terça-feira (10), durante a manhã pelo menos, enquanto a reportagem esteve no local, apenas uma enfermeira vacinava – após passarem pelo cadastro com no mínimo três atendentes, 20 pessoas aguardavam para receber a dose. Raíne Vieira, 26, chegou ao posto para se vacinar às 6h40 e só saiu duas horas depois, às 8h35. “É muito demorado. […] Dificultam o máximo possível, poderia ser uma coisa mais prática”, reclamou.
Na sexta-feira (13), UBS Suiná tinha cerca de 100 pessoas na fila para tomar a primeira dose. Dois profissionais vacinavam, mas um fez a segunda aplicação na maior parte do tempo. Dois jovens chegaram às 8h50 e só foram vacinados às 12h40, quatro horas depois. “Quanto mais vai baixando a idade, mais gente tem. Eles tinham que estar preparados. Tinha que ter mais gente para atender, não só uma”, criticou a acompanhante de um rapaz.
O cúmulo da falta de “bom senso” ocorreu no Marabá, também nesta sexta. A vacinação ocorreu na quadra da Emef Ayrton Senna, mas gerou fila de cerca de 200 pessoas ao ter apenas uma enfermeira para aplicar a dose. “Cheguei às 10 horas e eles ainda estão ali dentro [da quadra]”, disse uma mãe que levou os filhos para se vacinar. “Ruim, né? Péssimo! Vou ficar quatro horas aqui”, disse, ao prever esperar mais meia hora – aguardou mais.
A moradora Eliete Brito, 59, nem chegou a esperar quatro horas, mas riu ao contar à reportagem ter chegado às 11h e saído vacinada apenas às 13h30. “É muito tempo, fila muito grande. Só tinha uma [enfermeira] para vacinar e revezava. É errado. E outra coisa: as meninas que fazem cadastro não estão dando conta, a enfermeira fica parada várias vezes, esperando paciente. Isso faz as pessoas esperarem mais. Tudo mais demorado”, reprovou.
Enquanto não só os moradores – inclusive sob frio e chuva – passavam sufoco, como também os profissionais de enfermagem, sobrecarregados em vacinar sozinhos uma multidão, a secretaria-adjunta Thamires May estava no Facebook, na sexta-feira, às 8h58, conforme postagem que fez. Em autoexaltação, ela escreveu, ao se referir a um telejornal: “Com mais de 230 mil doses aplicadas, Taboão da Serra, hoje em destaque na grande imprensa”.
Na ocasião, Taboão aplicara 230.263 vacinas, mas estava entre os cerca de 90 últimos municípios no Estado – era o 557º entre as 645 cidades paulistas. O município estacionou. Nesta segunda (16), com 240.813 doses ministradas, continua no 557º lugar, ao vacinar 176.445 pessoas com a primeira dose e 7.612 com a dose única. Imunizou com a segunda dose 56.756. Com os 7.612, estão totalmente imunizados 64.368 munícipes, apenas 21,91% da população.
OUTRO LADO
O VERBO questionou a subsecretária de Saúde sobre a pasta ter colocado apenas um profissional de enfermagem para vacinar grupos numerosos. Indagou ainda: “Enquanto a população estava no frio e até sob chuva e profissionais de saúde estavam sobrecarregados ao vacinar sozinhos centenas de pessoas, a senhora estava na rede social. Nessa situação, é razoável da parte da senhora como secretária-adjunta?”. Thamires não respondeu.
INDAGADA SOBRE SÓ UM PROFISSIONAL PARA VACINAR E TER FICADO EM REDE SOCIAL, THAMIRES SILENCIA
TABOÃO É APENAS O 557º ENTRE 645 MUNICÍPIOS PAULISTAS NA VACINAÇÃO EM 1ª DOSE/ÚNICA
