ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O prefeito Aprígio (Podemos) colocou o “capricho” acima do bem-estar coletivo e decidiu exonerar os funcionários indicados pelo vereador André Egydio (Podemos) sem pensar na população na “ponta”, nas consequências para os moradores que necessitam dos serviços municipais. Com a demissão dos comissionados de Egydio, munícipes estão sendo prejudicados com a falta de pessoal em setores sensíveis das unidades de saúde, por exemplo.
Conforme o VERBO revelou na quarta-feira (11), Egydio foi retaliado após apresentar uma emenda por benfeitorias para a Vigilância Sanitária. Com a mulher como diretora, ele causou “ciumeira” na família Aprígio. Após a primeira-dama e vereadora Luzia Aprígio (Podemos) “denunciar” a proposição do colega, o secretário Wagner Eckstein Junior, genro do casal, disse a Egydio que tinha que comunicar o governo e estava “legislando em causa própria”.
Egydio não aceitou ser “enquadrado” e teria dito que, pelo mesmo raciocínio, Luzia “legisla em causa própria o ano inteiro, já que é a mulher do prefeito”. O núcleo duro aprigista se melindrou. Como resultado, Aprígio exonerou todos os funcionários de Egydio na prefeitura, cerca de 20 cargos – visto como “marionete” nas mãos de Junior e do secretário Mario de Freitas (Governo), o prefeito retaliou o antigo aliado fiel por “birra”, segundo interlocutores.
O ato de Aprígio afetou o atendimento principalmente nas unidades de saúde, principal área de atuação do vereador conhecido como André da “Sorriso”, dentista. Nesta quinta-feira (12), o jornalista David da Silva publicou em rede social o nome de 11 funcionários de Egydio demitidos, nove na saúde – dois no posto Panorama, um no Margaridas, um no CSU, um no Suiná, um no Santo Onofre, dois no Ser e um no almoxarifado da secretaria.
Um dos nomeados de Egydio mandados embora citados por David, João Paulo de Araújo Garcia, por exemplo, trabalhava na UBS Suiná na regulação de vagas para consultas e exames de especialidades, setor crítico da gestão com alta demanda de pacientes – e foco de grande reclamação pela falta ou escassez de vagas e demora no agendamento. Com a saída do funcionário sem substituto, o posto está com atendimento precário no setor.
A regulação exige pessoal treinado. Com o agendamento feito pelas próprias UBSs, o funcionário tem que marcar as consultas e exames, entrar em contato com os moradores para avisar sobre o procedimento, verificar se os pacientes foram atendidos, reagendar se necessário, “puxar a fila”. Também precisa “atender a porta” – os usuários que vão à unidade reclamar atendimento -, pedir à secretaria vagas não disponibilizadas, pôr como prioridade.
Na UBS Suiná nesta sexta-feira, a reportagem perguntou no setor se Garcia estava na unidade e se ia voltar. “Não”, disse a funcionária, sozinha na sala. Com a saída do indicado de Egydio, a regulação só está atendendo com uma livre-nomeada, sobrecarregada – uma efetiva está de férias. Para piorar, a UBS atende a demanda também do posto do Jardim Clementino, que continua fechado após a desativação do PA da Covid-19, já há três meses.
Um funcionário da UBS confirmou a briga como motivo para a saída de Garcia – que tinha o cargo de assessor de gabinete II (salário de R$ 3.500). “O João Paulo foi exonerado. O vereador brigou com a esposa do prefeito, e o prefeito exonerou todo mundo dele. Já faz dias que não aparece. Ele era do Sorriso, o nome do vereador”, disse. Na prefeitura, tanto Aprígio como Egydio são criticados pelo impasse. “Dois velhos ranzinzas”, disse um comissionado.