ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
A Coordenadoria dos Direitos da Mulher do governo Aprígio (Podemos) tentou nesta segunda-feira (9) intimidar o VERBO após este portal procurar a coordenadora Gisele Luiza de Moraes para dar a própria versão sobre a afirmação da funcionária da prefeitura Maryah de Carvalho de que a gestora comentou que o prefeito disse que se o vereador Alex Bodinho (PL) “tentasse alguma coisa” contra Maryah era para o marido – policial militar – “resolver”.
Maryah denuncia o desvio e fura-fila de vacinas contra covid-19 na UBS Santo Onofre por funcionários de Bodinho e envolve o vereador. “Escondida” na coordenadoria, ela diz que foi vítima de “armação” por parte de Gisele e da auxiliar Simone Moreira, que as duas “montaram” boletim de ocorrência de que tinha sido agredida pelo marido e que Gisele a filmou no psiquiatra para ser “desacreditada” sobre a denúncia e fosse forçada a sair de Taboão.
“Eles estavam tentando me exonerar ou me isolar de alguma coisa, porque tudo que acontecia, a Gisele passava para ela. Tanto que a Gisele chegou para mim e falou que o ‘seu’ Aprígio falou para ela que se o Alex tentasse alguma coisa contra mim, por meu marido ser policial militar, era para o meu marido resolver”, relata Maryah. “O meu marido não é louco em se meter nesta história, porque não vai prejudicar a carreira dele, né?”, completa.
Este portal procurou Gisele sobre se tinha falado que Aprígio havia dito para o marido de Maryah resolver em caso de Bodinho “tentar alguma coisa” contra a denunciante. Ela não atendeu a ligação. A reportagem mandou mensagem de texto com o questionamento. Ela não respondeu. Também contatada, a Secretaria de Comunicação do governo Aprígio preferiu o silêncio – a pasta mostra incômodo com o jornalismo independente e crítico.
Na tarde desta segunda-feira, uma mulher telefonou para o repórter do VERBO. Ela ligou duas vezes, a partir de um número não identificado, para se manter anônima. Mas o telefonema, às 15h13, foi gravado pela reportagem, em áudio. Ela se identificou como “secretária da coordenadora Gisele Luiza” e partiu para a tentativa de intimidação contra o ofício jornalístico de procurar a parte atingida para comentar um fato, no caso, a afirmação de Maryah.
Ela disse ao repórter que não era para enviar mais mensagens a Gisele, senão “isso irá te prejudicar”. “Nós iremos tomar as medidas cabíveis ou registrar boletim de ocorrência, ok?!”, disse. Ela atacou ao dizer que “o senhor deve estar ganhando muito dinheiro […] com uma pessoa que não tem o mínimo de dignidade” – como se este portal fosse os veículos que ela talvez conheça. Questionado sobre a intimidação, a Comunicação não respondeu.
LEIA A TRANSCRIÇÃO DO MONÓLOGO PRATICAMENTE DA ‘SECRETÁRIA DE GISELE’ COM ATAQUE AO VERBO
VERBO – Alô.
Secretária da coordenadora dos Direitos da Mulher, Gisele Luiza de Moraes – Alô, boa tarde. Por gentileza, gostaria de falar com o Adilson.
VERBO – Pois não.
Secretária – É o senhor?
VERBO – Sim.
Secretária de Gisele – Senhor Adilson, aqui quem fala é a secretária da Gisele Luiza. Eu gostaria de dizer para o senhor a partir de agora não mandar mais nenhuma mensagem para ela, porque isso irá te prejudicar. Se o senhor tiver alguma coisa para perguntar, alguma coisa para falar, alguma coisa que o senhor quiser saber, o senhor vai se dirigir a partir de agora à Comunicação da Prefeitura Municipal de Taboão da Serra. Porque é incrível o que o senhor está fazendo, o senhor deve estar levando realmente muito dinheiro para estar colocando a sua carreira em jogo com uma pessoa que não tem um pingo de dignidade. Então, a partir de agora, o senhor ou para de mandar mensagem ou então iremos tomar as medidas cabíveis, porque até agora a doutora está esperando o senhor lá na delegacia, e o senhor não teve nem a coragem de aparecer, e muito menos na Comunicação. O senhor [queira], por gentileza, parar de mandar mensagem, porque senão nós iremos tomar as medidas cabíveis. Estamos entendidos?
VERBO – Quem está falando?
Secretária de Gisele – Estamos entendidos?!
VERBO – Não, não estamos entendidos, eu não sei o nome da senhora…
Secretária de Gisele – Então, a partir de agora, o senhor não irá mandar mais nenhuma mensagem. Qualquer mensagem que o senhor mandar, a partir de agora, é boletim de ocorrência, ok?!
VERBO – Qual o nome da senhora?
Secretária de Gisele – OK?! Eu já me apresentei no começo, se o senhor não ouviu, o problema é seu. Ok. Entendido, né? Boa tarde.
OUÇA ÁUDIO DE TELEFONEMA DA SECRETÁRIA DE COORDENADORIA COM INTIMIDAÇÃO AO VERBO
E-MAIL ENCAMINHADO PELO VERBO À SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO DE APRÍGIO, QUE NÃO RESPONDEU