Aprígio ameaça loteamento no Laguna em ‘área próxima à propriedade da filha’

Especial para o VERBO ONLINE

Em meio a centenas de moradores do loteamento do Laguna, Aprígio chega à área sob escolta fortemente armada e dialoga com famílias | Reprodução/Verbo

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O prefeito Aprígio (Podemos) se reuniu nesta quarta-feira (14) com moradores do loteamento do Parque Laguna no local e disse que não retirará as famílias que compraram lote e construíram na “parte de baixo”, mas que não permitirá novas construções na “parte de cima” do terreno. No entanto, moradores apontam que Aprígio tem interesse justamente no chamado “peito” da área por ser próxima à da propriedade de uma das filhas.

Aprígio compareceu ao loteamento após receber no gabinete uma comissão dos moradores que protestavam na frente da prefeitura na segunda-feira (12). Os manifestantes fizeram o ato após o prefeito abrir valetas nas ruas do local para impedir a entrada das famílias de carro e materiais de construção, em ação considerada “arbitrária”. Aprígio chegou à área escoltado pela Guarda Civil Municipal fortemente armada e cercado de secretários.

Apesar de chegar pouco depois das 10h, Aprígio resolveu esperar mais de uma hora por um carro de som para falar ao grande número de moradores reunidos – cerca de 600 famílias ou mais de 2 mil pessoas fazem parte do loteamento. Ele procurou reprovar a propriedade. “Onde vocês estão, o terreno é muito frágil, e pode a qualquer momento acontecer um acidente e vocês perderem todas as economias e tudo o que fizeram até hoje”, disse.

Um representante das famílias falou que a associação ia fiscalizar também. Aprígio investiu contra a representação dos moradores, mas foi censurado em público. “Eu nem deveria falar isso, mas o presidente da associação está aqui? Se o presidente no momento desse não está aqui…”, disse. A pessoa estava presente. “Está aqui o presidente. Eu ia falar mal da associação, mas como tem o presidente para falar, eu nao vou”, completou, constrangido.

Aprígio ameaçou intervir na fixação na “parte de cima”. “Não avancem para cá, e vou deixar como está. E vai ser fiscalizado todos dias. Se construir, se aumentar para cá, aí… Quem vier para cá, aí vou embargar”, afirmou. Ele disse querer o “cadastro de todo mundo” para ver se a obrigação de tirar da área é “de quem vendeu”, mas se for da prefeitura “vamos tirar e deixar onde não corram risco de morte”. Um drone do governo sobrevoava a área.

Cobrado a tapar as valetas que abriu nas ruas de terra para impedir a locomoção dos moradores de carro até as casas, Aprígio disse que ia resolver o problema – uma retroescavadeira chegou ao local. Porém, ele voltou a ameaçar com nova intervenção. “Eu fui, obstruí. Mas eu posso ir desobstruir, a máquina já está aí, vai tirar. […] Eu vou controlar bem essa área para cá. Se começar a ocupar aqui, aí eu volto e vou fazer buracos, sim”, declarou.

Uma moradora do loteamento, muito articulada com assessoria de advogados, disse, porém, que Aprígio não quer a fixação na “parte de cima” não por preocupação com a integridade das famílias. “Justamente a área do interesse do prefeito, ele não quer que faça mais nada. Essa área é do interesse dele! É a que fica atrás da Belas Artes, que é justamente próxima de onde a filha dele comprou. Essa área, ele não quer que ninguém mexa”, disse, enfática.

“O Aprígio não é bobo, a parte que ele quer não tem muitas construções, o pessoal comprou, mas está deixando plano para construir. É a parte do ‘peito’, justamente atrás do terreno que a filha dele, a Samara, comprou. Ele falou que ninguém mexesse. Senão, ele ia embargar tudo, mas é a parte que interessa a ele e a família dele. Nossos advogados entraram com três processos contra ele, um sobre ele ter tirado o nosso direito de ir e vir”, frisou.

A moradora foi contundente sobre Aprígio ter obstruído as ruas. “Ele já pôs a máquina no terreno para fechar a merda que ele fez”, disse, no fim da manhã. Porém, apenas uma valeta foi tapada. “Ele falou que se voltássemos a mexer com obra na parte que ele não quer ele ia abrir os buracos novamente. Mas ele não cumpriu com a palavra, ele falou que iria sair e mandar fechar todos. Se a prefeitura não fechar até sexta-feira, nós vamos fechar”, disse.

Outro morador gravou vídeos da máquina deixando a área, no fim da tarde. “De novo, ‘seu’ Aprígio, você está indo embora e deixando os moradores na mão. Tapou um buraco de mais de 30 que fez aí para cima. Não está certo, ‘seu’ Aprígio, o senhor fala uma coisa e faz outra”, disse, indignado. O VERBO não recebeu pronunciamento do governo sobre a reunião. Segundo moradores, uma nota oficial foi publicada em um veículo alinhado à gestão.

VEJA VÍDEOS DE MORADOR EM QUE RECLAMA DE APRÍGIO POR NÃO TAPAR AS VALETAS COMO PROMETEU

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