ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O prefeito Aprígio (Podemos) começou a cobrar no holerite de maio dos servidores municipais o aumento da contribuição previdenciária (desconto no salário), de 11% para 14%, que aprovou na Câmara em fevereiro, “sorrateiramente” – em sessão extraordinária, em meio a outros projetos e simbolicamente. Em 2020, de olho na eleição municipal, Aprígio chamou o ato de “confisco” para atacar o ex-prefeito Fernando Fernandes (PSDB).
Em abril do ano passado, Aprígio, então deputado estadual, fez um vídeo contra o projeto enviado pelo desafeto, Fernando. “Vou pedir para os funcionários públicos de Taboão da Serra para ficarem atentos e olharem quando vai ser votado o projeto que o prefeito mandou para Câmara Municipal confiscando 3% do salário de cada funcionário. Vou pedir para os vereadores, que maioria são compreensíveis, para que votem não a esse projeto”, disse.
Apesar da emenda constitucional fruto da reforma da previdência que determina que “municípios não poderão manter a alíquota inferior à da contribuição dos servidores da União”, Aprígio apelou ao “oportunismo”. Contudo, no dia 11 de fevereiro deste ano, após cooptar com dezenas de cargos os oito vereadores que pressionavam por “participação” na administração, Aprígio aprovou o mesmo projeto que condenava quando era oposição.
Logo após aprovar o aumento da contribuição do funcionalismo ao Taboãoprev, porém, antes da sessão de aniversário da cidade, em 18 de fevereiro, Aprígio foi alvo de protesto na Câmara. Ele falou com o grupo de servidores, mas não explicou sobre ter feito o contrário de quando era candidato. “O governo federal proibiu dar aumento”, disse. “Mas pode descontar. Meu Deus!”, reclamou um servidor. Aprígio se fez de desentendido.
Servidores estão insatisfeitos com o aumento do desconto – o acréscimo não significa 3%, e sim 27%. “Ficamos anos sem nenhum tipo de aumento ou reposição da inflação, em 2019 tivemos uma lei que previa reajuste anual conforme os índices inflacionários – 9% em 2019, 2020 e 2021. Mas não houve sob a alegação da pandemia [da covid-19]. Acho uma afronta uma contribuição de 14%”, disse uma funcionária ao VERBO, sem querer se identificar.
“Já era uma contribuição bem alta, considerando os salários dos servidores. Infelizmente, os servidores estão anestesiados, pelo menos na minha secretaria não ouvi comentários de indignação”, acrescentou a funcionária, ao chamar a atenção, porém, sobre as condições de vida de muitos trabalhadores da prefeitura por conta do salário baixo e defasado. “Tem servidor em Taboão que está passando por situação de calamidade”, completou.
Apesar do novo governo, os servidores não poupam Aprígio. “Não se justifica esse aumento na alíquota. Até o próprio prefeito na campanha pedia o voto, afirmando não ser viável até porque o servidor nem salário tem para se manter. Essas foram as palavras dele antes de ser prefeito”, disse outro funcionário. No ano passado, no vídeo, Aprígio disse ainda aos servidores: “Podem contar comigo, esse projeto é muito cruel para nossos trabalhadores”.
VEJA VÍDEOS EM QUE APRÍGIO ATACA ‘CONFISCO’ E É ALVO DE PROTESTO APÓS ELEVAR CONTRIBUIÇÃO A 14%