Sob Ney, profissionais da OS alvo da Polícia Federal não recebem salário de novo

Especial para o VERBO ONLINE

Moradores aguardam atendimento no PS Central e na UPA de Embu cheios, com poucos médicos; profissionais enfrentam novo atraso de salário | Gabriel Binho

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Em novo capítulo do “descaso” na saúde de Embu das Artes, médicos e profissionais de enfermagem que trabalham nos três serviços de emergência da cidade – Pronto-Socorro Central, Hospital Leito do Vazame e UPA Santo Eduardo – ainda não receberam o salário referente a abril, em mais um atraso no pagamento. A AMG, gestora das unidades, “cada hora fala uma data”. O governo Ney Santos (Republicanos) faz “jogo de empurra”.

Os funcionários terceirizados deveriam ter recebido na sexta-feira (7). Com os contratados sem pagamento, a população corre o risco de ter o serviço interrompido. Em situação recorrente, uma enfermeira procurou o VERBO para pedir ajuda contra o “desrespeito”. “Queria fazer uma denúncia para vocês. O pessoal da saúde está sem receber e ninguém dá uma posição, nem a AMG, a terceirizada, nem a prefeitura”, disse a profissional.

“A gente liga na prefeitura, ficam mandando de um lado para o outro. Consegui falar na AMG, mas disseram que não tem previsão. Cada hora falam uma data”, disse outra contratada, indignada com a falta de profissionalismo inclusive com a linha de frente que atende pacientes com covid-19, no Vazame e no Santo Eduardo. Indagada pela reportagem sobre o número de funcionários sem receber, ela disse: “Todos da AMG, das três unidades”.

O atraso no pagamento já é tratada pelos terceirizados como “novela”, de tanto que é recorrente. Em julho e setembro do ano passado e já em janeiro passado, o problema se repetiu, como mostrou este portal. “Fica um jogo de empurra, a empresa diz que não foi feito o repasse, a prefeitura diz que foi feito”, protestou uma contratada. “Quando vamos receber o pagamento? Porque até agora nada, né?”, cobrou uma funcionária diretamente a Ney.

Uma profissional contou à reportagem que passou “sufoco” outras vezes por não receber em dia. “Desde que o hospital de campanha fechou”, disse, ao se referir à “tenda de covid” no parque Francisco Rizzo (centro) que funcionou até julho de 2020. “Só que está pior. Agora não tem previsão [de pagamento]. Só vim trabalhar pelos pacientes. Eles acham que a gente não come, que não temos conta para pagar, filhos”, completou, nesta quarta.

A má gestão seria só a ponta do iceberg do caos na saúde de Embu no governo Ney. Sob a gestão da AMG, em apenas três anos, cerca de cinco pacientes morreram sob negligência após atendimento em unidades municipais. Se não bastasse, a AMG é investigada por fraude pela Polícia Federal, que identificou que a empresa não tem capacidade técnica para gerir serviços de saúde – a OS tem como dono um jovem recém-formado em veterinária.

OUTRO LADO
Questionada pelo VERBO sobre o atraso, a secretária Thais Miana (Saúde) disse que o governo fez o repasse à AMG. “Na segunda-feira iniciou um administrador judicial nomeado pela Justiça Federal para gerir a AMG e todos seus contratos. A prefeitura iria realizar o pagamento direto aos funcionários, mas, por decisão do administrador judicial, encaminhou os valores para pagamento da folha de pagamento e médicos para a conta da AMG”, disse.

“E desde ontem ele está quitando o salário dos funcionários”, afirmou Thais. Ela disse que cabe à AMG informar quando todos os profissionais que contratou receberão o pagamento. “A prefeitura era responsável pelo encaminhamento do financeiro, e o realizou no montante que foi solicitado pelo administrador judicial”, disse. Indagada sobre o valor, a secretária respondeu: “Mais de R$ 3,5 milhões”. Procurada, a AMG não respondeu.

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