RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Sob o governo Aprígio (Podemos), Taboão da Serra registrou mais sete mortes por covid-19 em 24 horas e passou a somar 584 no total, na sexta-feira (23). Na quinta (22), com o relato de 11 óbitos, o município já tinha notificado 91 vítimas desde o dia 1º e feito de abril o mês mais letal desde o início da pandemia. Com as novas baixas, Taboão registra em abril 98 vidas perdidas para o coronavírus, já 18% a mais do que em março, antes o mais mortal.
No governo Fernando Fernandes (PSDB), mesmo com o vírus desconhecido, grau de consciência sobre a gravidade da doença menor, uso não disseminado de máscaras e ainda sem vacina, Taboão não registrou tantas mortes pela covid-19 como agora. Até então, tinha como mês mais letal junho – registro de 77 mortes. Sob a gestão Aprígio, teve março mais mortal e agora bate novo recorde negativo quando ainda faltam quatro dias para acabar o mês.
Aliás, Taboão pode já ter registrado mais mortes neste mês no sábado e neste domingo, mas os moradores não têm acesso. O governo Aprígio omitiu boletim da covid-19 pelo quinto fim de semana seguido, após prometer que seria diário. A gestão tem a mesma conduta de quando escondeu as mortes no colapso da UPA Akira Tada, quando do dia 5 a 8 de março 11 pacientes morreram na unidade – a população só teve a informação na segunda-feira.
Somente depois da repercussão negativa na cidade das mortes em série na UPA naquele fatídico fim de semana, a gestão Aprígio passou a emitir boletim diário das internações, mas referente à unidade, sem informar o registro de óbitos de moradores em outras unidades de saúde na própria cidade e fora e mesmo na UPA, com a confirmação da covid-19 como causa. Das 584 mortes, Taboão já registrou 228 neste ano, sob a nova gestão (39% do total).
O drama da pandemia em Taboão se deve principalmente ao colapso na UPA, com superlotação e mortes praticamente diárias na unidade. De 5 de março até este domingo, em 52 dias, 73 pessoas morreram na UPA sem atendimento de UTI (média de 1,40), quase três mortes a cada dois. O governo Aprígio diz que são 50 óbitos, por ter incluído as vítimas na fila por leito intensivo. Mas os pacientes poderiam ter resistido com UTI à disposição.
Taboão é o primeira cidade no Estado de São Paulo a registrar morte de pacientes à espera de UTI, naquele 5 de março, quando quatro internados que estavam com pedido de transferência à central estadual de vagas (Cross) morreram. Mas o dia mais doloroso ainda viria. No domingo 12 de abril, seis pacientes agonizaram até a morte, com os familiares implorando um leito de UTI, em vão. Dois dias depois, o governo Aprígio disse que “zerou a fila”.
As sete últimas vítimas registradas entre moradores de Taboão (sexo, idade, comorbidades, local de óbito) são:
– 578ª – mulher, 63 anos, sem comorbidades – Hospital Tide Setúbal (óbito em 12/4);
– 579ª – homem, 63 anos, diabetes – Hospital Next Butantã (óbito em 11/4);
– 580ª – mulher, 71 anos, cardiopatia e hipertensão – Hospital das Clínicas/Incor (óbito em 5/4);
– 581ª – mulher, 67 anos, diabetes e cardiopatia – Hospital das Clínicas (óbito em 11/4);
– 582ª – mulher, 80 anos, diabetes – Hospital Emílio Ribas (óbito em 5/4);
– 583ª – homem, 73 anos, hipertensão – UPA Akita Tada (óbito em 3/4);
– 584ª – homem, 66 anos, diabetes – UPA Akita Tada (óbito em 19/4).
De 583 vítimas (a 340ª não teve perfil relatado), Taboão registra a morte por covid-19 de 326 homens e 257 mulheres – 60 a 69 anos (176), 70 a 79 (152), 80 ou mais (85), 50 a 59 (86), 40 a 49 (50), 30 a 39 (19), 20 a 29 (sete), 0 a 9 (seis) e 10 a 19 (duas). O município registra 198,87 óbitos pelo coronavírus por 100 mil habitantes, a mais alta taxa de mortalidade da região (oito cidades) – a segunda maior é de 190,84 (Cotia). Na sexta, os casos eram 13.609.
Conforme o boletim deste domingo, a UPA está com 34 pacientes internados, 30 em leitos de enfermaria e quatro na emergência, nenhum intubado. Quatro tiveram alta. Neste dia 25, sete pacientes foram transferidos a hospitais com UTI via Cross. Dois aguardam na fila. A UPA não teve morte neste domingo. Porém, na sexta-feira, um homem de 71 anos morreu na unidade após chegar com parada cardiorrespiratória, diz o governo – a 73ª vítima sem UTI.