ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Sob o governo Aprígio (Podemos), Taboão da Serra bateu novo recorde negativo e já tem abril como o mais letal pela covid-19 desde o início da pandemia, quando ainda falta uma semana para acabar o mês. Março passado era o mais mortal, com o registro de 83 mortes. Nesta quinta-feira (22), o município relatou mais 11 óbitos e passou a notificar 91 vítimas em abril. No total, Taboão soma 577 mortes pela doença, 221 somente na atual gestão (38%).
A covid-19 ficou tão fora de controle na gestão Aprígio que as 83 mortes em um mês já eram 8% maior que o então período mais letal, em junho de 2020, quando Taboão registrou 77 óbitos. Agora, o novo mês mais mortal é 10% acima da marca de março, quando 30 de abril é só no fim da semana que vem. Na metade de abril, o VERBO já alertava que a cidade avançava para ter o mês com mais registro de mortes, diante da marcha do coronavírus.
O drama da pandemia em Taboão se deve principalmente ao colapso na UPA Akira Tada, com superlotação e mortes praticamente diárias na unidade sem UTI aos pacientes. De 5 de março até esta quinta-feira, em 49 dias, 72 pessoas morreram na UPA sem atendimento de terapia intensiva (média de 1,46), o equivalente a três mortes a cada dois – o governo Aprígio diz que são 50 óbitos, por ter incluído as cinco dezenas de vítimas na fila por UTI.
Taboão é o primeiro municipio no Estado de São Paulo a registrar morte de pacientes à espera de UTI, no dia 5 de março, quando teve quatro óbitos de internados que estavam com pedido de transferência à central estadual de vagas (Cross). Mas o dia mais doloroso às famílias taboanenses ainda estava por vir. No domingo retrasado (12), seis pacientes agonizaram até a morte, com parentes implorando por transferência a um leito de UTI – em vão.
Apesar da tragédia sem precedentes na história de Taboão, o governo Aprígio demonstra tratar cada vítima como um número. Dois dias após os seis moradores morrerem na UPA sem UTI – 14 naquela semana -, o governo disse que “zerou a fila”. Famílias como a de Raimundo Moura receberam a fala como deboche. O munícipe de apenas 50 anos morreu três dias depois de intubado, apesar de a gestão prometer à família “prioridade” na transferência.
Leito de UTI é ofertado pelo Estado, mas as cidades podem criar ou exigir vagas. No dia 10 de março, Aprígio teve a oportunidade de cobrar do governo João Doria (PSDB) UTI para Taboão, mas se recusou a participar de reunião por “picuinha política”, ao ver na sala o ex-prefeito Fernando Fernandes (PSDB). Desde então, ele se limita a esperar vaga – “assiste” às mortes. Com 100 dias de governo, diz “Taboão melhor a cada dia”, com 72 óbitos na UPA.
Na pandemia inteira em 2020, a UPA teve 44 mortes. Aberto por cinco meses, nem mesmo o hospital de campanha registrou tantas mortes como a UPA em cerca de 50 dias – foram três. O hospital foi instalado quando Taboão tinha cinco mortes. Fernando ia às redes sociais toda semana alertar a população sobre o avanço da doença, além de outras ações. Aprígio silencia. Apenas na sexta passada iniciou a desinfecção de vias públicas – só após cobranças.